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Iranianos olham para Viena com esperança de fim das sanções

Boa parte dos iranianos mantém o olhar atento sobre as intensas negociações de Viena, que devem terminar em pacto nuclear

Usina nuclear no sul do Irã: acordo suspende sanções que sufocam economia iraniana (Majid Asgaripour/AFP/AFP)
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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2014 às 10h19.

Teerã - Boa parte dos iranianos mantém o olhar atento sobre as intensas negociações de Viena, que devem terminar neste mês em um pacto nuclear, com a esperança de que finalmente sejam suspensas as sanções que sufocam a economia do país.

Na quinta-feira passada começou a sexta e, talvez, última rodada de negociações entre Teerã e o Grupo 5+1 (China, Rússia, Estados Unidos, Alemanha, França e o Reino Unido), que buscam alcançar um acordo para pôr fim a mais de uma década de crise atômica.

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O Irã deverá pôr limites e ampliar a transparência de seu programa nuclear em troca do fim das sanções internacionais que isolaram o país, minimizando as exportações de petróleo e gás (seus principais produtos) e ajudando para que a inflação disparasse até 40%.

Nas ruas de Teerã o sentimento geral é de preocupação e vontade de que se chegue a um acordo que mude a situação.

"Seria muito bom que fossem eliminadas as sanções, mas temo que a outra parte não vai aceitar. Não é a primeira vez que se reúnem para isto", disse pessimista à Agência Efe Ahmed, funcionário de uma escola.

Ahmed assegura que "nestes dias quase todo mundo está seguindo os noticiários para ver se serão retiradas as sanções. Embora haja dois grupos de gente: os pobres, que estão desejando que sejam retiradas, e os ricos, para quem tanto faz".

Leyla, uma mulher do norte de Teerã coberta com xador, se queixa da queda da taxa de câmbio do dólar, que atribui à incerteza pelas negociações, e assegura que espera "que tudo vá bem em Viena e finalmente se chegue a um acordo" porque "tem que melhorar a economia. Tudo está muito caro. É preciso suspender as sanções".

Reza, empregado de uma fábrica, assegura que "todo o mundo sabe que sem sanções a situação econômica melhorará.

Haverá mais produtos (importados), por exemplo, carros, e melhorará a qualidade e cairão os preços dos quatro modelos que temos agora".

O estudante Arnán, de 24 anos, não acredita que "nesta rodada se chegue a um acordo.

Mas no final isso irá ocorrer: antes tarde do que nunca".

"As sanções influenciam diretamente em nossas vidas. Se as tiram, serão solucionados alguns problemas: baixarão um pouco os preços e os jovens poderão estudar no exterior".

Mohamad Ali Abtahí, que foi vice-presidente durante o mandato do reformista Mohamad Khatami, é otimista e acredita que, neste momento, "as duas partes precisam acabar com a crise nuclear".

O presidente iraniano, Hassan Rohani, necessita que sejam eliminadas as sanções para fazer frente aos problemas econômicos, uma de suas principais promessas eleitorais e "tem que conseguir mudanças que sejam notadas na vida do povo".

E o peso pesado das cinco potências do outro lado da mesa, Estados Unidos, "necessitam do êxito de um acordo porque durante a presidência de Obama não foi conquistado nada importante em matéria internacional".

Abtahí pensa que, se não se chegar a assinar um texto antes da data limite, 20 de julho, pelo menos nesta rodada "as coisas não ficarão em ponto morto".

Nem todo mundo é otimista. Alguns, principalmente os jovens, têm um sentimento de desesperança, que se resume na crença de que, mesmo que seja firmado um acordo, não vai mudar nada relevante porque é só uma parte pequena do problema.

"As sanções e a questão nuclear são só uma das dificuldades do Irã. Eles querem ocupar nossa mente com o 5+1 e as negociações para desviar a atenção do que vai mal. Há muitos anos que viemos ouvindo sobre as negociações", se queixa Sam, um editor de vídeo desempregado, situação que atinge 25% da população ativa iraniana.

Parham, empregado de uma loja de roupa, vai mais longe e comenta que "o problema principal não são as sanções, mas o regime, que pensa só em encher seus bolsos", e denuncia que as vendas caíram 50% por culpa da altíssima inflação.

Por outro lado, o setor mais radical se opõe a um pacto que forçaria Teerã a reduzir e limitar seu programa nuclear, algo que para muitos é uma questão de orgulho e independência nacional.

A oposição ao pacto cresceu perante a maratona negociadora de Viena (que começou na quinta-feira e se prolongará possivelmente até o dia 20) entre os movimentos e meios mais radicais, que qualificam o diálogo de "grande renúncia aos direitos nacionais em troca apenas de promessas", informou a agência estatal "Irna".

Os críticos consideram que Rohani "pôs todos seus ovos em uma só cesta" vinculando a recuperação econômica à consecução de pacto, o que representa um "perigo para a segurança e a soberania" da República Islâmica.

O jornal radical "Vatan Emrooz" denunciou recentemente que a equipe negociadora "está disposta a aceitar restrições que vão além das regras do Tratado de Não-Proliferação" enquanto o "Jahan News" pediu que sejam "defendidos seriamente os direitos da nação".

"O povo quer que as sanções sejam retiradas, mas é importante saber a que preço", resumiu Mohamad, um iraniano de 65 anos.

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