França é o 1º país a recomendar dose única de vacina pra quem já teve covid
Além dos benefícios para a saúde, os pesquisadores apontaram que administrar uma única dose em pessoas que já estiverem doentes poderia economizar doses em um contexto de oferta restrita
AFP
Publicado em 12 de fevereiro de 2021 às 12h43.
As autoridades de saúde francesas recomendaram nesta sexta-feira (12) "oferecer apenas uma dose" da vacina contra a covid-19 para pessoas "que já tiveram uma infecção" com o coronavírus, tornando-se assim o primeiro país a fazer tal recomendação.
Pessoas curadas da covid-19 "já desenvolveram memória imunológica durante a infecção. A dose única da vacina terá, portanto, um papel de lembrete", explicou a Alta Autoridade em Saúde (HAS) em seu parecer, que ainda não recebeu o aval do governo.
A autoridade também recomendou esperar "mais de três meses" após a doença, "e de preferência seis meses", antes de injetar essa dose única.
"Até à data, nenhum país se posicionou claramente sobre uma vacinação de dose única para pessoas que contraíram a covid-19 antes da vacinação", ressaltou o organismo.
Nos últimos dias, essa solução foi mencionada em diversos estudos realizados nos Estados Unidos e na Itália, mas que ainda não foram avaliados por outros cientistas.
Além dos benefícios para a saúde, os pesquisadores por trás destes trabalhos apontaram que administrar uma única dose em pessoas que já estiverem doentes poderia economizar doses em um contexto de oferta restrita.
O governo francês geralmente segue o conselho da Autoridade de Saúde. No final de janeiro, porém, considerou que o tempo entre as duas doses da vacina Pfizer não poderia ser aumentado, contrariando a recomendação feita alguns dias antes pela HAS.
As autoridades sanitárias apostam muito no avanço da campanha de vacinação para enfrentar a situação epidêmica que continua complexa, mas o caminho ainda é longo: até quinta-feira, 2.135.333 pessoas haviam recebido pelo menos uma dose da vacina na França, das quais 535.775 pessoas receberam duas doses.
Desde o início da pandemia de covid-19, 3,4 milhões de casos de infecções confirmadas foram registrados na França. Provavelmente, mais pessoas contraíram o vírus, especialmente durante a primeira onda, quando os testes não estavam amplamente disponíveis.
As três vacinas contra a covid-19 atualmente autorizadas na União Europeia ( Pfizer/BioNTech, Moderna e AstraZeneca/Oxford ) exigem duas doses para serem totalmente eficazes em pessoas que nunca tiveram contato com o vírus.
Já a da Johnson & Johnson, em análise pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), exige uma única injeção.