Manifestantes se reunem em praça da capital de Burkina Fasso, Ouagadougou (Joe Penney/Reuters)
Da Redação
Publicado em 6 de novembro de 2014 às 07h40.
Ouagadogou - Os líderes dos partidos políticos de Burkina Faso chegaram a um acordo, durante a madrugada desta quinta-feira, para a formação de um governo de transição e para a realização de eleições gerais em novembro de 2015, segundo um comunicado emitido ao final da reunião.
No entanto, o encontro, que aconteceu na capital Ouagadougou, terminou sem que alguém fosse nomeado para liderar o Executivo, que não deverá permanecer no poder por mais de um ano, segundo o pacto.
A negociação foi promovida pelos presidentes de Gana, John Dramani Mahama, Senegal, Macky Sall, e Nigéria, Goodluck Jonathan, que estão no país como mediadores da Cedeao (Comunidade Econômica dos Estados de África Ocidental).
O pacto também estabelece o "cancelamento imediato da suspensão" da Constituição e a nomeação de uma personalidade civil para liderar a transição.
Em relação à designação de um novo presidente, Mahama garantiu que a delegação da Cedeao não veio até Burkina Faso para impor o nome do próximo líder.
"É o povo de Burkina Faso que vai escolher essa pessoa", acrescentou o presidente ganês.
Por sua vez, o líder da oposição política, Ceferino Diabré, disse que estava satisfeito com o método utilizado pelos chefes de Estado da Cedeao, e a compreensão que mostraram em relação à situação no país.
Horas antes, os presidentes de Gana, Nigéria e Senegal tiveram uma rodada de negociações com o chefe de Estado de Burkina Faso, o tenente-coronel Isaac Zida, para estabelecer os fundamentos de um governo civil de transição.
Agora, a delegação da Cedeao viajará para Gana para participar amanhã de uma cúpula extraordinária na qual os chefes de Estado tratarão a crise em Burkina Faso.
"Vamos voltar a Acra (capital de Gana) para informar à cúpula da Cedeao, que será realizada amanhã, sobre os resultados de nossa visita", explicou Mahama.
Além disso, confirmou que as delegações da ONU, da União Africana (UA) e da Cedeao voltarão a Burkina Faso, depois da cúpula, para trabalhar "até alcançarmos os passos estabelecidos no acordo".
Os dirigentes sociais e políticos chegaram a um acordo depois que o presidente Blaise Compaoré renunciou na semana passada, que ficou por 27 anos no poder, após enormes e violentos protestos populares.
Na segunda-feira, a União Africana deu um prazo de duas semanas para que os militares entregassem o poder para um governo civil. Caso não o façam, estarão sujeitos a sanções.
"Tenho certeza que não vamos chegar a esse momento no qual a comunidade internacional terá que impor sanções", afirmou Mahama.
Os militares assumiram o poder após a renúncia de Compaoré, mas o líder interino, o tenente-coronel Isaac Zida, prometeu deixar o governo no período de duas semanas estabelecido pela União Africana.