Farc dispostas a reconhecer vítimas desde os anos 1930
Em processo de negociações de paz desde novembro em Havana, as FARC e uma delegação do governo analisam o ponto que diz respeito à reparação das vítimas
Da Redação
Publicado em 6 de setembro de 2014 às 13h08.
São Paulo - A guerrilha comunista das Farc propôs neste sábado em Havana reconhecer como vítimas do conflito armado na Colômbia as pessoas afetadas desde os anos 1930, três décadas antes de sua fundação.
"Serão reconhecidas todas as vítimas do conflito a partir dos anos 30", declarou o negociador guerrilheiro Marco Antonio Calarcá em um comunicado lido para a imprensa.
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) foram fundadas em 1964, muito depois do início da espiral de violência que resultou na morte do líder liberal Jorge Eliecer Gaitán, em abril de 1948.
A data, segundo explicaram à AFP porta-vozes das Farc, está relacionada à reação campesina à Lei de Terras promulgada pelo presidente Alfonso López Pumarejo (1934-38), que provocou uma repressão violenta por parte dos latifundiários, assim como havia acontecido no chamado "massacre das bananeiras", em 1928.
"Serão tomadas como referência as definições de direito internacional ajustadas às condições particulares do conflito colombiano, em especial as violações das normas internacionais de diretos humanos e as graves violações do direito internacional humanitário", disse Calarcá.
"O reconhecimento das vítimas do conflito nos termos aqui estabelecidos constituirá a base para o reconhecimento de seus direitos. As vítimas serão compreendidas como sujeito político", afirmou Calarcá.
Em processo de negociações de paz desde novembro em Havana, as FARC e uma delegação do governo analisam o ponto que diz respeito à reparação das vítimas, na agenda acordada para pôr fim ao conflito armado.
Desde que se iniciaram as negociações de paz, as partes chegaram a um consenso de três dos seis pontos da agenda: reforma rural (maio de 2013), participação política da guerrilha (novembro de 2013) e drogas ilícitas (maio de 2014). Falta ainda definir a reparação das vítimas (tema que discutido agora), o desarmamento da guerrilha e o mecanismo para referendar o acordo.