Líderes do G20 enfrentam em Roma pressão por sinal claro sobre o clima
Assunto será o protagoniza da pauta da cúpula do G20, que acontece até domingo (31) na Cidade Eterna e que também tratará do combate à covid-19
AFP
Publicado em 30 de outubro de 2021 às 09h51.
Os líderes das 20 maiores economias do planeta iniciaram, neste sábado (30), em Roma, sua primeira cúpula presencial desde o surgimento do coronavírus, sob pressão por um forte sinal contra o aquecimento global às vésperas da COP26 em Glasgow.
"Ainda temos tempo para colocar as coisas de volta nos trilhos e esta reunião do G20 é uma oportunidade", declarou ontem o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, alertando para o "sério risco" de um fracasso da conferência que será realizada na Escócia.
Esta manhã, os líderes mundiais começaram a chegar ao centro de congressos onde acontece o encontro dos líderes das 20 nações, e foram recebidos pelo primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, para a cúpula que começou formalmente ao meio-dia.
Entre os presentes no bairro idealizado pelo ditador Benito Mussolini no início do século XX, está o presidente argentino Alberto Fernández, que se reunirá à tarde com Kristalina Georgieva, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) em plena renegociação da dívida.
"Se ainda não concluímos um acordo [com o FMI] é porque não vamos nos ajoelhar", disse Fernández, que, junto com o brasileiro Jair Bolsonaro, são os únicos líderes da América Latina em Roma, na ausência do mexicano Andrés Manuel López Obrador.
AMLO não é o único. O presidente chinês Xi Jinping, o russo Vladimir Putin e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, participam por videoconferência do encontro com os líderes dos Estados Unidos, Europa e Índia, entre outros.
Para garantir a segurança e face às diversas manifestações convocadas para este sábado (sindicatos, extrema-esquerda, Fridays for Future), foram mobilizados 5 mil membros das forças da ordem e helicópteros e drones sobrevoam a capital italiana.
Aumentar a ambição climática?
O clima será o protagoniza da pauta da cúpula do G20, que acontece até domingo (31) na Cidade Eterna e que também tratará do combate à covid-19, embora as discussões sejam mantidas abertas.
"Existem dois debates paralelos: Devemos aumentar a nossa ambição comum ao nível do G20, reforçando os objetivos da neutralidade climática (...)? E quais são os objetivos concretos?", afirmou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, comentou no caminho para o G20 que não vão impedir "a mudança climática, nem em Roma nem na reunião da COP" em Glasgow. "O máximo que podemos esperar é desacelerar o aumento" das temperaturas.
Em Paris, em 2015, a comunidade internacional se comprometeu a se esforçar para limitar o aquecimento global a +1,5°C em comparação com a era pré-industrial e, na Escócia, deve agora definir o cronograma de ações de médio prazo, como a redução das emissões de gases poluentes.
Apesar das expectativas, não são esperados grandes avanços nos temas do encontro, além da ratificação pelos líderes do pacto alcançado há semanas para a aplicação de um imposto corporativo mundial de 15% a partir de 2023.
133 contra 4
Os efeitos devastadores do coronavírus também estarão no cardápio da reunião deste fim de semana em Roma, assim como a dívida dos países mais pobres, que exigem, por sua vez, que os países desenvolvidos parem de acumular as vacinas anticovid.
"Nos países de alta renda, 133 doses da vacina anticovid foram administradas para cada 100 pessoas, enquanto nos países de baixa renda 4 doses foram administradas para cada 100", denunciaram várias organizações da ONU na sexta-feira, incluindo a da Saúde (OMS).
No início de setembro, o mecanismo de financiamento internacional Covax, promovido pela OMS entre outros, revisou para baixo suas projeções de doses em 2021, para 1,4 bilhão. A meta inicial de 2 bilhões deve agora ser alcançada no primeiro trimestre de 2022.
Depois de uma prévia da sexta-feira marcada pela diplomacia do papa Francisco e do primeiro encontro presencial entre os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da França, Emmanuel Macron, após a crise dos submarinos, os encontros bilaterais continuam.
O pontífice argentino se encontrou pela primeira vez neste sábado com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que o convidou a visitar seu país, em um momento de crescente violência contra as minorias religiosas neste país de maioria hindu.
Os líderes das potências europeias que participaram do acordo nuclear com o Irã em 2015 - França, Reino Unido e Alemanha - devem tratar de sua reativação com Biden. No domingo, Macron e Johnson devem abordar a crise da pesca no Canal da Mancha.