Greve dos correios quase para EUA e acaba em emergência nacional. Relembre
Decisão dos funcionários foi inusitada e deixou líderes sindicais surpresos, já que, historicamente, a classe era vista como complacente aos baixos salários
Ligia Tuon
Publicado em 8 de setembro de 2020 às 19h33.
Última atualização em 8 de setembro de 2020 às 20h26.
Nos Estados Unidos, greves contra os Correios são consideradas crime passível de punição com demissão ou processo judicial. Mas isso não impediu que quase 200 mil trabalhadores paralisassem suas operações em março de 1970, na maior greve da história contra o governo americano.
A decisão dos funcionários foi inusitada e deixou líderes sindicais surpresos, já que, historicamente, a classe era vista como complacente aos baixos salários que recebia. Os dirigentes sindicais foram contra a decisão de paralisação, mas não conseguiram conter as tensões.
Segundo o New York Times, aumentos para carteiros naquela época eram raros: depois de 21 anos no emprego, um carteiro ganharia apenas 2.266 dólares a mais do que seu salário inicial.
O incômodo começou a ficar maior no início daquele ano, quando o Congresso tentou aumentar seus próprios salários em 41%, mas só ofereceu um aumento de 5,4% aos funcionários dos correios.
Primeiro, as operações postais em Nova York foram fechadas e se espalharam rapidamente para cerca de 30 outras cidades. Em poucos dias, cerca de 152.000 trabalhadores em 671 locais estavam em greve.
O evento durou oito dias, ao longo dos quais o caos começou a se instaurar no país, que convocava cidadãos pelo correio para a guerra do Vietnã.
Com pelo menos 30% dos carteiros paralisados, o então presidente americano Richard Nixon se viu obrigado a decretar emergência nacional e convocou a guarda nacional para entregar as correspondências.
Foi por causa desse evento que os trabalhadores federais passaram a poder negociar reajustes salariais, segundo leis trabalhistas de 1978. Nixon decidiu dar um reajuste retroativo para os grevistas após os oito dias e não puniu nenhum deles, apesar de as greves continuarem sendo ilegais no país.