Exame Logo

Indiciadas por morte de Kim Jong-nam dizem ter caído em pegadinha

As duas suspeitas foram detidas pouco depois do assassinato e podem ser condenadas à pena de morte por enforcamento

O líder norte-coreano, Kim Jong-Un (AFP)
A

AFP

Publicado em 28 de fevereiro de 2017 às 10h11.

Duas mulheres serão indiciadas pelo assassinato no aeroporto de Kuala Lumpur com um agente neurotóxico de Kim Jong-nam, meio-irmão do dirigente norte-coreano Kim Jong-un, ao mesmo tempo que Pyongyang enviou um diplomata experiente à Malásia para tentar recuperar o corpo.

Em uma cena digna de um livro de espionagem, Kim Jong-nam, meio-irmão que caiu em desgraça com Kim Jong-un, foi assassinado em 13 de fevereiro com VX, um agente neurotóxico catalogado como arma de destruição em massa.

Veja também

As autoridades da Coreia do Sul acusaram o regime comunista da Coreia do Norte de estar por trás do assassinato, e de ter contratado as duas mulheres para executar o ataque.

As duas mulheres, uma indonésia e outra vietnamita, "serão indiciadas por um tribunal em virtude do artigo 302 do código penal" relativo a assassinato, afirma uma mensagem enviada à AFP pelo procurador-geral da Malásia, Mohamed Apandi Ali.

As duas suspeitas foram detidas pouco depois do assassinato e podem ser condenadas à pena de morte por enforcamento. Elas serão levadas a um tribunal na quarta-feira.

Nas imagens das câmeras de segurança obtidas pela imprensa é possível observar o momento em que as duas mulheres se aproximamde Kim Jong-nam pelas costas e uma delas joga algo no rosto da vítima.

Em seguida, Kim fala com dois guardas, que o levam para a clínica do aeroporto. Ele morreu menos de 20 minutos depois, quando era levado para um hospital.

O VX é uma versão mais letal do gás sarin, insípido e inodoro, extremamente tóxico. Os agentes nervosos agem com o estímulo excessivo das glândulas e dos músculos, o que cansa rapidamente as vítimas e ataca a respiração.

O VX é considerado uma arma de destruição em massa e seu uso está proibido em todo o mundo.

"Pegadinha"

Uma das suspeitas do assassinato, Siti Aisyah, uma indonésia de 25 anos, afirmou que recebeu o equivalente a 90 dólares para participar no que ela acreditava ser um programa de televisão de "pegadinhas", de acordo com uma fonte diplomática.

De acordo com esta versão, a mulher acreditava que estava usando um "óleo para bebês" e não conhecia a outra suspeita, Doan Thi Huong, uma vietnamita de 28 anos, que também declarou às autoridades que acreditava estar participando em um programa de TV.

Na localidade vietnamita de Quan Phuong, a sogra de Huong pediu um julgamento justo.

"Deve pagar o preço se realmente fez isto. Não acredito que é suficientemente corajosa para fazer algo assim", disse à AFP Nguyen Thi Vy.

Um terceiro suspeito, Ri Jong-Chol, norte-coreano de 46 anos, também foi detido na Malásia. O procurador-geral não informou se ele será indiciado.

Pyongyang quer o corpo

A Coreia do Norte não reconheceu a identidade do homem morto, mas solicitou à Malásia a entrega do cadáver. O regime norte-coreano rejeita as conclusões da necropsia.

Pyongyang acusou a Malásia de ser responsável pelo assassinato e de colaborar com a Coreia do Sul, tudo com fins políticos.

O veterano diplomata norte-coreano Ri Tong Il foi enviado pelo país para debater "o tema do retorno do corpo do falecido cidadão da RDPC", República Democrática Popular da Coreia, informou diante da embaixada do país.

Ele afirmou ainda que a delegação norte-coreana também vai abordar "o tema da libertação do cidadão da RDPC pela polícia malaia".

A Malásia se recusaentregar o cadáver, alegando que precisa de uma mostra de DNA de um parente da vítima.

Acompanhe tudo sobre:Kim Jong-un

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame