Irã ativa “milhares de centrífugas” em resposta à agência nuclear da ONU
AIEA adotou na última quinta-feira uma resolução que condenava a falta de cooperação e pedia ao organismo que preparasse um “relatório abrangente” sobre as atividades nucleares da República Islâmica
Agência de Notícias
Publicado em 27 de novembro de 2024 às 10h03.
Última atualização em 27 de novembro de 2024 às 10h08.
O Irã ativou “milhares de centrifugadoras avançadas” para enriquecer urânio em resposta à resolução aprovada contra ele pela Junta de Governadores da agência nuclear da ONU.
“Havíamos anunciado que se os três países europeus continuassem com a resolução, tomaríamos medidas, e fizemos isso no momento da aprovação da resolução com a instalação de vários milhares de centrífugas avançadas”, disse nesta quarta-feira o chefe da Agência de Energia Atômica do Irã (AEAI), Mohamed Eslami, aos meios de comunicação locais.
A fonte indicou que as centrifugadoras já foram “arrancadas” com a injeção de gás e estão “em funcionamento”.
O anúncio de Eslami ocorre dois dias antes do vice-ministro das Relações Exteriores iraniano, Majid Takht Ravanchi, reunir-se em Genebra com seus homólogos de França, Alemanha, Reino Unido e União Europeia para discutir o programa nuclear iraniano, entre outras questões, em uma tentativa de diminuir as tensões.
A Junta de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) adotou na última quinta-feira uma resolução apresentada por Alemanha, França e Reino Unido, com o apoio dos Estados Unidos, que condenava a falta de cooperação do Irã e pedia ao organismo que preparasse um “relatório abrangente” sobre as atividades nucleares da República Islâmica.
Teerã descreveu esta resolução como uma medida “destrutiva”, “beligerante e injustificada”, destinada a “alcançar objetivos políticos e ilegítimos” e anunciou que instalaria mais centrifugadoras em resposta.
O objetivo da resolução é pressionar Teerã para que cumpra com seus compromissos legais para garantir que não utilize materiais atômicos para fins militares, após o fracasso do acordo nuclear de 2015 que limitou o programa nuclear do Irã em troca do levantamento das sanções.
Os Estados Unidos abandonaram o acordo durante o primeiro mandato de Donald Trump (2017-2021) e reimpuseram medidas econômicas restritivas em 2018, às quais o Irã respondeu enriquecendo urânio muito acima do permitido.
A AIEA informou na semana passada que o Irã abrandou ligeiramente sua produção de urânio enriquecido até 60% de pureza, próximo do uso militar a 90%, mas já acumula 182,3 quilos.