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Invasão de mosquitos em Buenos Aires faz Milei e oposição trocarem acusações

Cientistas estão estudando a ligação com a encefalite equina, que provocou 12 infecções em humanos após mais de 20 anos sem registros

Mosquitos: espécie não transmite dengue, dizem os cientistas

Mosquitos: espécie não transmite dengue, dizem os cientistas

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 23 de fevereiro de 2024 às 08h04.

Buenos Aires sofreu nesta semana uma verdadeira "invasão" de mosquitos. Essa é a segunda vez em dois meses que há um aumento significativo desses insetos na província argentina. Especialistas explicam que a proliferação do Aedes albifasciatus - conhecido como mosquito da água da enchente - é uma consequência das intensas chuvas de verão. Essa espécie não transmite doenças como a dengue, embora tenha sido associada à encefalite equina.

Cientistas estão estudando a ligação com a encefalite equina, doença que em 2023 causou um surto em cavalos no centro e no norte do país e provocou pelo menos 12 infecções em humanos, depois de mais de duas décadas sem registros.

Por que a Argentina está sofrendo com esse tipo de mosquito?

De acordo com o El País, a explicação dada pelos cientistas para esse fenômeno é simples: os ovos colocados pela fêmea do Aedes albifasciatus podem resistir durante longos períodos de seca. E aí, com a chuva abundante, os ovos dão vida a milhões de mosquitos. O Aedes albifasciatus tem uma presença muito ampla na Argentina: desde o sul, na província da Terra do Fogo, até o norte do país.

Os especialistas alertam, no entanto, que essa espécie não transmite a dengue, cujo vetor é o Aedes aegypti, que é menor, tem manchas brancas e se reproduz principalmente em recipientes cheios de água dentro ou ao redor das casas. Infelizmente muito conhecido pelos brasileiros. Nosso país é aquele com o maior número de casos registrados na região: mais de 530 mil  e 90 mortes, os piores números em 40 anos. Nesta semana, o Brasil se tornou o primeiro país do mundo a incluir a vacina contra a dengue no sistema público de saúde.

Na Argentina, foram registradas 48.366 infecções desde julho de 2023 e 35 pessoas morreram, a maioria delas no nordeste do país, de acordo com o último Boletim Epidemiológico Nacional.

Na última sexta-feira, a Organização Pan-Americana da Saúde emitiu um alerta epidemiológico devido ao aumento dos casos de dengue nas Américas, com mais de 670.000 casos positivos.

Polêmica com Milei

O governo do presidente argentino Javier Milei aproveitou a invasão dos mosquitos e fez críticas à oposição, além de disparar uma informação falsa ligando o Aedes albifasciatus ao aumento dos casos de dengue.

Na terça-feira, o porta-voz da presidência, Manuel Adorni, misturou "a proliferação de mosquitos" com "os casos de dengue" na mesma declaração. "Não queremos perder de vista o fato de que uma grande parte desse problema vem da responsabilidade pelo fracasso das políticas de prevenção que foram implementadas durante o ano passado. A prevenção não foi bem implementada", disse o funcionário. A oposição respondeu nas mídias sociais.

"Dizer que a dengue é de responsabilidade da administração anterior [...] é uma absoluta ignorância sobre o ciclo da doença", tuitou Fabián Puratich, ex-subsecretário de Integração de Sistemas e Atenção Primária à Saúde. "Audácia incrível", declarou o deputado Pablo Yedlin, que condenou o fato de a vacina contra a dengue, aprovada em novembro pela Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica, não estar incluída no calendário de vacinação nem ser distribuída gratuitamente nos hospitais públicos: "Existe uma vacina segura e eficaz. Alguma atualização sobre isso?"

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