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Legislador é investigado por compra de votos para ex-presidente do Peru

O Congresso vai julgar Kenji Fujimori, acusado de ter comprado votos para impedir a saída do então presidente Pedro Pablo Kuczynski, que renunciou em março

O então presidente Kuczynski, que renunciou em março, teria recebido "ajuda" do legislador Kenji Fujimori (Charles Platiau/Reuters)
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AFP

Publicado em 6 de junho de 2018 às 09h45.

O futuro do fujimorismo, primeira força política do Peru , será definido nesta quarta-feira (6), quando o Congresso do Peru decidir se destitui, ou não, o popular legislador Kenji Fujimori, em uma crucial batalha da guerra que trava contra sua irmã Keiko.

No aniversário do "Dia D", o desembarque aliado nas praias da Normandia de 6 de junho de 1944, Kenji se sentará diante do plenário do Congresso acusado de ter tentado comprar votos para impedir a destituição do então presidente Pedro Pablo Kuczynski, que renunciou em março.

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Outros dois congressistas fujimoristas dissidentes também estão sendo acusados junto com Kenji e correm o risco de serem destituídos.

O fujimorismo se prepara para sofrer um racha diante do empenho de Keiko de expulsar seu irmão do Congresso, o que levaria ambos a se enfrentarem nas eleições presidenciais de 2021.

De fato, Kenji já ficou com um pé fora do Congresso há duas semanas, quando uma comissão legislativa controlada pelo partido de Keiko recomendou sua destituição. Ele garante, porém, que não está morto politicamente.

"Cadáver político, não; estou em coma", alertou.

Os dois irmãos disputam ferozmente o legado político do pai, o ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), um filho de imigrantes japoneses que marcou a ferro e fogo a política peruana.

Apesar de ter sido condenado por crimes contra a humanidade e por corrupção, muitos peruanos veneram o ex-presidente de 79 anos por ter acabado com o terrorismo do Sendero Luminoso e com a hiperinflação herdada de seu antecessor Alan García (1985-1990).

"Os Fujimori marcaram a vida peruana há mais de duas décadas e meia. Primeiro durante a Presidência do pai e, depois, com a incursão na política de seus filhos Keiko e Kenji", disse o sociólogo e analista político Fernando Tuesta à AFP.

'Tentam tirá-lo da corrida presidencial'

A guerra fratricida pode levar a uma inédita disputa eleitoral, entre irmãos no Peru, apesar dos esforços do patriarca do clã, que deixou a prisão, graças a um indulto concedido por Kuczynski em dezembro passado.

Com, ou sem, impeachment, Kenji pode ser um candidato "potente" contra sua irmã, em 2021, segundo os analistas, mas suas aspirações podem se ver frustradas se o Congresso decidir inabilitá-lo para se candidatar a cargos públicos como parte das sanções que lhe forem impostas.

"A inabilitação política é um poder do Congresso. Pode ser de cinco anos a dez anos. No caso do Kenji, aponta claramente para tirá-lo da corrida presidencial de 2021", explicou Tuesta.

Keiko lavou as mãos, dizendo que a moção contra seu irmão depende do Congresso, ao qual ela não pertence. Os legisladores que a promovem são, porém, membros da Força Popular, partido criado por ela e Kenji.

"A destituição de Kenji Fujimori procede com 67 votos, uma soma que a Força Popular não tem. O partido de Keiko tem 59", disse Tuesta.

"Já uma vitória de Kenji, caso o Congresso não o destitua, coloca-o em uma posição diferente e de expectativa" nessa guerra, afirmou Tuesta.

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