Mundo

Itália para em greve geral contra o governo

Milhares de pessoas manifestaram na Itália durante uma greve geral contra as reformas econômicas e sociais do primeiro-ministro Matteo Renzi


	Manifestação em Roma: mais de cinquenta manifestações estão previstas em várias cidades italianas
 (Gabriel Bouys/AFP)

Manifestação em Roma: mais de cinquenta manifestações estão previstas em várias cidades italianas (Gabriel Bouys/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de dezembro de 2014 às 22h14.

Roma - Milhares de pessoas manifestaram nesta sexta-feira na Itália durante uma greve geral contra as reformas econômicas e sociais do primeiro-ministro Matteo Renzi, que tenta impor um ritmo intenso para tirar o país da crise apesar da pressão dos sindicatos.

"Respeitamos os sindicatos, mas não pensamos como eles. Nós iremos mudar o país para eles também", declarou Renzi quinta-feira à noite, véspera da greve geral convocada por duas grandes confederações sindicais.

"Se revisarmos as reformas, iremos nos condenar a um lento declínio. É preciso coragem para mudar as coisas", acrescentou nesta sexta-feira à imprensa italiana durante uma viagem à Turquia.

Mais de cinquenta manifestações estão previstas em várias cidades italianas como parte desta greve iniciada às 08h00 GMT (06h00 de Brasília) e que deve terminar às 16h00 GMT (14h00 de Brasília). A paralisação foi convocada pela CGIL, principal confederação sindical italiana, e pela UIL, a terceira maior do país.

Uma outra confederação menor, a UGL, uniu-se ao movimento, enquanto a católica CISL, segunda maior da Itália, considerou que uma greve seria contraproducente no contexto atual e que é necessário propor "um grande pacto social".

Vários setores serão afetados pelo movimento, principalmente o de transporte público. O serviço vai funcionar apenas nas horas de maior movimento.

Dezenas de voos foram cancelados ou reprogramados nos principais aeroportos do país.

Para evitar maiores estragos, Roma abriu o centro da cidade a todos os veículos e não apenas para aqueles com permissão especial, como acontece geralmente.

O principal alvo da revolta é o "Jobs Act", a reforma do mercado de trabalho promovida por Renzi para estimular contratações. A lei, adotada na semana passada, tem como objetivo facilitar o processo de demissão e reduzir os direitos e proteções dos trabalhadores nos primeiros anos de contrato.

Os sindicatos também denunciam o projeto de orçamento 2015, por considerarem que as medidas de reativação da economia são insuficientes.

Matteo Renzi mantém relações tensas com os sindicatos desde a sua chegada ao poder. Ele reduziu o peso desses grupos nas negociações sobre os projetos do governo.

"O governo comete um erro ao eliminar a discussão e a participação" dos sindicatos na elaboração das leis em algumas áreas, afirmou nesta sexta Susanna Camusso, secretária-geral da CGIL.

"O governo deve escolher entre o conflito e o diálogo", acrescentou.

Voos cancelados

Segundo fontes sindicais, 50.000 manifestantes se reuniram em Milão, 70.000 e Turin, 40.000 em Roma, 50.000 em Nápoles, 15.000 em Palermo, enquanto outras manifestações são esperadas ao longo do dia.

Em Milão, Turin e Roma, foram registrados breves confrontos entre os manifestantes e as forças policiais.

Neste contexto, centenas de voos, principalmente da Europa, precisaram ser cancelados ou reprogramados, enquanto o transporte público cumpria o serviço mínimo garantido por lei nas horas de pico.

Os apelos à greve são frequentes na Itália. A última greve geral foi em 2011 contra o governo de Mario Monti apoiado pela esquerda, mas durou apenas três horas.

Desta vez, Renzi deve lutar contra os sindicatos e a ala de esquerda do seu partido para lançar a reforma do mercado de trabalho, muito saudada pelos líderes europeus e Bruxelas.

Ele deve ainda aprovar o orçamento antes do final do ano, e o início de 2015 promete ser mais difícil com a esperada adoção de reformas institucionais delicadas, incluindo a abolição do Senado e uma nova lei eleitoral.

Acompanhe tudo sobre:EuropaItáliaPaíses ricosPiigsProtestosProtestos no mundoSindicatos

Mais de Mundo

Israel reconhece que matou líder do Hamas em julho, no Irã

ONU denuncia roubo de 23 caminhões com ajuda humanitária em Gaza após bombardeio de Israel

Governo de Biden abre investigação sobre estratégia da China para dominar indústria de chips

Biden muda sentenças de 37 condenados à morte para penas de prisão perpétua