Exame Logo

Greenpeace acusa JBS de descumprir acordo de desmatamento zero

ONG afirma que o JBS ainda adquire gado de áreas envolvidas com desmatamento ilegal e trabalho análogo ao escravo – apesar de acordo firmado em 2009 para pôr for fim às práticas

A ONG ressalta que fazendas com práticas insustentáveis “limpam” seu fornecimento por meio de um terceiro, que vende produtos à JBS (Cláudio Rossi)

Vanessa Barbosa

Publicado em 6 de junho de 2012 às 10h16.

São Paulo – Um novo relatório da ONG ambientalista Greenpeace, divulgado nesta quarta-feira, traz uma série de acusações contra o JBS , o maior frigorífico no setor de carne bovina do mundo. Segundo o documento, a empresa descumpre o compromisso firmado com a ONG em 2009 de não comprar carne de gado de fazendas que realizassem atividades ilegais, como desmatamento, uso de trabalho em condições análoga ao escavo e invasão de terras indígenas ou áreas protegidas.

Na época, outras empresas brasileiras do setor, incluindo a Marfrig, Minerva e Bertin, também assinaram o acordo com critérios mínimos para operações com gado e produtos bovinos em escala industrial na Amazônia. Em 2011, o Greenpeace foi a campo para verificar se JBS e as demais companhias estavam cumprindo o que prometeram no acordo público firmado dois anos antes. O estado escolhido para análise foi o Mato Grosso, uma das regiões onde as empresas mantém operações ou fornecedores.

Na avaliação do Greenpeace, divulgada hoje, a implementação do compromisso tem sido muito lenta. Ao contrastar as medidas adotadas pelas empresas no cumprimento dos critérios mínimos definidos três anos antes, a ONG afirma que o JBS é, entre as empresas, a que “falhou em todos os sentidos”. Conforme o relatório, a JBS falha em prevenir a criação de gado em terras desmatadas recentemente e em proibir que atividades ilegais entrem em sua cadeia de fornecimento.

Não para aí. O coordenador do programa Amazônia do Greenpeace, André Muggiati, critica “a falta de um mecanismo de prestação de conta transparente e passível de verificação” por parte da empresa. E ressalta: “Num mundo ameaçado pelo aquecimento global, não é possível uma empresa admitir desmatamento em sua cadeia”, diz. “A meta deve ser o desmatamento zero, um compromisso que a JBS abraçou em 2009”. Ainda segundo Muggiatti, uma série de multinacionais clientes da JBS devem anunciar a suspenção dos negócios com o frigorífico.

De acordo com o britânico The Guardian, a rede inglesa Tesco, por exemplo, disse que tinha começado a encerrar seus contratos com a JBS mais de um ano atrás, mas alguns produtos ainda podem estar dentro de sua cadeia de suprimentos, devido ao tempo necessário para acabar com os acordos.

Procurada pela reportagem, a JBS afirmou que ainda não teve conhecimento do relatório completo, mas assim que tiver, ele será devidamente analisado e os pontos de divergência serão tecnicamente esclarecidos a todos. A nota enviada à EXAME.com diz ainda: “Esperamos que o Greenpeace venha reconhecer que a JBS é a empresa que se encontra em estágio mais avançado na área de sustentabilidade dentro do setor frigorífico do país, e estamos dispostos a liderar os esforços da indústria nessa área”.

Confira abaixo algum dos pontos que a JBS se comprometeu a mudar, mas que segundo o Greenpeace a empresa ainda não cumpriu:

1 – Sobre o compromisso de evitar o desmatamento na cadeia de fornecimento: o Greenpeace diz que a JBS comprou animais de 5 fazendas acusadas de desmatamento ilegal pelo Ibama entre junho e dezembro de 2011. A ONG afirma que, dessa forma, a empresa manteve a tendência de compras ilegais que foi exposta anteriormente pelo próprio Greenpeace no Mato Grosso entre janeiro e maio de 2011.


2- Sobre o controle do fornecimento indireto: de acordo com o Greenpeace, a JBS não está monitorando seus fornecedores indiretos. A ONG ressalta que fazendas com práticas insustentáveis “limpam” seu fornecimento por meio de um terceiro, que vende produtos à JBS.

3 – Sobre o compromisso que rejeita a invasão de terras indígenas e áreas protegidas: Segundo o Greenpeace,  a investigação em campo, que durou 18 meses, mostrou que a compra de gado originado ilegalmente de terras indígenas é parte da cadeia de fornecimento da JBS. "Entre junho e setembro de 2011, a JBS comprou centenas de animais de fazendas localizadas dentro dos limites da Terra Indígena Marãiwatsede”, aponta o relatório.

4 –Rejeição de trabalho escravo

A JBS está comprando indiretamente animais de fazendas acusadas de uso de trabalho escravo, afirma o Greenpeace. Segundo a ONG, em dezembro de 2010, a fazenda Santa Rita de Cássia, localizada no município de Juara (MT) foi incluída na lista de Trabalho Escravo pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O proprietário mantinha dez de seus funcionários com condições análogas à escravidão.

A ONG ambientalista indica que em agosto de 2011, essa fazenda forneceu 135 animais à fazenda Olho d´Água II e 118 animais à fazenda Beira Rio, também em Juara. A fazenda Olho d´Água II então forneceu 134 animais à JBS e a fazenda Beira Rio forneceu 236 animais à planta da JBS em Juara, em setembro, em novembro e em dezembro de 2011, diz o relatório.

5 – Criação de um sistema de rastreamento da cadeia que possa ser monitorado
O Greenpeace destaca ainda que a JBS não desenvolveu um sistema de rastreamento da cadeia que pudesse ser monitorado, verificado e relatado conforme previsto no acordo. "Sem uma auditoria terceirizada transparente para provar conformidade com o Compromisso do Gado, a JBS não pode garantir a seus compradores no Brasil e na Europa que sua carne não está livre de desmatamento", diz a ONG.

Veja também

São Paulo – Um novo relatório da ONG ambientalista Greenpeace, divulgado nesta quarta-feira, traz uma série de acusações contra o JBS , o maior frigorífico no setor de carne bovina do mundo. Segundo o documento, a empresa descumpre o compromisso firmado com a ONG em 2009 de não comprar carne de gado de fazendas que realizassem atividades ilegais, como desmatamento, uso de trabalho em condições análoga ao escavo e invasão de terras indígenas ou áreas protegidas.

Na época, outras empresas brasileiras do setor, incluindo a Marfrig, Minerva e Bertin, também assinaram o acordo com critérios mínimos para operações com gado e produtos bovinos em escala industrial na Amazônia. Em 2011, o Greenpeace foi a campo para verificar se JBS e as demais companhias estavam cumprindo o que prometeram no acordo público firmado dois anos antes. O estado escolhido para análise foi o Mato Grosso, uma das regiões onde as empresas mantém operações ou fornecedores.

Na avaliação do Greenpeace, divulgada hoje, a implementação do compromisso tem sido muito lenta. Ao contrastar as medidas adotadas pelas empresas no cumprimento dos critérios mínimos definidos três anos antes, a ONG afirma que o JBS é, entre as empresas, a que “falhou em todos os sentidos”. Conforme o relatório, a JBS falha em prevenir a criação de gado em terras desmatadas recentemente e em proibir que atividades ilegais entrem em sua cadeia de fornecimento.

Não para aí. O coordenador do programa Amazônia do Greenpeace, André Muggiati, critica “a falta de um mecanismo de prestação de conta transparente e passível de verificação” por parte da empresa. E ressalta: “Num mundo ameaçado pelo aquecimento global, não é possível uma empresa admitir desmatamento em sua cadeia”, diz. “A meta deve ser o desmatamento zero, um compromisso que a JBS abraçou em 2009”. Ainda segundo Muggiatti, uma série de multinacionais clientes da JBS devem anunciar a suspenção dos negócios com o frigorífico.

De acordo com o britânico The Guardian, a rede inglesa Tesco, por exemplo, disse que tinha começado a encerrar seus contratos com a JBS mais de um ano atrás, mas alguns produtos ainda podem estar dentro de sua cadeia de suprimentos, devido ao tempo necessário para acabar com os acordos.

Procurada pela reportagem, a JBS afirmou que ainda não teve conhecimento do relatório completo, mas assim que tiver, ele será devidamente analisado e os pontos de divergência serão tecnicamente esclarecidos a todos. A nota enviada à EXAME.com diz ainda: “Esperamos que o Greenpeace venha reconhecer que a JBS é a empresa que se encontra em estágio mais avançado na área de sustentabilidade dentro do setor frigorífico do país, e estamos dispostos a liderar os esforços da indústria nessa área”.

Confira abaixo algum dos pontos que a JBS se comprometeu a mudar, mas que segundo o Greenpeace a empresa ainda não cumpriu:

1 – Sobre o compromisso de evitar o desmatamento na cadeia de fornecimento: o Greenpeace diz que a JBS comprou animais de 5 fazendas acusadas de desmatamento ilegal pelo Ibama entre junho e dezembro de 2011. A ONG afirma que, dessa forma, a empresa manteve a tendência de compras ilegais que foi exposta anteriormente pelo próprio Greenpeace no Mato Grosso entre janeiro e maio de 2011.


2- Sobre o controle do fornecimento indireto: de acordo com o Greenpeace, a JBS não está monitorando seus fornecedores indiretos. A ONG ressalta que fazendas com práticas insustentáveis “limpam” seu fornecimento por meio de um terceiro, que vende produtos à JBS.

3 – Sobre o compromisso que rejeita a invasão de terras indígenas e áreas protegidas: Segundo o Greenpeace,  a investigação em campo, que durou 18 meses, mostrou que a compra de gado originado ilegalmente de terras indígenas é parte da cadeia de fornecimento da JBS. "Entre junho e setembro de 2011, a JBS comprou centenas de animais de fazendas localizadas dentro dos limites da Terra Indígena Marãiwatsede”, aponta o relatório.

4 –Rejeição de trabalho escravo

A JBS está comprando indiretamente animais de fazendas acusadas de uso de trabalho escravo, afirma o Greenpeace. Segundo a ONG, em dezembro de 2010, a fazenda Santa Rita de Cássia, localizada no município de Juara (MT) foi incluída na lista de Trabalho Escravo pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O proprietário mantinha dez de seus funcionários com condições análogas à escravidão.

A ONG ambientalista indica que em agosto de 2011, essa fazenda forneceu 135 animais à fazenda Olho d´Água II e 118 animais à fazenda Beira Rio, também em Juara. A fazenda Olho d´Água II então forneceu 134 animais à JBS e a fazenda Beira Rio forneceu 236 animais à planta da JBS em Juara, em setembro, em novembro e em dezembro de 2011, diz o relatório.

5 – Criação de um sistema de rastreamento da cadeia que possa ser monitorado
O Greenpeace destaca ainda que a JBS não desenvolveu um sistema de rastreamento da cadeia que pudesse ser monitorado, verificado e relatado conforme previsto no acordo. "Sem uma auditoria terceirizada transparente para provar conformidade com o Compromisso do Gado, a JBS não pode garantir a seus compradores no Brasil e na Europa que sua carne não está livre de desmatamento", diz a ONG.

Acompanhe tudo sobre:AgronegócioAgropecuáriaCarnes e derivadosEmpresas abertasEmpresas brasileirasGreenpeaceJBSMeio ambiente

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame