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Maduro imita Chávez para forjar liderança na Venezuela

Enquanto se agrava o estado de saúde do presidente, doente de câncer e com uma severa infecção respiratória, Maduro se parece cada vez mais com seu mentor

Nicolás Maduro: o radicalismo crescente contrasta com as expectativas depositadas sobre o vice, que era visto como uma figura moderada que aperfeiçoou seu tato diplomático (Leo Ramirez/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 5 de março de 2013 às 12h43.

Caracas - Ele acusa seu rival de ser o "príncipe decadente da burguesia parasitária", fala durante horas na televisão oficial, e encerra seus discursos com um "Viva a revolução!". Mas não se trata do presidente Hugo Chávez , e sim de seu herdeiro político e vice-presidente, Nicolás Maduro, que comanda nos últimos meses a Venezuela.

Enquanto se agrava o estado de saúde do presidente, doente de câncer e com uma severa infecção respiratória, Maduro se parece cada vez mais com seu mentor, mostrando um lado radical em suas crescentes aparições públicas.

"Isso, nossos compatriotas, nós juramos: não haverá burguês nem burguesinho que voltará a 'f*' com o povo", afirmou o vice-presidente durante uma manifestação na semana passada.

Esta atitude contrasta com algumas expectativas depositadas sobre este ex-motorista de ônibus, ex-sindicalista e ex-deputado de ombros largos e bigode espesso, que era visto como uma figura moderada que aperfeiçoou seu tato diplomático como chanceler (2006-2012) da Venezuela.

"É uma tática dura de radicalização e de aterrorização de seus adversários internos e externos que Maduro utiliza para consolidar sua força", disse à AFP Luis Vicente León, diretor da empresa de pesquisas Datanálisis.

"A razão fundamental é que é preciso preencher um vazio. Em um curto prazo é importante evitar que adversários internos e externos se aproveitem da ausência de Chávez para tentar um desequilíbrio", acrescentou o analista.

Maduro, de 50 anos, agora é visto com frequência nos meios de comunicação oficiais em trabalhos de governo depois que Chávez foi submetido a sua quarta operação contra o câncer no dia 11 de dezembro.


Mas também lançou ataques à oposição, com ácidos comentários contra o governador do Estado Miranda (norte), Henrique Capriles, dez anos mais novo que ele, que perdeu para Chávez nas eleições de outubro e que aparece como o mais provável opositor em eleições adiantadas que se mostram cada vez mais certas, diante do agravamento do estado de saúde do presidente.

Acusou Capriles de conspirar contra a Venezuela durante uma viagem que fez no fim de semana aos Estados Unidos, e inclusive o advertiu de que estava sendo vigiado, a ponto de revelar o endereço do apartamento em Nova York onde o líder opositor se hospedou.

"O príncipe decadente desta burguesia parasitária foi a Miami e dali passou a Nova York, quero ver ele me desmentir. Eu o desafio a me desmentir", disse Maduro. Capriles respondeu com uma foto no Twitter mostrando que visitava seus sobrinhos.

Foi o tipo de teatro político desenvolvido por Chávez, que em 2009 utilizou seu púlpito televisivo para pedir a prisão de uma juíza, a quem acusou de corrupção.

Mas, para o assessor político Farith Fraija, a mensagem de Maduro não mudou desde seus dias como parlamentar e chanceler.

"Embora eu não esteja de acordo que é da ala radical, se o identificam com a ala radical é porque o discurso sempre foi assim (...) Sempre esteve perto de Chávez", disse Fraija à AFP.

Enquanto Maduro e Capriles esquentam a campanha eleitoral, surgem cada vez mais dúvidas sobre as afirmações do governo de que as rédeas do poder seguem nas mãos de Chávez, de 58 anos.

Nas ruas de Caracas, muitos chavistas afirmam que Chávez, que forjou um vínculo profundo com os mais pobres com seu carisma e discursos explosivos, é o tipo de líder que só aparece uma vez na vida, embora reconheçam que Maduro faz um bom trabalho e votariam por ele se fossem convocadas eleições.


"Nunca vi um presidente como este. É o único que deu poder ao povo", disse Jesús Toledo, um aposentado de 62 anos na Esquina Caliente da Praça Bolívar, um ponto habitual de reunião entre chavistas.

"Estou com Maduro. Chávez disse de forma bem clara: 'apóiem Maduro'", afirmou.

Seus críticos advertem que Maduro lidera um governo ilegítimo, depois que Chávez, reeleito em outubro para um terceiro período de seis anos, não participou de sua posse no dia 10 de janeiro, embora o Supremo Tribunal de Justiça tenha autorizado o adiamento do juramento.

"É uma imitação ruim de Chávez", afirmou Amanda Escalante, uma ex-trabalhadora parlamentar de 61 anos que se uniu a centenas de opositores no domingo em uma marcha por Caracas para exigir que o governo revele mais detalhes sobre a saúde do presidente deste país com as maiores reservas de petróleo do mundo.

O jornal El Nacional publicou em um editorial que Maduro colocará em risco a oportunidade histórica de unir o país se não se distanciar dos chavistas da ala radical.

O vice-presidente, afirmou esta publicação opositora ao governo, parece o homem adequado para "concluir a já inevitável transição em direção a um novo esquema político mais amplo e tolerante".

"Mas Maduro, por ser novato, por escassa formação política e ideológica ou por ser fraco e tímido, saiu à arena para provar que é o touro que mais manda dentro da manada e foi ridicularizado em rede nacional", concluiu.

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Caracas - Ele acusa seu rival de ser o "príncipe decadente da burguesia parasitária", fala durante horas na televisão oficial, e encerra seus discursos com um "Viva a revolução!". Mas não se trata do presidente Hugo Chávez , e sim de seu herdeiro político e vice-presidente, Nicolás Maduro, que comanda nos últimos meses a Venezuela.

Enquanto se agrava o estado de saúde do presidente, doente de câncer e com uma severa infecção respiratória, Maduro se parece cada vez mais com seu mentor, mostrando um lado radical em suas crescentes aparições públicas.

"Isso, nossos compatriotas, nós juramos: não haverá burguês nem burguesinho que voltará a 'f*' com o povo", afirmou o vice-presidente durante uma manifestação na semana passada.

Esta atitude contrasta com algumas expectativas depositadas sobre este ex-motorista de ônibus, ex-sindicalista e ex-deputado de ombros largos e bigode espesso, que era visto como uma figura moderada que aperfeiçoou seu tato diplomático como chanceler (2006-2012) da Venezuela.

"É uma tática dura de radicalização e de aterrorização de seus adversários internos e externos que Maduro utiliza para consolidar sua força", disse à AFP Luis Vicente León, diretor da empresa de pesquisas Datanálisis.

"A razão fundamental é que é preciso preencher um vazio. Em um curto prazo é importante evitar que adversários internos e externos se aproveitem da ausência de Chávez para tentar um desequilíbrio", acrescentou o analista.

Maduro, de 50 anos, agora é visto com frequência nos meios de comunicação oficiais em trabalhos de governo depois que Chávez foi submetido a sua quarta operação contra o câncer no dia 11 de dezembro.


Mas também lançou ataques à oposição, com ácidos comentários contra o governador do Estado Miranda (norte), Henrique Capriles, dez anos mais novo que ele, que perdeu para Chávez nas eleições de outubro e que aparece como o mais provável opositor em eleições adiantadas que se mostram cada vez mais certas, diante do agravamento do estado de saúde do presidente.

Acusou Capriles de conspirar contra a Venezuela durante uma viagem que fez no fim de semana aos Estados Unidos, e inclusive o advertiu de que estava sendo vigiado, a ponto de revelar o endereço do apartamento em Nova York onde o líder opositor se hospedou.

"O príncipe decadente desta burguesia parasitária foi a Miami e dali passou a Nova York, quero ver ele me desmentir. Eu o desafio a me desmentir", disse Maduro. Capriles respondeu com uma foto no Twitter mostrando que visitava seus sobrinhos.

Foi o tipo de teatro político desenvolvido por Chávez, que em 2009 utilizou seu púlpito televisivo para pedir a prisão de uma juíza, a quem acusou de corrupção.

Mas, para o assessor político Farith Fraija, a mensagem de Maduro não mudou desde seus dias como parlamentar e chanceler.

"Embora eu não esteja de acordo que é da ala radical, se o identificam com a ala radical é porque o discurso sempre foi assim (...) Sempre esteve perto de Chávez", disse Fraija à AFP.

Enquanto Maduro e Capriles esquentam a campanha eleitoral, surgem cada vez mais dúvidas sobre as afirmações do governo de que as rédeas do poder seguem nas mãos de Chávez, de 58 anos.

Nas ruas de Caracas, muitos chavistas afirmam que Chávez, que forjou um vínculo profundo com os mais pobres com seu carisma e discursos explosivos, é o tipo de líder que só aparece uma vez na vida, embora reconheçam que Maduro faz um bom trabalho e votariam por ele se fossem convocadas eleições.


"Nunca vi um presidente como este. É o único que deu poder ao povo", disse Jesús Toledo, um aposentado de 62 anos na Esquina Caliente da Praça Bolívar, um ponto habitual de reunião entre chavistas.

"Estou com Maduro. Chávez disse de forma bem clara: 'apóiem Maduro'", afirmou.

Seus críticos advertem que Maduro lidera um governo ilegítimo, depois que Chávez, reeleito em outubro para um terceiro período de seis anos, não participou de sua posse no dia 10 de janeiro, embora o Supremo Tribunal de Justiça tenha autorizado o adiamento do juramento.

"É uma imitação ruim de Chávez", afirmou Amanda Escalante, uma ex-trabalhadora parlamentar de 61 anos que se uniu a centenas de opositores no domingo em uma marcha por Caracas para exigir que o governo revele mais detalhes sobre a saúde do presidente deste país com as maiores reservas de petróleo do mundo.

O jornal El Nacional publicou em um editorial que Maduro colocará em risco a oportunidade histórica de unir o país se não se distanciar dos chavistas da ala radical.

O vice-presidente, afirmou esta publicação opositora ao governo, parece o homem adequado para "concluir a já inevitável transição em direção a um novo esquema político mais amplo e tolerante".

"Mas Maduro, por ser novato, por escassa formação política e ideológica ou por ser fraco e tímido, saiu à arena para provar que é o touro que mais manda dentro da manada e foi ridicularizado em rede nacional", concluiu.

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