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Índia se rebela nas ruas contra a corrupção

Mais de 60 mil pessoas foram ao centro de Nova Déli para protestar contra as práticas do governo

Simpatizantes do ativista Anna Hazare manifestam apoio à campanha anticorrupção diante de estátua de Mahatma Ghandi (Diptendu Dutta/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de agosto de 2011 às 13h12.

Nova Déli - A indignação popular com a corrupção endêmica na Índia levou às ruas dezenas de milhares de pessoas na capital, que pela primeira vez em décadas gritam: "Basta!".

Em um clima de revolta, os moradores de Nova Déli invadiram na quarta-feira o centro da cidade com bandeiras do país e palavras de ordem contra a corrupção e contra o primeiro-ministro Manmohan Singh.

Sandhya Yadav, dona de casa de 54 anos, compareceu com as duas filhas. Uma das jovens não conseguiu vaga na universidade apesar das ótimas notas nos exames de admissão, pois se recusara a pagar suborno.

"Não podemos permanecer de braços cruzados sem falar nada", disse.

Muitos manifestantes confessaram que a corrupção provoca vergonha e raiva, já que são obrigados a integrar um sistema contra o qual não têm meios para resistir.

"Estamos tão corruptos. Não hesitamos em pagar propinas e as pessoas não hesitam nem por um segundo em aceitá-las. Deveriam ter vergonha", afirmou Anita Trehan.

Ela admitiu ter pagado 20.000 rúpias (430 dólares) para abrir seu salão de beleza.

Estudante de Medicina, Anjali Yadav reconhece que entregou dinheiro de maneira discreta a um funcionário para obter a certidão de óbito da mãe.

"Fiquei com muita vergonha de mim. Mas agora vou lutar contra a corrupção", afirma a mulher.

Entre 60.000 e 70.000 pessoas, segundo os organizadores, atenderam a uma convocação do ativista radical Anna Hazare, que pretende recorrer a uma greve de fome para pressionar o governo.

Este militante de 74 anos, admirador de Gandhi - com quem compartilha uma certa semelhança física -, exige mais rigor de um projeto de lei que isenta o primeiro-ministro e os magistrados de altos tribunais de possíveis julgamentos por corrupção. O texto está sendo debatido no Parlamento.

Hazare foi detido na terça-feira e depois foi liberado pelas autoridades, medida que ele rejeitou enquanto o governo não reconhecer seu direito de iniciar uma greve de fome.

A população respalda o repúdio do ativista aos escândalos reiterados do governo de Manmohan Singh e denuncia a cultura endêmica de corrupção que envenena a vida cotidiana.

Avantika Rohatgi, uma estudante de 18 anos, conta que recebeu a carteira de motorista em troca de um discreto pagamento.

"Se aceitarmos este tipo de coisa não conseguiremos nada. Temos que acabar com esta mentalidade e temos que acabar agora", disse.

Na Índia, independentemente da classe social, não é possível obter uma linha telefônica, uma autorização comercial ou a matrícula em uma escola sem subornar alguém.

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Em um clima de revolta, os moradores de Nova Déli invadiram na quarta-feira o centro da cidade com bandeiras do país e palavras de ordem contra a corrupção e contra o primeiro-ministro Manmohan Singh.

Sandhya Yadav, dona de casa de 54 anos, compareceu com as duas filhas. Uma das jovens não conseguiu vaga na universidade apesar das ótimas notas nos exames de admissão, pois se recusara a pagar suborno.

"Não podemos permanecer de braços cruzados sem falar nada", disse.

Muitos manifestantes confessaram que a corrupção provoca vergonha e raiva, já que são obrigados a integrar um sistema contra o qual não têm meios para resistir.

"Estamos tão corruptos. Não hesitamos em pagar propinas e as pessoas não hesitam nem por um segundo em aceitá-las. Deveriam ter vergonha", afirmou Anita Trehan.

Ela admitiu ter pagado 20.000 rúpias (430 dólares) para abrir seu salão de beleza.

Estudante de Medicina, Anjali Yadav reconhece que entregou dinheiro de maneira discreta a um funcionário para obter a certidão de óbito da mãe.

"Fiquei com muita vergonha de mim. Mas agora vou lutar contra a corrupção", afirma a mulher.

Entre 60.000 e 70.000 pessoas, segundo os organizadores, atenderam a uma convocação do ativista radical Anna Hazare, que pretende recorrer a uma greve de fome para pressionar o governo.

Este militante de 74 anos, admirador de Gandhi - com quem compartilha uma certa semelhança física -, exige mais rigor de um projeto de lei que isenta o primeiro-ministro e os magistrados de altos tribunais de possíveis julgamentos por corrupção. O texto está sendo debatido no Parlamento.

Hazare foi detido na terça-feira e depois foi liberado pelas autoridades, medida que ele rejeitou enquanto o governo não reconhecer seu direito de iniciar uma greve de fome.

A população respalda o repúdio do ativista aos escândalos reiterados do governo de Manmohan Singh e denuncia a cultura endêmica de corrupção que envenena a vida cotidiana.

Avantika Rohatgi, uma estudante de 18 anos, conta que recebeu a carteira de motorista em troca de um discreto pagamento.

"Se aceitarmos este tipo de coisa não conseguiremos nada. Temos que acabar com esta mentalidade e temos que acabar agora", disse.

Na Índia, independentemente da classe social, não é possível obter uma linha telefônica, uma autorização comercial ou a matrícula em uma escola sem subornar alguém.

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