Governo do Chile propõe aumento nas aposentadorias em resposta a protestos
Proposta de Sebastian Piñera, presidente do Chile, prevê que reajustes serão bancados com aumento da contribuição dos empregadores e do estado
Reuters
Publicado em 16 de janeiro de 2020 às 08h37.
Última atualização em 16 de janeiro de 2020 às 08h39.
Santiago — O presidente do Chile , Sebastian Piñera, anunciou na quarta-feira que enviará um projeto de lei ao Congresso nesta semana para reformar o atual sistema previdenciário, que deixa muitos aposentados vivendo em situação de pobreza e tem sido uma das principais queixas dos manifestantes que protestam há meses.
Em um pronunciamento de rádio e televisão, Piñera disse que vai propor um aumento de 6% na contribuição previdenciária por trabalhador.
O sistema de pensões do Chile é formatado no esquema de capitalização, em que os trabalhadores pagam pelo menos 10% de seus salários por mês para fundos com fins lucrativos, chamados de Administradores de Fundos de Pensões (AFPs). O ajuste proposto implica um aumento de 3% na contribuição do empregador.
Além disso, os empregadores contribuiriam com outros 3% para um fundo estatal destinado a melhorar as aposentadorias atuais e futuras.
O sistema de pensões e as AFPs foram duramente criticadas em protestos que começaram em meados de outubro e deixaram pelo menos 27 pessoas mortas, milhares de presos e várias propriedades danificadas.
Muitos chilenos vivem com pensões significativamente inferiores ao salário mínimo, mesmo que tenham trabalhado a maior parte de suas vidas.
Piñera disse que a reforma significa que agora nenhum aposentado ficará abaixo da linha da pobreza e que ninguém que tenha contribuído para o sistema de pensões por mais de 30 anos estará vivendo com valores abaixo do salário mínimo atual.
"Esta nova reforma representa uma mudança estrutural e cria um novo sistema de aposentadoria", afirmou Piñera, acrescentando que a medida beneficiará 1 milhão de aposentados.
Piñera, cujo irmão introduziu o sistema previdenciário atual durante a era de Augusto Pinochet, disse logo após o início dos protestos que aumentaria o alcance de um projeto de reforma previdenciária existente que estava a caminho do Congresso.
Em seu discurso na quarta-feira, Piñera disse que a reforma implicaria um custo "significativo" para o Estado, sem divulgar os números.