Maduro: o jornal também assinalou que Maduro "obviamente carente de carisma, vai aos extremos para se vincular com seu mentor, mas isso não é uma surpresa" (Tomas Bravo/Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de abril de 2013 às 13h39.
Washington - O presidente encarregado da Venezuela, Nicolás Maduro, "poderia lamentar sua vitória" nas eleições do domingo próximo ao ter que lidar com o preocupante legado deixado por Hugo Chávez, informou nesta sexta-feira o jornal "The Washington Post".
Em seu editorial, o jornal americano destaca que as eleições venezuelanas não contarão com a presença de observadores eleitorais da União Europeia, nem da Organização dos Estados Americanos (OEA), e acrescenta que "não é uma surpresa que as enquetes mostrem que Maduro ganhará esta disputa".
"E se, por acaso, não ganhar? É pouco provável que o regime aceitará o resultado", acrescentou o editorial, que completou: "Recentemente, o próprio Maduro declarou que a resposta seria 'um levantamento popular'".
"No entanto, Maduro poderia chegar a lamentar sua vitória", advertiu o "Washington Post".
"Chávez deixou um desastre extraordinário que inclui uma inflação galopante, a escassez grave de energia e bens de consumo e uma das taxas de homicídios mais altas do mundo", completou o jornal.
"As exportações de petróleo, que mantiveram o país flutuando, também estão diminuindo. Provavelmente, nem o próprio Chávez poderia ter assegurado a tolerância dos pobres do país pela dura situação econômico que se aproxima. E Maduro, seguramente, não a terá", indicou.
O "Washington Post" também assinalou que Maduro, um ex-motorista de ônibus, de 50 anos de idade, "obviamente carente de carisma, vai aos extremos para se vincular com seu mentor, mas isso não é uma surpresa".
"Também não é uma surpresa, infelizmente, a forma como o Governo maneja a eleição. Em violação da constituição venezuelana, Maduro se declarou presidente após a morte de Chávez, assumindo vastos poderes sobre os meios de comunicação do Estado", acrescentou.
Maduro "ordena regularmente cadeias nacionais de televisão nas quais ele promete que resolverá os enormes problemas do país e também lança agressões contra o dirigente opositor Henrique Capriles", indicou o jornal americano.
De acordo com a publicação, as forças armadas e a empresa estatal petrolífera, as duas maiores instituições da Venezuela, se mobilizaram descaradamente em apoio de Maduro.
Por outro lado, "a campanha de Capriles segue com quatro minutos de difusão diária nos múltiplos canais da televisão estatal, sendo que seus representantes tiveram negado o acesso ao centro de apuração de votos na noite da eleição", concluiu o "Washington Post".