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Imigrantes são esperança alemã para falta de mão de obra

"Se conseguimos integrá-los rapidamente ao mercado de trabalho, ajudaremos os refugiados e nos ajudaremos também", diz presidente da federação de indústrias BDI

Bandeira alemã em Berlim: a maior economia europeia espera cerca de 800.000 novas chegadas este ano (Fabrizio Bensch/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 6 de setembro de 2015 às 16h48.

A chegada diária de milhares de imigrantes à Alemanha é aplaudida por empresas, que podem integrá-los rapidamente a um mercado de trabalho carente de mão de obra - mas a política não caminha tão depressa.

"Se conseguimos integrá-los rapidamente ao mercado de trabalho, ajudaremos os refugiados e nos ajudaremos também", afirmou há alguns dias o presidente da poderosa federação de indústrias alemãs BDI, Ulrich Grillo.

A Alemanha é o principal destino de milhares de sírios, afegãos e eritreus que chegam à Europa assim como de kosovares e albaneses que deixam seus países. A maior economia europeia espera cerca de 800.000 novas chegadas este ano.

Nem todos poderão ficar, contudo: a maioria dos cidadãos dos Bálcãs terá que deixar o país, já que não estão vindo de uma situação de guerra ou perseguição política.

Mas os demandantes de asilo são considerados casa vez mais como um precioso recurso para as empresas que precisam de mão de obra, em um país que envelhece.

Com um desemprego baixo (6,4%), a Alemanha necessita de 140.000 engenheiros, programadores e técnicos, segundo a federação de empresários BDA. O artesanato, a saúde e a hotelaria também buscam ávidamente pessoal qualificado. E cerca de 40.000 postos de aprendiz podem ficar livres este ano.

O Instituto Prognos prevê uma falta de mão de obra de 1,8 milhões de pessoas em 2020 e de 3,9 millhões em 2040 caso nada mude neste período.

Bem qualificados

Portanto, o fluxo de refugiados poderia proporcionar a rotação necessária, especialmente porque muitos deles são jovens e estão "bem qualificados", disse Grillo.

No plano local, cada vez mais empresas abrem suas portas aos estrangeiros, como na região de Augsburgo, na Baviera (sul), onde um "conselheiro intercultural de orientação" da Câmara de artesanato conseguiu colocar 63 jovens refugiados em postos de aprendiz.

Para ampliar estas iniciativas, o presidente da BDA, Ingo Kramer, pediu esta semana "esforços em todos os níveis".

É sobretudo o "governo que deve atuar", flexibilizando antes de mais nada as regras de acesso ao emprego, explicou à AFP Alexander Wilhelm, encarregado das questões do mercado de trabalho da BDA.

As empresas também querem a garantia de que um funcionário não deverá abandonar o país da noite para o dia.

Outro obstáculo a ser superado é que a contratação de um refugiado ou requerente de asilo não pode ser feita sem a prova de que o cargo não convém a um candidato alemão, um "exame de proeminência" que a Agência de Emprego gostaria de ver desaparecer o mais rápido possível.

Aprender alemão

Os círculos econômicos pedem ainda que os procedimentos para validar diplomas estrangeiros sejam agilizados e que seja investido mais dinheiro no ensino de alemão aos refugiados.

"Na hora de entrar no mercado de trabalho ou como aprendiz, os candidatos carecem em geral de um conhecimento indispensável de alemão", apontou o secretário-geral da Confederação das Artes e Ofícios Alemães (ZDH), Holger Schwannecke.

O governo tem feito inúmeras declarações de boas intenções: "As pessoas que vêm para cá como refugiadas devem se tornar rapidamente nossos vizinhos e colegas", falou esta semana a ministra do Trabalho e Assuntos Sociais alemã, Andrea Nahles.

Em julho passado, seu ministério flexibilizou as condições de acesso dos imigrantes a postos de trabalho nas empresas.

Mas as resistências são ouvidas dentro do campo da chanceler Angela Merkel. Seu partido conservador não apoia a grande lei sobre imigração pedida pelos social-democratas, seus parceiros de coalizão, que entre outras coisas serviria para simplificar o acesso ao mercado de trabalho.

A direita teme que o emprego se torne uma porta de entrada paralela, evitando os rígidos procedimentos de concessão de asilo.

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A chegada diária de milhares de imigrantes à Alemanha é aplaudida por empresas, que podem integrá-los rapidamente a um mercado de trabalho carente de mão de obra - mas a política não caminha tão depressa.

"Se conseguimos integrá-los rapidamente ao mercado de trabalho, ajudaremos os refugiados e nos ajudaremos também", afirmou há alguns dias o presidente da poderosa federação de indústrias alemãs BDI, Ulrich Grillo.

A Alemanha é o principal destino de milhares de sírios, afegãos e eritreus que chegam à Europa assim como de kosovares e albaneses que deixam seus países. A maior economia europeia espera cerca de 800.000 novas chegadas este ano.

Nem todos poderão ficar, contudo: a maioria dos cidadãos dos Bálcãs terá que deixar o país, já que não estão vindo de uma situação de guerra ou perseguição política.

Mas os demandantes de asilo são considerados casa vez mais como um precioso recurso para as empresas que precisam de mão de obra, em um país que envelhece.

Com um desemprego baixo (6,4%), a Alemanha necessita de 140.000 engenheiros, programadores e técnicos, segundo a federação de empresários BDA. O artesanato, a saúde e a hotelaria também buscam ávidamente pessoal qualificado. E cerca de 40.000 postos de aprendiz podem ficar livres este ano.

O Instituto Prognos prevê uma falta de mão de obra de 1,8 milhões de pessoas em 2020 e de 3,9 millhões em 2040 caso nada mude neste período.

Bem qualificados

Portanto, o fluxo de refugiados poderia proporcionar a rotação necessária, especialmente porque muitos deles são jovens e estão "bem qualificados", disse Grillo.

No plano local, cada vez mais empresas abrem suas portas aos estrangeiros, como na região de Augsburgo, na Baviera (sul), onde um "conselheiro intercultural de orientação" da Câmara de artesanato conseguiu colocar 63 jovens refugiados em postos de aprendiz.

Para ampliar estas iniciativas, o presidente da BDA, Ingo Kramer, pediu esta semana "esforços em todos os níveis".

É sobretudo o "governo que deve atuar", flexibilizando antes de mais nada as regras de acesso ao emprego, explicou à AFP Alexander Wilhelm, encarregado das questões do mercado de trabalho da BDA.

As empresas também querem a garantia de que um funcionário não deverá abandonar o país da noite para o dia.

Outro obstáculo a ser superado é que a contratação de um refugiado ou requerente de asilo não pode ser feita sem a prova de que o cargo não convém a um candidato alemão, um "exame de proeminência" que a Agência de Emprego gostaria de ver desaparecer o mais rápido possível.

Aprender alemão

Os círculos econômicos pedem ainda que os procedimentos para validar diplomas estrangeiros sejam agilizados e que seja investido mais dinheiro no ensino de alemão aos refugiados.

"Na hora de entrar no mercado de trabalho ou como aprendiz, os candidatos carecem em geral de um conhecimento indispensável de alemão", apontou o secretário-geral da Confederação das Artes e Ofícios Alemães (ZDH), Holger Schwannecke.

O governo tem feito inúmeras declarações de boas intenções: "As pessoas que vêm para cá como refugiadas devem se tornar rapidamente nossos vizinhos e colegas", falou esta semana a ministra do Trabalho e Assuntos Sociais alemã, Andrea Nahles.

Em julho passado, seu ministério flexibilizou as condições de acesso dos imigrantes a postos de trabalho nas empresas.

Mas as resistências são ouvidas dentro do campo da chanceler Angela Merkel. Seu partido conservador não apoia a grande lei sobre imigração pedida pelos social-democratas, seus parceiros de coalizão, que entre outras coisas serviria para simplificar o acesso ao mercado de trabalho.

A direita teme que o emprego se torne uma porta de entrada paralela, evitando os rígidos procedimentos de concessão de asilo.

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