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Imigrantes fazem paralisação para mandar mensagem a Trump

Companhias da construção civil, restaurantes, supermercados e outros não funcionaram hoje para mostrar para Trump que, sem imigrantes, os EUA param

Restaurante fechado em protesto: imigrantes em cidades como Washington, Boston, Filadélfia e Los Angeles abandonaram seus postos de trabalho, se negaram a fazer compras e usar o transporte público (Jim Bourg/Reuters)
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EFE

Publicado em 16 de fevereiro de 2017 às 19h18.

Washington - Várias empresas dos Estados Unidos fecharam as portas nesta quinta-feira devido ao protesto do "Dia sem Imigrantes", um espontâneo boicote contra as políticas migratórias do presidente Donald Trump que se espalhou por todo o país.

Um grande número de companhias da construção civil, restaurantes, supermercados e outros não funcionaram hoje para mostrar para Trump que, sem o trabalho dos imigrantes, os Estados Unidos param e o país ficaria privado de parte integral da vida diária.

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Imigrantes em cidades como Washington, Boston, Filadélfia e Los Angeles abandonaram seus postos de trabalho, se negaram a fazer compras e usar o transporte público, ignorando por um dia a economia americana como forma de demonstrar sua importância.

"É um protesto de ausência, não de presença. Isso pode ter mais impacto do que uma manifestação comum", explicou o professores de Sociologia da Universidade Americana, Ernesto Castañeda, em Mount Pleasant, o bairro mais hispânico de Washington.

Na capital americana, imigrantes salvadorenhos, colombianos, indianos e coreanos se uniram à greve nascida de forma espontânea para protestar contra as medidas de Trump, que quer acabar com as chamadas "cidades santuário", acelerar as deportações de imigrantes ilegais e proibir a entrada de refugiados no país.

Mount Pleasant era hoje um bairro silencioso. A calma só era interrompida pelo som dos presentes na "La Casa", um centro comunitário que aproveitou a paralisação para explicar aos imigrantes sobre seus direitos se forem detidos ou interrogados nas operações do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE), que se intensificaram desde a chegada de Trump ao poder.

Alguns supermercados instalaram cartazes de "fechado por greve geral", enquanto as escolas receberam muitas ligações de pais relatando que seus filhos, nascidos ou educados nos EUA, mas com raízes imigrantes, estão doentes e não iriam às aulas.

"Trouxe minha filha para que aprenda que é preciso lugar para que sejamos respeitados", afirmou uma dominicana, que pediu para manter o anonimato, e que foi à "La Casa" com sua filha.

Segundo a rádio local "WAMU", pelo menos duas escolas bilíngues de Washington fecharam hoje em Washington após um acordo entre pais, professores e funcionários.

Edwin Fernández e seus cinco companheiros de trabalho em uma rede de fast-food fizeram greve hoje. O dono da franquia, segundo Fernández, foi o primeiro a perguntar se os funcionários queriam fechar a loja para protestar contra Trump.

O famoso chef espanhol José Andrés decidiu fechar hoje a maioria de seus restaurantes na região metropolitana de Washington, locais muito populares e situados em pontos de grande circulação.

Andrés já tinha rescindido um contrato com Trump por causa das declarações do presidente ainda durante a campanha. O chef abriria uma unidade de seus restaurantes no novo hotel do empresário em Washington, mas voltou atrás depois de ouvir o então candidato republicano chamar os imigrantes mexicanos de "estupradores".

Fora de Washington, houve protestos em vários pontos do país, como em Massachusetts, onde o Museu Davis, na Universidade Wellesley, ocultará 120 obras, 20% de sua coleção permanente, que foram criadas ou doadas por imigrantes.

Em Los Angeles, as escolas pediram aos alunos e professores que não se ausentassem maciçamente, já que isso poderia paralisar todo o sistema público de ensino da cidade.

Segundo o Escritório do Censo, a população imigrante cresceu de maneira histórica nos últimos anos. De acordo com os últimos dados, divulgados a 2013, 13% dos habitantes do país nasceram no exterior, o equivalente a mais de 41 milhões de pessoas.

Esse número é ainda maior se forem incluídos os filhos de imigrantes que nasceram nos EUA, e que costumam manter vínculo com os países de seus pais, promovendo uma diversidade cultural.

Trump assinou uma ordem executiva para interromper repasses às cidades que não colaborarem com as autoridades federais nas operações contra os imigrantes.

Dezenas de prefeitos das principais cidades se negaram a ceder e verificar o status migratório dos moradores. Para eles, isso criaria um ambiente de paranoia que paralisaria as comunidades pelo medo.

Além disso, Trump determinou que as agências do Departamento de Segurança Nacional responsáveis por deportar imigrantes sejam reforçadas, algo que já começou com o aumento das operações do ICE em todo país.

As detenções realizadas pelos agentes afetaram não só pessoas com antecedentes criminais, mas também outros que jamais cometeram qualquer violação da lei.

A ordem de acelerar a construção de um muro na fronteira com o México, a suspensão do programa de refugiados e da emissão de vistos em sete países de maioria muçulmana também são alvo de protestos dos imigrantes contra Trump.

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