Livro escolar com conteúdo mais fácil para meninas gera polêmica
As atividades para meninas eram simples e envolviam trabalhos domésticos; as atividades para meninos eram mais complexas e envolviam atividades ao ar livre
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de agosto de 2017 às 16h36.
Última atualização em 24 de agosto de 2017 às 16h49.
Um livro escolar está causando polêmica na internet desde a última quarta-feira, 23. Imagens da publicação Bloco de Atividade, da editora portuguesa Porto, causaram revolta ao mostrar versões diferentes de atividades para meninos e para meninas .
Os problemas já começam na capa da publicação, que utiliza a cor azul para a edição dos garotos e rosa para as garotas.
Organizações de igualdade de gênero começaram a folhear os livros e descobriram outras discrepâncias entre as edições: as atividades do livro dos meninos eram geralmente mais complexas e envolviam atividades ao ar livre enquanto no das meninas os exercícios eram de dificuldade muito inferior e a temática era de trabalhos domésticos como limpeza e passar roupas.
Veja:
As reclamações chegaram até a Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Gênero, um órgão ligado ao poder Executivo de Portugal, que lançou comunicado recomendando a retirada dos livros das lojas.
"Esta editora, ao optar por lançar duas publicações com atividades que diferenciam cores, temas e grau de dificuldade para meninos e meninas acentua estereótipos de gênero que estão na base de desigualdades profundas dos papéis sociais das mulheres e dos homens", justifica a comissão ao tentar impedir a circulação dos livros.
A editora se defendeu, dizendo que as publicações não têm caráter discriminatório.
"Estas edições, publicadas em julho de 2016, têm como objetivo desenvolver determinadas competências essenciais em idade pré-escolar, nomeadamente a atenção e a concentração. Foram concebidas com cuidado editorial e pedagógico, apresentando um trabalho gráfico que procura envolver e motivar os mais novos a adquirir e consolidar as aprendizagens", disseram.
A editora afirmou, ainda, que as imagens que circulam na internet não mostram atividades mais "complexas" oferecidas às meninas.