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Iguala, a cidade marcada por uma tragédia abafada pelo medo

Na cidade mexicana, onde há nove dias morreram seis pessoas e desapareceram outras 43, quase ninguém viu ou soube nada

Membro da Polícia Federal faz patrulha na cidade de Iguala, no México (Henry Romero/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2014 às 14h03.

Iguala - Na cidade mexicana de Iguala, onde há nove dias morreram seis pessoas e desapareceram outras 43 em uma ação policial, quase ninguém viu ou soube nada: não sabem onde está o prefeito, não escutaram disparos e ninguém viu os estudantes procurados por todos.

Entre os que não têm conhecimento sobre o que está acontecendo no município está um jovem agricultor morador de Las Parotas, na área de Pueblo Viejo, onde só é possivel chegar após uma longa caminhada por entre pedras e buracos.

"Nós vamos de casa para o trabalho e do trabalho para casa", contou o agricultor à Agência Efe, após dizer não ter visto ou ouvido nada estranho na última sexta-feira ou no sábado.

A uma curta distância de sua casa, no máximo dois quilômetros, foram encontradas seis covas no sopé de uma colina, que só pode ser alcançada a pé.

Lá os corpos foram sepultados e cobertos com galhos e troncos. Depois, incendiados.

Nem um, dois ou três, mas pelo menos 28 corpos foram queimados no local. Assim confirmou neste domingo Iñaky Blanco, o procurador do estado de Guerrero, onde fica Iguala. Mas o jovem agricultor não viu as chamas ou sentiu cheiro de fumaça ou de carne queimada.

Apesar de Blanco não poder afirmar que os corpos são dos 43 estudantes que desapareceram após a violenta noite de sexta-feira passada, porque os legistas precisam de 15 dias a dois meses para identificar a identidade dos corpos encontrados, os temores que sejam é cada vez maior.

Poucos moradores da cidade sabem de algo que aconteceu naquela noite. Alguns rumores sugerem vinganças de cartéis do narcotráfico e o envolvimento do prefeito.

Um dos rumores mais correntes foi contado para a Efe por um taxista: o prefeito deixou de cumprir um acordo feito com os traficantes que o colocaram no poder, entre outras coisas o controle da polícia, e por isso os traficantes se vingaram trazendo à tona um sistema de corrupção ao fazer uma demonstração pública e violenta de poder.

José Luis Abarca, o prefeito que está foragido desde o início desta semana, se afastou do cargo com a desculpa de facilitar as investigações, após declarar não ter visto ou ouvido nada na fatídica noite de sexta-feira.

Nem mesmo quando os policiais atiraram em ônibus escolares da Escola Normal de Ayotzinapa, nem quando voltaram a disparar na rua no momento em que era concedida uma entrevista coletiva improvisada, nem quando atiraram em outro ônibus, com um time de futebol juvenil; ele não soube nada.

Ninguém o avisou, ninguém lhe pediu permissão para atirar. Ele, contou, estava em um baile com sua esposa.

Ela, supostamente, é famíliar direta de um dos líderes do cartel Guerreros Unidos, que teria financiado a campanha de seu marido e ao qual a maioria dos policiais que foram detidos pertence e, de acordo com os rumores, seria a próxima candidata e provável vencedora das eleições municipais.

Junto à Câmara Municipal continua pendurado um cartaz com a foto do casal, sorrindo, alheio ao fato de ter fugido sem responder à convocação das autoridades.

Assim como ninguém apagou os muros pintados com slogans políticos com os dizeres: "Abarca governa para transformar Iguala".

E embora haja o temor de que os corpos encontrados sejam dos jovens, os cartazes de procura, com fotos 5x7, continuam espalhados: "Carlos Ivan Ramírez, 20 anos", "Israel Jacinto Lugardo, 19 anos", "Julio César López, 25 anos", "Mauricio Ortega, 18 anos".

Fotos estas que estão junto à oferta de recompensa de 1 milhão de pesos (R$ 180,6 mil), em troca de informações, oferecida pelo governador de estado, Ángel Aguirre, outro dos grandes prejudicados por este caso que chocou a sociedade mexicana, em função da evidente relação entre as autoridades e o narcotráfico.

Na sexta-feira, poucos viram algo estranho na cidade, apesar de os acontecimentos violentos terem ocorrido nas ruas. Além disso, no sábado de manhã, o corpo de um estudante foi encontrado com a pele e os olhos arrancados.

"É uma pena que isso tenha precisado acontecer para que viessem nos ajudar", disse à Efe um taxista.

No complicado caminho rumo às covas, muitos moradores dizem não ser dali quando perguntados sobre orientações de trajeto. "Não sou daqui, estou apenas de visita", são algumas das respostas fugazes. Poucos conhecem o Serviço Médico Legal (Semefo) e preferem ignorar o lugar onde chegam as caminhonetes exalando o cheiro intenso de morte.

Durante todo o final de semana, os corpos foram levados, e médicos legistas entraram e sairam usando máscaras e roupas especiais sem fazer declarações ou qualquer comentário sobre o que viram.

São Paulo - Em 2012, 437 mil pessoas foram assassinadas em todo o mundo.O primeiro lugar ficou com Honduras , que tem a maior taxa de homicídios: foram 90,2 mortes para cada 100 mil hondurenhos.Os dados são do " Estudo Global sobre Homicídio 2013 ", divulgado nesta quinta-feira peloEscritório sobre Drogas e Crime das Nações Unidas (UNODC, na sigla em inglês).Os países mais violentos do mundo são todos latino-americanos ou africanos, especialmente da América Central e do sul da África - consideradas as regiões mais perigosas do mundo.Mas o Brasil ganha destaque quando se considera o tamanho de nossa população : mais de 10% dos assassinatos do mundo foram registradas no Brasil , o que coloca o país como o 16º mais violento do planeta.A taxa nacional é de 25,2 assassinatos a cada 100 mil habitantes, número 4 vezes maior que a média mundial, de 6,2/100 mil pessoas.Veja a seguir quais são os 25 países com as maiores taxas de homicídio.
  • 2. 1º - Honduras (Am. Central)

    2 /24(Spencer Platt/Getty Images)

  • Veja também

    Taxa de homicídios: 90,4 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 7.172 casos Taxa de homicídios 2011: 91,4/100 mil habitantes

  • 3. 2º - Venezuela (Am. do Sul)

    3 /24(Jorge Silva/Reuters)

  • Taxa de homicídios: 53,7 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 16.072 casos Taxa de homicídios 2011: 47,8/100 mil habitantes

  • 4. 3º - Belize (Am. Central)

    4 /24(Divulgação/ Governo de Belize)

    Taxa de homicídios: 44,7 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 145 casos Taxa de homicídios 2011: 39,2/100 mil habitantes

  • 5. 4º - El Salvador (Am. Central)

    5 /24(REUTERS/Jessica Orellana)

    Taxa de homicídios: 41,2 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 2.594 casos Taxa de homicídios 2011: 69,9/100 mil habitantes

  • 6. 5º - Guatemala (Am. Central)

    6 /24(REUTERS/Jorge Dan Lopez)

    Taxa de homicídios: 39,9 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 6.025 casos Taxa de homicídios 2011: 38,6/100 mil habitantes

  • 7. 6º - Jamaica (Am. Central)

    7 /24(Chris Jackson/Getty Images)

    Taxa de homicídios: 39,3 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 1.087 casos Taxa de homicídios 2011: 41,1/ 100 mil habitantes

  • 8. 7º - Suazilândia (África)

    8 /24(REUTERS/Noor Khamis)

    Taxa de homicídios: 33,8 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 416  casos Taxa de homicídios 2011: sem registro

  • 9. 8º - São Cristóvão e Nevis (Am. Central)

    9 /24(Divulgação/ Governo de São Cristóvão e Nevis)

    Taxa de homicídios: 33,6 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 18 casos Taxa de homicídios 2011: 64,2/100 mil habitantes

  • 10. 9º - África do Sul (África)

    10 /24(Getty Images)

    Taxa de homicídios: 31 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 16.259 casos Taxa de homicídios 2011: 30/100 mil habitantes

  • 11. 11º - Bahamas (Am. Central)

    11 /24(Getty Images)

    Taxa de homicídios: 29,8 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 111 casos Taxa de homicídios 2011: 34,7/100 mil habitantes

  • 12. 13º - Trinidade e Tobago (Am. Central)

    12 /24(Wikimedia Commons)

    Taxa de homicídios: 28,3 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 379 casos Taxa de homicídios 2011: 26,4/100 mil habitantes

  • 13. 14º - Porto Rico (Am. Central)

    13 /24(Getty Images)

    Taxa de homicídios: 26,5 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 978 casos Taxa de homicídios 2011: sem registro

  • 14. 15º - São Vicente e Granadinas (Am. Central)

    14 /24(Flickr/ DiscoverSVG)

    Taxa e homicídios: 25,6 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 28 casos Taxa de homicídios 2011: 19,2/100 mil habitantes

  • 15. 16º - Brasil (Am. do Sul)

    15 /24(Tânia Rêgo/Agência Brasil)

    Taxa de homicídios: 25,2 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 50.108 casos Taxa de homicídios 2011: 23,4/100 mil, habitantes

  • 16. 17º - Ruanda (África)

    16 /24(REUTERS/Noor Khamis)

    Taxa de homicídios: 23,1 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 2.648 casos Taxa de homicídios 2011: sem registro

  • 17. 19º - Santa Lúcia (Am. Central)

    17 /24(Getty Images)

    Taxa de homicídios: 21,6 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 39 casos Taxa de homicídio 2011: sem registro

  • 18. 20º - México (Am. do Norte)

    18 /24(Héctor Guerrero/AFP)

    Taxa de homicídios: 21,5 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 33.817 casos Taxa de homicídios 2011: 22,8/100 mil habitantes

  • 19. 21º - Nigéria (África)

    19 /24(AFP/Arquivo)

    Taxa de homicídios: 20 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 33.817 casos Taxa de homicídios 2011: 22,8/100 mil habitantes

  • 20. 22º - Guiné Equatorial (África)

    20 /24(Wikimedia Commons/ Soman)

    Taxa de homicídios: 19,3 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 142 casos Taxa de homicídios 2011: sen registro

  • 21. 23º - Botsuana (África)

    21 /24(Divulgação/ Governo de Botsuana)

    Taxa de homicídios: 18,4 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 368 casos Taxa de homicídios 2011: sem registro

  • 22. 24º Namíbia (África)

    22 /24(Frances M. Ginter/Getty Images)

    Taxa de homicídios: 17,2 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 388 casos Taxa de homicídios 2011: 13,9/100 mil habitantes

  • 23. 25º - Panamá (Am. Central)

    23 /24(Carlos Jasso/Reuters)

    Taxa de homicídios: 17,2 por 100 mil habitantes Número de homicídios 2012: 654 casos Taxa de homicídios 2011: 20,3/100 mil habitantes

  • 24. Veja agora quais são as cidades com as maiores taxas de homicídio

    24 /24(Wikipedia)

  • Acompanhe tudo sobre:América LatinaMéxicoMortesTráfico de drogas

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