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Manifestantes atiram fezes contra soldados na Venezuela

Muitos carregavam pedras e os chamados "coquetéis cocotovs" - frascos cheios de fezes - que jogavam quando tropas bloqueavam o caminho

Manifestantes jogam fezes contra soldados: "Esses jovens vivem em uma ditadura, não têm outra opção senão protestar como quiserem" (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
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Reuters

Publicado em 10 de maio de 2017 às 20h03.

Última atualização em 12 de maio de 2017 às 13h49.

Caracas - Jovens manifestantes venezuelanos lançaram garrafas e sacos com fezes contra soldados, que responderam com gás lacrimogêneo, nesta quarta-feira, para bloquear a mais recente marcha em mais de um mês de protestos contra o presidente Nicolás Maduro .

As cenas impressionantes, naquela que foi apelidada de "Marcha da Merda" na principal via de Caracas, ocorreram quando milhares de partidários da oposição voltaram às ruas para denunciar a crise econômica e exigir eleições.

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"Esses jovens vivem em uma ditadura, não têm outra opção senão protestar como quiserem", disse Maria Montilla, de 49 anos, atrás de filas de jovens com máscaras, estilingues e escudos de madeira improvisados.

Muitos carregavam pedras e os chamados "coquetéis cocotovs" - frascos cheios de fezes - que jogavam quando tropas da Guarda Nacional bloqueavam o caminho, disparavam gás e canhões de água na multidão.

"Não há nada de explosivo aqui, é nossa maneira de dizer 'cai fora Maduro, você é inútil!'", disse um jovem manifestante, que pediu para não ser identificado, ao atirar frascos de fezes.

O caos de quarta-feira em Caracas fez outra vítima. Miguel Castillo, de 27 anos, foi morto durante os protestos, disse a promotoria, sem dar mais detalhes.

Com agitações em várias partes da Venezuela, houve também outra morte na cidade andina de Mérida. O

mototaxista Anderson Dugarte, de 32 anos, morreu na quarta-feira depois de ter sido baleado em um protesto, afirmou a promotoria. A mídia local disse que ele foi baleado na cabeça.

Pelo menos 39 pessoas morreram desde o início das manifestações em abril, incluindo manifestantes, simpatizantes do governo, observadores e forças de segurança. Centenas também foram feridas e presas.

Maduro diz que os adversários estão buscando um golpe com o apoio dos Estados Unidos.

A oposição, que goza de apoio majoritário depois de anos à sombra do Partido Socialista, diz que as autoridades estão negando uma solução para a crise venezuelana, ao frustrar um referendo, adiar as eleições locais e se recusar a antecipar a eleição presidencial de 2018.

Eles estão tentando variar táticas para manter o ímpeto e os manifestantes energizados.

O governo acusou a oposição de violar tratados internacionais sobre armas biológicas e químicas ao lançar fezes contra as forças de segurança.

A oposição rejeitou a iniciativa do presidente Maduro de convocar uma assembleia para introduzir alterações à Constituição, como uma maneira de resolver a crise política, e exige a convocação de eleições gerais.

O governo socialista disse, entretanto, que as ações de rua da oposição só buscam criar o caos para finalmente derrubá-lo e ordenou que sejam julgados em tribunais militares os manifestantes civis detidos.

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