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Explosão destrói barragem na Ucrânia e governo alerta para inundações generalizadas, veja vídeo

Rússia e Ucrânia trocaram acusações sobre a autoria do ataque; 16 mil pessoas estão na chamada "zona de risco"

Imagem de satélite da empresa Maxar Technologies mostra os danos em parte da barragem de Kakhovka, sul da Ucrânia (AFP/AFP)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 6 de junho de 2023 às 06h44.

Uma grande barragem construída na era soviética, em Nova Kakhovka, no sul da Ucrânia numa zona controlada pela Rússia, explodiu esta terça-feira, 6, provocando uma enorme inundação. A informação foi confirmada por forças ucranianas e russas.

O Ministério ucraniano do Interior escreveu no Telegram que a barragem de Kakhovka tinha explodido e apelou aos moradores de 10 localidades na margem direita do rio e na cidade de Kherson para reunirem documentos essenciais e animais de estimação, desligarem a eletricidade e partirem. 16 mil pessoas estão na chamada "zona de risco".

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Ainda não foi apurada a origem do aparelho que fez explodir a estrutura. Numa primeira reação, Moscou e Kiev trocam acusações sobre origem do ataque. A Ucrânia afirmou que a destruição da barragem aumenta rapidamente o risco de uma "catástrofe nuclear" na central de Zaporizhzhia, que usa água da represa atingida para sua refrigeração, mas a Rússia e a Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA) descartaram um perigo imediato.

Vários vídeos a circular nas redes sociais, mostram uma série de explosões intensas à volta a barragem de Kakhovka. Outros vídeos, incluindo um publicado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, mostram a água a inundar a zona.

Pelas redes sociais, Zelenskyy acusa "terroristas russos" de serem os responsáveis por este ataque. O Presidente ucraniano convocou uma reunião do Conselho de Segurança Nacional depois do "crime de guerra" russo, afirmou seu chefe de gabinete, Andriy Yermak.

A Ucrânia chamou a Rússia de "Estado terrorista" na Corte Internacional de Justiça (CIJ). O ataque contra a barragem de Kakhovka "provocou a retirada de civis e graves danos ecológicos", declarou o representante de Kiev, Anton Korinevich, na principal jurisdição da ONU. "As ações da Rússia são as ações de um Estado terrorista, de um agressor", acrescentou.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que a Rússia prestará contas pela destruição de uma infraestrutura civil, o que ele também classificou de "crime de guerra".

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, criticou a "brutalidade" da Rússia após a destruição da barragem hidreléctrica.

A barragem, com 30 metros de altura e 3,2 km de comprimento, foi construída em 1956 no rio Dnipro como parte da central hidroelétrica de Kakhovka.

Possui um reservatório de 18 km3 que também fornece água à península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, e à central nuclear de Zaporíjia, que também está sob controlo russo.

Inundações e risco nuclear

O comandante militar ucraniano em Kherson, Oleksander Prokudin, disse que várias localidades ficaram "completamente ou parcialmente inundadas" e a população começou a abandonar a região.

"Quase 16.000 pessoas estão na zona crítica, na margem direita da região de Kherson", afirmou Prokudin nas redes sociais.

Do outro lado, o governador de Kherson nomeado pela Rússia, Andrey Alekseyenko, disse que nenhuma grande cidade está sob ameaça de inundação após o aumento de entre "dois e quatro metros" do nível da água.

A barragem de Kakhovka, tomada no início da ofensiva russa na Ucrânia, abastece a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014, e também fornece água de resfriamento para a central nuclear de Zaporizhzhia.

Por este motivo, Podoliak alertou que o risco de "catástrofe nuclear" na central, a maior da Europa, "aumenta rapidamente" após a destruição parcial da barragem. Os alertas foram rebatidos pelo governante russo local e pela AIEA.

"Os especialistas da AIEA na central nuclear de Zaporizhzhia estão monitorando de perto a situação. Não há risco imediato para a segurança nuclear na central", tuitou a agência da ONU.

Os danos à barragem aconteceram após um dia marcado por informações contraditórias: a Ucrânia reivindicou avanços ao redor da cidade de Bakhmut (leste) e a Rússia anunciou que impediu um ataque em larga escala em Donetsk.

A vice-ministra ucraniana da Defesa, Ganna Maliar, disse que Bakhmut permanece como o "epicentro das hostilidades". "Estamos avançando em um front bastante amplo", destacou.

Maliar também admitiu que as tropas ucranianas estão "executando ações ofensivas" em alguns pontos do front, mas sem revelar detalhes.

Silêncio sobre a contraofensiva

A Ucrânia prepara há vários meses uma contraofensiva para tentar recuperar os territórios perdidos para a Rússia desde o início da invasão, mas o governo destacou que não anunciaria o local nem a data de início da operação.

O conflito ficou ainda mais tenso nas últimas semanas, com o aumento dos ataques nos dois lados da fronteira com a Rússia.

Os analistas militares acreditam que as forças ucranianas pretendem testar as defesas da Rússia para encontrar seus pontos fracos antes do início de uma contraofensiva em larga escala.

Na segunda-feira, o ministério da Defesa da Rússia anunciou que impediu, no domingo, 4, uma "grande ofensiva" em cinco pontos do sul da região de Donetsk.

A pasta afirmou que suas tropas mataram "1.500 soldados" ucranianos e destruíram mais de 100 veículos blindados.

Porém, o fundador do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgueni Prigozhin, chamou as versões de Moscou de "fantasias" e disse que as forças ucranianas avançaram na cidade de Bakhmut, que Moscou afirma ter conquistado em maio.

O polêmico empresário mantém uma disputa pública com o exército e já acusou os comandantes militares pela falta de munição para as tropas do grupo Wagner.

Zelensky agradeceu às tropas pelos avanços nas proximidades de Bakhmut e chamou a reação de Moscou de "histérica". "O inimigo sabe que a Ucrânia vai vencer", declarou.

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