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Cubo de concreto é a única barreira contra radiação de Chernobyl

Especialistas criticam a gigantesca estrutura construída para conter o vazamento de material radioativo e pedem que novas medidas sejam tomadas

A usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia foi o cenário do pior acidente nuclear já ocorrido (Ben Fairless / Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 4 de maio de 2011 às 08h56.

Kiev - Vinte e cinco anos depois da catástrofe de Chernobyl, o gigantesco cubo de concreto que cobre os restos do reator 6 da usina nuclear, mais conhecido como "sarcófago", é ainda a única e precária barreira para os 16 milhões de curies de radioatividade que se calcula que há encerrados em seu interior.

O "Refúgio", nome oficial da instalação, foi construído o mais rápido possível e ficou pronto seis meses depois do acidente nuclear, que é considerado até hoje o mais grave na história do uso pacífico da energia atômica.

Cerca de meio milhão de metros cúbicos de concreto e mais de 17 mil toneladas de estruturas metálicas foram empregados nessa obra de engenharia para conter a radiação emitida pelas cerca de 185 toneladas de combustível do reator danificado.

O "sarcófago" foi projetado para ter vida útil de 30 anos, mas o fato de algumas de suas estruturas principais se apoiarem nos alicerces da unidade geradora acidentada levanta dúvidas sobre sua solidez. Por isso, algumas correntes, como os ecologistas, advertiram do risco do afundamento de seu teto.

Além disso, preocupam as fendas na gigantesca caixa de concreto devido à umidade e os vazamentos de radiação pelos condutos de ventilação do "sarcófago".

Segundo os especialistas, o desmoronamento da instalação teria consequências até mais graves que a fatídica explosão de 26 de abril de 1986.

Por isso, seis anos depois do acidente, em 1992, já depois da desintegração da União Soviética, as autoridades ucranianas projetaram transformar a instalação que cobre o reator destruído em um sistema ecológico seguro.

A primeira tarefa era reforçar as estruturas do "sarcófago", trabalho que foi concluído em 2007 e que permitiu aos engenheiros darem garantias de segurança para um período de 15 anos, suficiente para erigir a nova instalação, projetada para ter vida útil de um século.

O "novo sarcófago seguro", cujas primeiras obras começaram no ano passado, a cargo do consórcio francês Novarka, terá forma de arco, com altura de 108 metros e longitude de 150 metros, cobrindo a atual instalação.

"Trata-se de um trabalho muito complexo, de grande periculosidade devido à radiação. Enfrentamos um grande número de incógnitas, pois não sabemos o que vamos encontrar", explicou o diretor-geral da central de Chernobyl, Igor Gramotkin.


Ninguém sabe exatamente o que acontece dentro do sarcófago: durante sua construção, o concreto, que foi bombeado a distância, inundou várias áreas, impedindo o acesso ao reator acidentado e a outras instalações da unidade geradora.

Segundo o presidente da Agência Estatal de Administração da Zona de Exclusão de Chernobyl, Vladimir Jolosha, os trabalhos para transformar o sarcófago em um sistema seguro têm um custo de 1,54 bilhão de euros.

Desse total, 990 milhões de euros correspondem ao custo do "arco", que conterá a propagação de partículas radioativas inclusive no caso de destruição do velho sarcófago.

Grande parte do financiamento do projeto corre por conta de países e organizações doadoras, como a Comissão Europeia, com uma contribuição de mais de 200 milhões de euros, assim como o Grupo dos Oito (G8: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália, Japão e Rússia) e países da União Europeia e de outras regiões do mundo.

Recentemente, o ministro para Situações de Emergência da Ucrânia, Victor Baloga, calculou em 740 milhões de euros o montante que ainda falta para completar o financiamento de todos os trabalhos.

O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, disse estar convencido de que por ocasião do 25º aniversário da catástrofe será possível obter, com a ajuda dos países doadores, os fundos necessários para construir o novo sarcófago.

O chefe de Estado indicou que depois do acidente na usina japonesa de Fukushima "todo o mundo se convenceu de que não há nenhum país que possa enfrentar sozinho, com seus próprios meios, uma catástrofe desta natureza".

A Ucrânia propõe desativar totalmente a central e o território adjacente até 2018, e enterrar para sempre, com o auxílio da companhia americana Holtec International, as 185 toneladas de combustível nuclear que há no reator acidentado.

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O "Refúgio", nome oficial da instalação, foi construído o mais rápido possível e ficou pronto seis meses depois do acidente nuclear, que é considerado até hoje o mais grave na história do uso pacífico da energia atômica.

Cerca de meio milhão de metros cúbicos de concreto e mais de 17 mil toneladas de estruturas metálicas foram empregados nessa obra de engenharia para conter a radiação emitida pelas cerca de 185 toneladas de combustível do reator danificado.

O "sarcófago" foi projetado para ter vida útil de 30 anos, mas o fato de algumas de suas estruturas principais se apoiarem nos alicerces da unidade geradora acidentada levanta dúvidas sobre sua solidez. Por isso, algumas correntes, como os ecologistas, advertiram do risco do afundamento de seu teto.

Além disso, preocupam as fendas na gigantesca caixa de concreto devido à umidade e os vazamentos de radiação pelos condutos de ventilação do "sarcófago".

Segundo os especialistas, o desmoronamento da instalação teria consequências até mais graves que a fatídica explosão de 26 de abril de 1986.

Por isso, seis anos depois do acidente, em 1992, já depois da desintegração da União Soviética, as autoridades ucranianas projetaram transformar a instalação que cobre o reator destruído em um sistema ecológico seguro.

A primeira tarefa era reforçar as estruturas do "sarcófago", trabalho que foi concluído em 2007 e que permitiu aos engenheiros darem garantias de segurança para um período de 15 anos, suficiente para erigir a nova instalação, projetada para ter vida útil de um século.

O "novo sarcófago seguro", cujas primeiras obras começaram no ano passado, a cargo do consórcio francês Novarka, terá forma de arco, com altura de 108 metros e longitude de 150 metros, cobrindo a atual instalação.

"Trata-se de um trabalho muito complexo, de grande periculosidade devido à radiação. Enfrentamos um grande número de incógnitas, pois não sabemos o que vamos encontrar", explicou o diretor-geral da central de Chernobyl, Igor Gramotkin.


Ninguém sabe exatamente o que acontece dentro do sarcófago: durante sua construção, o concreto, que foi bombeado a distância, inundou várias áreas, impedindo o acesso ao reator acidentado e a outras instalações da unidade geradora.

Segundo o presidente da Agência Estatal de Administração da Zona de Exclusão de Chernobyl, Vladimir Jolosha, os trabalhos para transformar o sarcófago em um sistema seguro têm um custo de 1,54 bilhão de euros.

Desse total, 990 milhões de euros correspondem ao custo do "arco", que conterá a propagação de partículas radioativas inclusive no caso de destruição do velho sarcófago.

Grande parte do financiamento do projeto corre por conta de países e organizações doadoras, como a Comissão Europeia, com uma contribuição de mais de 200 milhões de euros, assim como o Grupo dos Oito (G8: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália, Japão e Rússia) e países da União Europeia e de outras regiões do mundo.

Recentemente, o ministro para Situações de Emergência da Ucrânia, Victor Baloga, calculou em 740 milhões de euros o montante que ainda falta para completar o financiamento de todos os trabalhos.

O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, disse estar convencido de que por ocasião do 25º aniversário da catástrofe será possível obter, com a ajuda dos países doadores, os fundos necessários para construir o novo sarcófago.

O chefe de Estado indicou que depois do acidente na usina japonesa de Fukushima "todo o mundo se convenceu de que não há nenhum país que possa enfrentar sozinho, com seus próprios meios, uma catástrofe desta natureza".

A Ucrânia propõe desativar totalmente a central e o território adjacente até 2018, e enterrar para sempre, com o auxílio da companhia americana Holtec International, as 185 toneladas de combustível nuclear que há no reator acidentado.

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