Governo do Equador lança jornal popular para competir com a imprensa privada
O tabloide popular tem impressão em cores, 16 páginas e um suplemento de variedades
Da Redação
Publicado em 6 de setembro de 2010 às 21h18.
Quito - O governo socialista do Equador, que mantém um duro confronto com a imprensa, ampliou sua presença na mídia, pondo em circulação nesta segunda-feira um jornal de teor popular, que se somou a vários meios sob controle estatal, depois de expropriados de ex-banqueiros.
Como um irmão do matutino El Telégrafo, decano da imprensa equatoriana e o primeiro confiscado, como parte da crise bancária do final dos anos 90, apareceu o "PP (Periódico Popular), El Verdadero", um tabloide com impressão em cores de 16 páginas, com um suplemento de variedades.
"Todos devem comprar 'El Verdadero' e ajudar a derrotar estas empresas voltadas para o lucro e que dizem fazer comunicação; na verdade, só defendem os próprios negócios e interesses", disse o presidente Rafael Correa, que chama de corrupto e mentiroso um setor da imprensa equatoriana.
"Até que enfim sai um jornal que diz a verdade junto a El Telégrafo, contra-atacando os poderes disfarçados dos meios de comunicação!", expressou o presidente domingo, na véspera da circulação do PP.
Correa, no poder desde janeiro de 2007, renovou igualmente uma emissora de rádio e pôs no ar um canal de televisão e uma agência de notícias, ao mesmo tempo em que se promove através de um jornal eletrônico.
"O PP de nenhuma maneira será público porque é um diário que pretende ser a voz do governo, a voz do regime", declarou à AFP o analista Mauro Cerbino, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).
Cerbino afirmou, ainda, que a "revolução cidadã" (como Correa chama o projeto de governo) em princípio está fortalecendo seu poder na mídia, mas "é preciso ver até quando dura".
"Claro que fortalece seu poder, mas é preciso esperar para ver a aceitação do PP. Os meios de comunicação demoram muito tempo em ser aceitos pelas pessoas", assinalou por sua vez o especialista José Laso, da Universidade Andina.
O governo promove, além disso, uma lei de comunicação que os principais órgãos da imprensa consideram uma tentativa de censura, mas que, no entender de Correa, defende a responsabilidade social da imprensa.
Há um mês, Correa - que terá seu mandato concluído em 2013, com a possibilidade de estendê-lo até 2017 - denunciou a tentativa do "poder financeiro" de "desestabilizar" seu governo, para tirar-lhe a competência legal sobre a venda de empresas que setores distintos dos bancos possuem, como os meios de comunicação.
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