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Jornalistas detidos no Egito chegam ao Brasil e revelam medo de morrer

Os repórteres recuperaram a liberdade na quinta-feiradepois de assinar um documento em que confirmavam sua disposição em deixar imediatamente o Egito

Repórteres da Empresa Brasil de Comunicação detidos no Egito: extraditados ao Brasil (Arquivo/ABr)
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Da Redação

Publicado em 5 de fevereiro de 2011 às 14h43.

Brasília - Os dois jornalistas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) que foram detidos e obrigados a deixar o Egito nesta semana retornaram neste sábado ao país e confessaram que temeram por suas vidas, depois de serem interrogados e ameaçados por policiais durante 18 horas.

"Fomos interrogados em uma sala fechada, sem luz, permanecemos vendados durante horas respondendo perguntas (de policiais) e em um momento acreditamos que íamos morrer", disse na chegada ao aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo, o repórter Corban Costa, de Rádio Nacional.

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Costa foi detido na quarta-feira junto ao cinegrafista Gilvan Rocha, da TV Brasil, quem também chegou neste sábado ao país.

Os dois foram obrigados a passar uma noite em uma delegacia do Cairo, período em que as autoridades egípcias retiveram seus passaportes e apreenderam seus equipamentos.

Os repórteres recuperaram a liberdade na quinta-feira após serem obrigados a assinar um documento escrito em árabe no qual, segundo a tradução feita por um policial, ambos confirmaram sua disposição em deixar imediatamente o Egito rumo ao Brasil.

Os jornalistas cobriam os incidentes na praça de Tahrir, onde milhares de manifestantes se concentraram durante esta semana para exigir a renúncia do presidente egípcio, Hosni Mubarak.

A detenção dos repórteres gerou uma dura nota do Governo brasileiro, que em comunicado oficial expressou seu "protesto" pelo fato e exigiu às autoridades egípcias que "garantem todas as liberdades civis e a integridade física da população e dos estrangeiros que estão no país".

A nota do Ministério das Relações Exteriores brasileiro também deplorou "os conflitos violentos associados à crise" e, "especialmente, todos os atos de hostilidade contra a imprensa".

Além disso, reafirmou "a solidariedade e amizade do Brasil com o povo egípcio", expressou sua confiança de que "este momento de instabilidade será superado com a maior rapidez possível, em um contexto de melhorias institucionais e democráticas no Egito".

Conforme balanço parcial da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), ao menos 60 jornalistas foram agredidos no Cairo desde o início dos protestos e 57 foram detidos enquanto trabalhavam.

Aos protestos generalizados de Governos e organizações de imprensa que motivaram as agressões uniu-se neste sábado a Associação de Diários do Brasil (ANJ, na sigla em português), que em uma nota afirmou que os ataques aos jornalistas "são ainda mais graves quando partem de autoridades e pessoas vinculadas a elas".

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