Dilma Rousseff e José Serra: sem debate e sem carisma (Wilson Dias/AGÊNCIA BRASIL)
Diogo Max
Publicado em 27 de outubro de 2010 às 08h20.
São Paulo - Em um editorial publicado nesta quarta-feira, o jornal inglês Financial Times critica o baixo nível das campanhas, dos debates e das discussões nas eleições presidenciais brasileiras e volta a salientar a falta de carisma entre os candidatos Dilma Rousseff, do PT, e José Serra, do PSDB.
“A eleição presidencial do Brasil tomou um rumo desagradável”, começa o editorial, que cita os ataques ocorridos na semana passada contra José Serra no Rio de Janeiro e em que foi utilizado um rolo de fita adesiva. O jornal também cita a agressão contra Dilma Rousseff no Paraná, onde uma bexiga d’água passou por cima de sua cabeça.
Para o Financial Times, a agressividade contra os candidatos do PT e do PSDB se deu por que ambos quase não debateram suas propostas políticas, “preferindo vagas promessas de continuidade”.
“Isso é politicamente compreensível: todo brasileiro quer prolongar a nova prosperidade do país. Mas isso também deixou os candidatos a se definirem apenas por denegrir o outro”, diz o jornal inglês.
O Financial Times afirma que tanto Dilma, quanto Serra têm a mesma visão política, inclusive com um “forte componente social”. Ou seja, como diz o jornal inglês, ambos são “tecnocratas intrometidos e sem graça”.
Para os britânicos, o “sucesso” em Brasília depende da capacidade do presidente para “convencer” e “seduzir” seus parceiros políticos. “Lula foi rico nesses talentos. Dilma Rousseff e José Serra não são”, critica o Financial Times.
Problema para democracia
Apesar de traçar “sutis” diferenças entre Dilma Rousseff e José Serra, em que a primeira colocaria o Estado mais presente na economia do que segundo, o jornal inglês sugere um futuro problema para a democracia brasileira.
Trata-se da “presidência paralela”, como ocorreu com o ex-presidente Vladimir Putin na Rússia, em que a figura do atual presidente Dmitri Medvedev é influenciada pelo seu predecessor e correligionário.
“Também existe a possibilidade do retorno de Lula para o cargo em 2014 e 2018. Se for apenas para interromper essa relação com o poder, José Serra é a melhor opção para o Brasil”, conclui o periódico.