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Gaza teme por crise de provisões após Egito fechar passagens

O Egito decidiu nesta semana fechar por tempo indefinido a passagem fronteiriça de Rafah, que o une com Gaza, e destruir os túneis que conectam ambos territórios

Menino na fronteira de Rafah, entre Egito e Gaza: Harb, residente de Rafah, acredita que "se a situação continuar, nos dirigimos para uma verdadeira crise humanitária" (Said Khatib/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2012 às 15h56.

Gaza - O fechamento por parte dos governos do Hamas e do Egito de centenas de túneis que conectam Gaza com o Sinai após o atentado do último domingo dificulta o fornecimento de produtos diversos aos 1,7 milhões de palestinos que vivem na Faixa.

O Egito decidiu nesta semana fechar por tempo indefinido a passagem fronteiriça de Rafah, que o une com Gaza, e destruir os túneis que conectam ambos territórios após o ataque de supostos jihadistas que causaram a morte de 16 policiais e soldados egípcios antes de penetrar em solo israelense.

Israel acusa o movimento islamita que governa Gaza de utilizar essas passagens subterrâneas para introduzir armas na Faixa, ou de ser a via de acesso de milicianos de todo o tipo com o objetivo de atacar alvos israelenses.

Moradores da cidade fronteiriça de Rafah, no sul da faixa palestina, asseguram que forças de segurança egípcias destruíram nos últimos dias vários dos 400 túneis, mas não souberam detalhar quantos.

As autoridades do Hamas, encarregadas de outorgar licenças prévias de pagamento para operar as passagens, se recusam a fornecer números a esse respeito.

Abu Shadi Harb, de 40 anos e residente do bairro Al Salam de Rafah, é proprietário de um dos túneis, que escavou meses atrás.

"O contrabando de produtos, alimentos e outras mercadorias cessou completamente depois da morte de vários soldados egípcios. O fechamento dos túneis foi uma solicitação das autoridades do Hamas", explicou antes de qualificar essas passagens de "artérias vitais para a população de Gaza".

Harb diz que a região se assemelha a "um cemitério onde só se veem fantasmas" e acredita que "se a situação continuar, nos dirigimos para uma verdadeira crise humanitária".

O taxista Rami al-Khaldi, de 30 anos, oriundo do campo de refugiados de Jabalya, no norte de Gaza, vai além.


"O fechamento dos túneis e dos cruzamentos fronteiriços estão nos asfixiando. Os comerciantes subiram os preços dos produtos logo após saber que os túneis seriam fechados, a fim de aumentar seus lucros à custa do sofrimento das pessoas", lamentou.

Dois dias depois do atentado, Israel reabriu a passagem comercial de Kerem Shalom, também alvo do ataque do suposto comando jihadista, e autorizou a entrada em Gaza de mais produtos.

Porém, para Nidal al Waheidi, de 28 anos e morador da Cidade de Gaza, não é suficiente: "Os túneis abastecem a Faixa de tudo o que é necessário para comer, combustível e outras mercadorias, além de ajudar a unir tantas famílias divididas".

Waheidi adverte que "seu fechamento completo sem alternativa será desastroso e deixará quatro mil pessoas sem emprego" em pleno mês do Ramadã, que termina na próxima semana com uma das principais festas muçulmanas, o Eid ul-Fitr (fim do jejum).

No plano político, o deputado do Hamas Mushir Al-Masri alertou que "o fechamento permanente dos cruzamentos e túneis levará a uma crise humanitária, social e econômica".

Após o ataque no Sinai a imprensa egípcia informou que as autoridades destruiriam todos os túneis, o que fez com que centenas de moradores de Gaza se apressassem a reabastecer nos postos de gasolina.

Mohammed Lada trabalha em um deles na capital de Gaza e aponta que "as pessoas armazenaram quantidades de combustível suficientes para vários dias, mas se as autoridades mantiverem os túneis fechados a situação piorará".

Após a tomada de Gaza pelo Hamas em 2007, Israel endureceu seu bloqueio à Faixa, situação que fez com que o comércio com o Egito acontecesse por contrabando através dos túneis.

Israel aliviou em boa medida essas restrições em 2010, após as repercussões internacionais do ataque militar a uma pequena frota carregada com ajuda humanitária para Gaza.

O regime anterior de Hosni Mubarak cooperava com o Estado judeu no bloqueio em uma tentativa de isolar o Hamas, embora fizesse vista grossa com os túneis.

O movimento islamita e em boa medida a população de Gaza haviam criado a ilusão que o triunfo no Egito da Irmandade Muçulmana - matriz do Hamas - acabaria com os problemas na Faixa.

Porém, com os túneis selados, a única fronteira que não limita com Israel fechada e a recente ofensiva militar egípcia contra células islamitas no Sinai, essas esperanças estão se diluindo.

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Gaza - O fechamento por parte dos governos do Hamas e do Egito de centenas de túneis que conectam Gaza com o Sinai após o atentado do último domingo dificulta o fornecimento de produtos diversos aos 1,7 milhões de palestinos que vivem na Faixa.

O Egito decidiu nesta semana fechar por tempo indefinido a passagem fronteiriça de Rafah, que o une com Gaza, e destruir os túneis que conectam ambos territórios após o ataque de supostos jihadistas que causaram a morte de 16 policiais e soldados egípcios antes de penetrar em solo israelense.

Israel acusa o movimento islamita que governa Gaza de utilizar essas passagens subterrâneas para introduzir armas na Faixa, ou de ser a via de acesso de milicianos de todo o tipo com o objetivo de atacar alvos israelenses.

Moradores da cidade fronteiriça de Rafah, no sul da faixa palestina, asseguram que forças de segurança egípcias destruíram nos últimos dias vários dos 400 túneis, mas não souberam detalhar quantos.

As autoridades do Hamas, encarregadas de outorgar licenças prévias de pagamento para operar as passagens, se recusam a fornecer números a esse respeito.

Abu Shadi Harb, de 40 anos e residente do bairro Al Salam de Rafah, é proprietário de um dos túneis, que escavou meses atrás.

"O contrabando de produtos, alimentos e outras mercadorias cessou completamente depois da morte de vários soldados egípcios. O fechamento dos túneis foi uma solicitação das autoridades do Hamas", explicou antes de qualificar essas passagens de "artérias vitais para a população de Gaza".

Harb diz que a região se assemelha a "um cemitério onde só se veem fantasmas" e acredita que "se a situação continuar, nos dirigimos para uma verdadeira crise humanitária".

O taxista Rami al-Khaldi, de 30 anos, oriundo do campo de refugiados de Jabalya, no norte de Gaza, vai além.


"O fechamento dos túneis e dos cruzamentos fronteiriços estão nos asfixiando. Os comerciantes subiram os preços dos produtos logo após saber que os túneis seriam fechados, a fim de aumentar seus lucros à custa do sofrimento das pessoas", lamentou.

Dois dias depois do atentado, Israel reabriu a passagem comercial de Kerem Shalom, também alvo do ataque do suposto comando jihadista, e autorizou a entrada em Gaza de mais produtos.

Porém, para Nidal al Waheidi, de 28 anos e morador da Cidade de Gaza, não é suficiente: "Os túneis abastecem a Faixa de tudo o que é necessário para comer, combustível e outras mercadorias, além de ajudar a unir tantas famílias divididas".

Waheidi adverte que "seu fechamento completo sem alternativa será desastroso e deixará quatro mil pessoas sem emprego" em pleno mês do Ramadã, que termina na próxima semana com uma das principais festas muçulmanas, o Eid ul-Fitr (fim do jejum).

No plano político, o deputado do Hamas Mushir Al-Masri alertou que "o fechamento permanente dos cruzamentos e túneis levará a uma crise humanitária, social e econômica".

Após o ataque no Sinai a imprensa egípcia informou que as autoridades destruiriam todos os túneis, o que fez com que centenas de moradores de Gaza se apressassem a reabastecer nos postos de gasolina.

Mohammed Lada trabalha em um deles na capital de Gaza e aponta que "as pessoas armazenaram quantidades de combustível suficientes para vários dias, mas se as autoridades mantiverem os túneis fechados a situação piorará".

Após a tomada de Gaza pelo Hamas em 2007, Israel endureceu seu bloqueio à Faixa, situação que fez com que o comércio com o Egito acontecesse por contrabando através dos túneis.

Israel aliviou em boa medida essas restrições em 2010, após as repercussões internacionais do ataque militar a uma pequena frota carregada com ajuda humanitária para Gaza.

O regime anterior de Hosni Mubarak cooperava com o Estado judeu no bloqueio em uma tentativa de isolar o Hamas, embora fizesse vista grossa com os túneis.

O movimento islamita e em boa medida a população de Gaza haviam criado a ilusão que o triunfo no Egito da Irmandade Muçulmana - matriz do Hamas - acabaria com os problemas na Faixa.

Porém, com os túneis selados, a única fronteira que não limita com Israel fechada e a recente ofensiva militar egípcia contra células islamitas no Sinai, essas esperanças estão se diluindo.

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