J.D. Vance: Campanha de Biden acusa vice de Trump de favorecer ricos e ser contra o aborto
Democratas ligaram o senador ao controverso Projeto 2025 e afirmaram que ele faria 'o que Mike Pence não fez' no ataque de 6 de janeiro ao se recursar a narrativa de fraude nas eleições de 2020
Agência de notícias
Publicado em 15 de julho de 2024 às 18h14.
Última atualização em 15 de julho de 2024 às 18h15.
Pouco depois do ex-presidente e candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, anunciar o senador J.D. Vance, de Ohio, como vice em sua chapa nesta segunda-feira, o presidente americano Joe Biden teceu críticas sobre o escolhido.
Em uma postagem nas redes sociais na qual pede doações à sua campanha, o democrata afirmou que o senador "fala muito sobre os trabalhadores", mas quer aumentar os impostos da classe média e reduzi-los para os ricos.
Em um comunicado, a chefe da chapa democrata, Jen O'Malley Dillon, atacou as posições de Vance sobre aborto, seguridade social e a eleição de 2020:
" Donald Trump escolheu J.D. Vance como seu companheiro de chapa porque Vance fará o que Mike Pence não faria em 6 de janeiro: se curvará para viabilizar Trump e sua agenda MAGA (Make America Great Again, em inglês) extrema, mesmo que isso signifique violar a lei e não importe o dano ao povo americano", escreveu.
Dillon buscou destacar as diferenças entre as chapas, afirmando que Biden e sua vice, Kamala Harris, querem unir a nação, criando oportunidade para todos e diminuindo o custo de vida, enquanto Trump-Vance tentarão tirar direitos do povo americano e beneficiar os mais ricos e as "corporações gananciosas".
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Projeto 2025 e aborto
"Como companheiro de chapa de Trump, Vance terá como missão implementar a agenda do Projeto 2025 de Trump às custas das famílias americanas", disse Dillon, em referência ao plano conservador de 900 páginas pensado para um segundo mandato de Trump, mas do qual o magnata tenta se afastar. Liderado pela Fundação Heritage, o projeto propõe, entre outras coisas, criminalizar a pornografia, pôr fim ao direito ao aborto e eliminar proteções climáticas.
"Trata-se de alguém que apoia a proibição do aborto em todo o país, ao mesmo tempo em que critica as exceções para sobreviventes de estupro e incesto; que se insurgiu contra o Affordable Care Act [também conhecido como Obamacare, que ampliou o acesso à assistência médica], inclusive suas proteções para milhões de pessoas com condições preexistentes; e admitiu que não teria certificado a eleição livre e justa em 2020", elencou a presidente da campanha Biden-Harris.
"Os bilionários e as corporações estão literalmente torcendo por J.D. Vance : eles sabem que ele e Trump reduzirão seus impostos e farão com que os preços disparem para todos os outros", continuou ela.
Quem é J.D. Vance
Senador por Ohio, o republicano não foi um apoiador de primeira ordem de Trump, mas modulou seu discurso nos últimos dois anos em sintonia com as crenças do magnata. Aos 39 anos, Vance tem fama de bom arrecadador de recursos — um fator importante em um país onde as vitórias políticas são obtidas ao custo de bilhões de dólares.
Vance era a alternativa mais jovem entre os pré-candidatos avaliados por Trump. Novato na política, ele entrou para o Senado apenas no ano passado, mas passou esse tempo ascendendo metodicamente no firmamento conservador. Outrora um crítico mordaz de Trump — atacando-o como "repreensível" e chamando-o de "heroína cultural" —, Vance ganhou o apoio do ex-presidente em sua candidatura ao Senado em 2022 ao abraçar totalmente sua política e suas mentiras sobre uma eleição roubada. O endosso o colocou à frente de uma disputa concorrida e, por fim, o levou ao Senado.
Um capitalista de risco do Vale do Silício que ficou mais conhecido por escrever o livro de memórias "Hillbilly Elegy", adaptado para os cinemas em 2020, Vance não se esqueceu disso. E rapidamente se tornou um dos principais defensores do ex-presidente nos corredores do Congresso e na televisão, seguindo as orientações de Trump e, ao mesmo tempo, contrariando com frequência as prioridades do senador Mitch McConnell, o líder republicano de longa data da Câmara.
O jovem senador serviu no Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA e chegou a ser enviado para missão no Iraque, antes de retornar ao seu país se formar em Ciência Política e Filosofia pela Universidade Estadual de Ohio e Direito pela Universidade Yale, onde foi editor do The Yale Law Journal e presidente da Associação de Veteranos de Direito de Yale, destacou Trump na publicação.