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Maior crise política em 25 anos assombra a economia de Hong Kong

Protestos pró-democracia e as turbulências políticas estão pressionando o governo de Hong Kong e, principalmente, Pequim

Manifestantes pró-democracia em Hong Kong: turbulências políticas e cenário externo pressionam o desempenho econômico da cidade (Aly Song/Reuters)

Gabriela Ruic

Publicado em 19 de agosto de 2019 às 15h45.

Última atualização em 26 de agosto de 2019 às 11h10.

São Paulo – A crise política que está abalando Hong Kong , a maior desde a devolução da cidade à China pelo Reino Unido em 1997, acertou em cheio a sua economia. Um dos principais hubs financeiros da Ásia, Hong Kong deve entrar em recessão técnica no próximo trimestre e registrar um crescimento de 0,6% em 2019, muito aquém dos 3% registrados em 2018.

As análises são da Oxford Economics, divulgadas nesta segunda-feira. A consultoria lembra que o ritmo de crescimento de Hong Kong começou a dar sinais de lentidão no ano passado, em razão da guerra comercial entre Estados Unidos e China, com quem a cidade é integrada econômica e políticamente. Com as turbulências políticas recentes, o cenário está ainda mais obscuro.

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Vale lembrar que o peso da capitalista Hong Kong para a China não é desprezível, ainda mais num momento no qual o país enfrenta a desaceleração da sua economia e sofre as consequências da guerra comercial. E stimativas mostram que a cidade corresponde a 3% do PIB chinês e que 60% dos investimentos estrangeiros na China passem por seu centro financeiro.

Desde junho de 2019, manifestantes estão nas ruas em razão de uma lei de extradição que permitiria extradição para a China continental. Neste final de semana, as ruas de Hong Kong voltaram a ser ocupadas pelo movimento pró-democracia e estima-se que cerca de 1,7 milhão de pessoas participaram dos atos.

Especialista avaliam que não existe a perspectiva de que os protestos em Hong Kongirão cessar tão logo e a expectativa é a de que os manifestantes continuem nas ruas no restante de 2019. Isso aumenta a pressão tanto sobre a economia, quanto sobre Pequim, cuja reação é imprevisível.

Ao todo, já são onze semanas de atos que agora passaram a incluir exigência de eleições livres e o fim da interferência do governo chinês. O chefe do Executivo de Hong Kong é definido por um órgão pró-Pequim, apesar de a Lei Básica, espécie de Constituição local, prever que a eleição do líder deveria acontecer de maneira democrática.

Confrontos violentos com a polícia se tornaram frequentes e há notícias de que a China enviou tropas e blindados para regiões próximas da cidade, aumentando o temor de uma escalada na tensão. Durante um dos atos passados, o aeroporto de Hong Kong foi ocupado por uma multidão, obrigando o seu fechamento e o cancelamento de centenas de voos.

Segundo a Oxford, a nova onda de protestos traz impactos econômicos maiores que os observados em 2014, outro momento em que os manifestantes pró-democracia foram às ruas protestar por eleições livres em Hong Kong.

Na ocasião, contudo, a cidade crescia em um ritmo positivo e não era ameaçada pelo cenário externo.  Meses depois, o movimento se dissipou. A dúvida, agora, é se aguentará tempo suficiente para convencer a China a conceder o sonhado sufrágio universal.

 

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