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Famílias não se falam mais por estarem em lados opostos na eleição dos EUA

Ao longo dos quatro anos de sua presidência fora dos padrões, Trump despertou emoções fortes em apoiadores e oponentes

Donald Trump e Joe Biden, durante debate eleitoral em 2020 (Brian Snyder/Reuters)
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Reuters

Publicado em 3 de novembro de 2020 às 12h12.

Última atualização em 3 de novembro de 2020 às 17h14.

Quando Mayra Gomez, democrata por toda uma vida, disse ao filho de 21 anos, cinco meses atrás, que votará em Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos nesta terça-feira, ele cortou relações.

"Ele me disse especificamente: 'você não é mais minha mãe, porque vai votar em Trump'", disse Gomez, cuidadora de 41 anos de Milwaukee, à Reuters. A última conversa entre os dois foi tão amarga que ela não tem certeza de que os dois podem se reconciliar, mesmo se Trump não se reeleger.

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Ela não é a única a pensar que os rompimentos entre familiares e amigos por causa da presidência tumultuada de Trump serão difíceis, senão impossíveis, de consertar, mesmo depois que ele deixar o cargo - seja quando for.

Em entrevistas com 10 eleitores - cinco apoiadores de Trump e cinco do candidato democrata, Joe Biden -, poucos anteviam uma cura para as relações pessoais arruinadas pelo mandato de Trump, e a maioria acredita que elas estão destruídas para sempre.

Ao longo dos quatro anos de sua presidência fora dos padrões, Trump despertou emoções fortes em apoiadores e oponentes. Muitos dos primeiros admiram suas ações para reformar a imigração, sua indicação de juízes conservadores, sua disposição para descartar as convenções e sua retórica áspera, que consideram uma demonstração de sinceridade.

Democratas e outros críticos veem o ex-empreendedor imobiliário e ex-personalidade de reality show como uma ameaça à democracia norte-americana, um mentiroso contumaz e um racista que não soube lidar com a pandemia de coronavírus, que já matou mais de 230 mil pessoas no país. Trump refuta tais caracterizações classificando-as como "fake news".

Agora que Trump está atrás de Biden nas pesquisas de opinião, as pessoas estão começando a se perguntar se as fraturas causadas por um dos mandatos mais polarizadores da história dos EUA podem ser reparadas se ele perder a eleição.

"Infelizmente, não acho que a cura nacional é tão fácil quanto trocar de presidente", disse Jaime Saal, psicoterapeuta do Centro de Medicina Comportamental Rochester de Rochester Hills, no Michigan.

A eleição de Trump em 2016 dividiu famílias, destruiu amizades e fez vizinhos se voltarem uns contra os outros. Muitos recorreram ao Facebook e ao Twitter para publicar postagens sem papas na língua tanto contra Trump quanto contra seus muitos críticos, e os tuítes ousados do próprio presidente também atiçam as tensões.

Um relatório de setembro do apartidário Centro de Pesquisa Pew revelou que quase 80% dos apoiadores de Trump e de Biden disseram ter pouco ou nenhum amigo que apoia o outro candidato.

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