Grupo vigia traslado do Concordia para contabilizar danos
Grupo ecologista, juntamente com o Greenpeace, vigiará o traslado do cruzeiro Costa Concordia para contabilizar os danos ambientais causados
Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2014 às 13h03.
Roma - O grupo ecologista italiano Legambiente, junto com a organização Greenpeace , vigiará o traslado do cruzeiro Costa Concordia até seu desmantelamento em Gênova, para contabilizar os danos ambientais que este resgate possa causar.
"Estamos trabalhando, junto com o Greenpeace, para desenvolver um um trabalho de controle do navio e monitorar sua mudança a Gênova", disse à Agência Efe o responsável do setor de mar da Legambiente, Sebastiano Venneri.
Ontem começou a penúltima fase do processo na Ilha de Giglio (centro) antes do desmantelamento do Costa Concordia, com sua elevação dois metros acima da plataforma submarina na qual se encontrava apoiado desde setembro e com a mudança 30 metros mar adentro.
O cruzeiro encalhou em 13 de janeiro de 2012, depois que o capitão Francesco Schettino, decidiu se aproximar da costa da ilha e o navio bateu em uma rocha que rompeu o casco da embarcação e causou o naufrágio, em um fato que deixou 32 mortos.
Atualmente, o Concordia se encontra flutuando com ajuda de enormes placas metálicas, mas amarrado à rocha com um sistema de cabos que o unem com a costa.
O navio permanecerá assim previsivelmente até 21 de julho, quando rebocadores o levarão para Gênova para continuar com seu desmantelamento definitivo.
Será então quando percorrerá 200 milhas náuticas (370 quilômetros) a uma velocidade de dois nós (3,7 km/h).
Nessa mudança é precisamente quando existe o maior perigo de contaminação, segundo apontou Venneri.
O ecologista da Legambiente disse que, atualmente, o navio contém "cerca de 100 toneladas de combustível, além de uma série de substâncias nocivas como desinfetantes e ácidos, que são prejudiciais para o meio ambiente".
Estas substâncias, precisou, "podem ser lançadas ao mar no momento em que o navio se movimentar" da Ilha de Giglio, onde permanece desde o naufrágio.
"Há uma grande quantidade de substâncias que não puderam ser recuperadas e que, se forem libertadas, podem ter um efeito muito negativo para o ecossistema", assinalou.
O responsável da Legambiente apontou que "todas as formas de vida podem ser afetadas, desde as baleias e os golfinhos, até qualquer outra forma de vida vegetal".
Para controlar e quantificar os possíveis danos que possam ocorrer, Legambiente e Greenpeace acompanharão o Costa Concordia durante sua viagem e verificarão constantemente a qualidade da água com análise periódicas, disse Venneri.
No entanto, Venneri disse que o prejuízo que mais preocupa a organização italiana é o dano meio ambiental ocasionado no litoral da Ilha de Giglio.
"O dado mais preocupante continua sendo o dano ambiental que se produziu no fundo marinho e que, em nossa opinião, deve ser quantificado economicamente e ressarcido", ressaltou.
Venneri se referiu à deterioração gerada por causa da criação da plataforma submarina na qual o cruzeiro permaneceu apoiado, assim como toda a instalação montada para sua recuperação.
Desde setembro, o navio de 44.600 toneladas, 290 metros de longitude e 17 andares de altura descansava sobre uma estrutura que tinha sido construída durante os meses anteriores.
Agora, a questão é também o que fazer com essa plataforma depois que o Costa Concordia seja desmantelado.
"Há um debate entre os habitantes da ilha, que dizem que pode ser mais útil mantê-la. Nós sustentamos que o fundo marinho deve ser restabelecido o mais rápido possível e a plataforma deve ser desmantelada", assegurou.
"O fundo marinho da Giglio -acrescentou- é maravilhoso em sua forma natural, não é necessário ter elementos artificiais para que se transforme em algo mais belo. Por isso, todos os elementos artificiais, em nossa opinião, devem ser eliminados".
O impacto do Costa Concordia contra as rochas provocou em 2012 uma ruptura de 70 metros no casco e começou a afundar a 150 metros do litoral.
No navio viajavam 4.229 pessoas, delas 3.209 passageiros de 62 nacionalidades.
O capitão Schettino atualmente enfrenta um processo judicial acusado de homicídio culposo múltiplo, abandono do navio e naufrágio, assim como de não ter informado imediatamente às autoridades portuárias sobre a colisão contra algo que provocou o naufrágio.