Julian Assange, fundador do WikiLeaks e preso desde 2019, enfrenta julgamento decisivo
Ele é acusado por Washington de vazar documentos militares considerados secretos entre 2010 e 2011
Repórter colaborador
Publicado em 21 de fevereiro de 2024 às 06h56.
A história do ativista Julian Assange, fundador do Wikileak s, está chegando a um ponto decisivo. Nesta semana, Assange passa por um julgamento no Reino Unido que vai decidir a respeito de seu último recurso no caso que envolve sua possível extradição para os EUA. Assange está preso na Inglaterra desde 219.
Ele é acusado por Washington de vazar documentos militares considerados secretos entre 2010 e 2011.
Quem é Assange
Segundo informações da BBC, sua vida em tribunais não começou agora. Em 1995, ele foi multado por crimes cibernéticos em uma Corte da Austrália, seu país natal, e só evitou a prisão porque prometeu não cometer infrações novamente.
Em 2006 ele fundou o WikiLeaks. O projeto afirma ter publicado mais de dez milhões de documentos, incluindo relatórios oficiais confidenciais relacionados a guerras, espionagem e corrupção.Em 2010, o site divulgou um vídeo de um helicóptero militar dos EUA que mostrava 18 civis sendo mortos na capital do Iraque, Bagdá. Foi um terremoto político à época.
Também publicou milhares de documentos confidenciais fornecidos Chelsea Manning, ex-analista de inteligência do Exército dos EUA.
Os arquivos indicavam que militares dos EUA tinham matado centenas de civis em incidentes não relatados durante a guerra no Afeganistão.
Acusações contra Assange
Em 2019, o Departamento de Justiça dos EUA descreveu os vazamentos como"um dos maiores contendo informações confidenciais na história dos EUA".Ele foi acusado por 18 crimes, incluindo conspiração para invadir bancos de dados militares com o objetivo de conseguir informações confidenciais. Se condenado, seus advogados dizem que ele pode pegar até 175 anos de prisão.O governo dos EUA, porém, afirma que uma sentença entre quatro e seis anos é mais provável.
Por que Assange morou na Embaixada do Equador?
Autoridades suecas emitiram um mandado de prisão contra Assange em 2010, acusando o ativista de abusar sexualmente de uma mulher e de molestar outra enquanto estava no país. Ele negou os crimes. A Suécia também pediu ao Reino Unido a extradição de Assange.
Após dois anos de batalhas legais, a Justiça do Reino Unido decidiu que ele deveria ser extraditado para a Suécia para interrogatório. Apoiadores de Assange disseram à época que, na verdade, era uma tática do governo dos EUA para, assim que possível, levar o ativista para seu território e julgá-lo lá.
Nesse tempo, ele procurou asilo político na embaixada do Equador. A concessão foi concedida pelo então presidente do país, Rafael Correa, que não tinha relações tão amistosas com os EUA e que apoiava o Wikileaks. Assange passou sete anos na embaixada.
Em abril de 2019, o então novo presidente do Equador, Lenin Moreno (aliado de Correa, mas que depois rompeu com ele), ordenou que Assange deixasse a embaixada devido ao seu "comportamento descortês e agressivo. Havia suspeitas de que Assange estava acessando documentos de segurança da embaixada.
Assange foi detido dentro da embaixada pela polícia britânica e depois julgado por não se submeter aos tribunais para ser extraditado para a Suécia. Mais tarde, ele seria condenado a 50 semanas de prisão.
Em novembro de 2019, autoridades suecas desistiram do processo contra Assange porque os supostos crimes teriam prescrito.