Mundo

Exército tailandês decreta lei marcial e ocupa Bangcoc

Dez canais de televisão foram fechados e deixaram de emitir imediatamente

Exército tailandês ocupa centro de Bangcoc após decretação da lei marcial
 (Nicolas Asfouri/AFP)

Exército tailandês ocupa centro de Bangcoc após decretação da lei marcial (Nicolas Asfouri/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de maio de 2014 às 08h30.

Bangcoc - O Exército tailandês decretou nesta terça-feira a lei marcial no país, após vários meses de crise política e de manifestações contra o governo, ocupando as ruas de Bangcoc e censurando a imprensa.

Pela manhã, soldados e veículos blindados guarneciam diversas posições no centro da capital, principalmente no bairro comercial, no setor dos hotéis e na zona das estações de televisão.

O comandante do Exército, general Prayut Chan-O-Cha, anunciou em rede nacional de rádio e TV a censura de todos os meios de comunicação no interesse da "segurança nacional".

"Está proibido a todos os meios de comunicação distribuir qualquer informação ou imagem que possa afetar a segurança nacional".

Dez canais de televisão - favoráveis ou contra o governo - foram fechados e deixaram de emitir imediatamente.

Durante a madrugada, ao declarar a lei marcial, o Exército destacou que a medida "não constitui um golpe de Estado, e tem por objetivo restaurar a paz e a ordem pública". "A população não deve ser tomada pelo pânico, a vida prossegue normalmente".

O Exército tailandês ameaçou, na quinta-feira passada, de intervir na crise após a morte de manifestantes em um ataque com granadas em pleno centro de Bangcoc.

O governo da Tailândia reagiu ao anúncio afirmando que não foi consultado pelos militares sobre a lei marcial e que o primeiro-ministro interino Niwattumrong Boonsongpaisan permanece no poder.

"O governo provisório continua com Niwattumrong como premier interino. Tudo está normal, exceto que o Exército assumiu a responsabilidade por todos os assuntos de segurança nacional", disse à AFP o assessor de Segurança Paradon Pattanatabut.

"O governo interino segue existindo", garantiu Pattanatabut.

A oposição comemorou a decisão como o último passo para derrubar o governo interino instalado após a destituição da primeira-ministra Yingluck Shinawatra, acusada de ser um fantoche de seu irmão, Thaksin, derrubado por um golpe de Estado em 2006 e atualmente no exílio.

Os manifestantes opositores, que acampam diante da sede do governo, exigem a designação de um primeiro-ministro "neutro" e defendem o adiamento 'sine die' das eleições.

Reunidos na periferia de Bangcoc, manifestantes pró-governo denunciaram que estão "cercados" pelos militares, após decreto da lei marcial.

"Estamos cercado pelos militares por todos os lados", disse à AFP Jatuporn Prompan, responsável pelo "Camisas Vermelhas", um poderoso movimento integrado por partidários do governo e muito forte entre a população rural do norte e nordeste del país.

O grupo tem advertido a oposição sobre o risco de uma eventual guerra civil com a queda do atual gabinete.

A Tailândia registrou 18 golpes de Estado desde 1932, quando foi instalada a monarquia constitucional, o último contra Thaksin Shinawatra, derrubado pelos militares em 2006.

Apesar de o comando do Exército ter mantido posturas diferentes durante os últimos meses, até o momento os militares haviam evitado se envolver na espiral crítica que abala o país, mesmo após os manifestantes ocuparem prédios públicos.

Em seis meses de crise, 28 pessoas morreram, a maioria vítima de "balas perdidas".

Thaksin é acusado de dirigir o país do exílio, mas segundo analistas, os manifestantes são apoiados pela elite monarquista, que considera o "clã Shinawatra", vencedor das eleições legislativas desde 2001, uma ameaça à monarquia.

O Japão foi o primeiro país a reagir à situação, manifestando sua preocupação com um país onde mantém grandes investimentos.

"Estamos muito preocupados com a situação na Tailândia (...) Apelamos mais uma vez, a todas as partes envolvidas, para que mostrem comedimento e evitem o recurso à violência", disse o porta-voz do governo japonês, Yoshihide Suga.

A Indonésia, importante parceiro econômico da Tailândia, manifestou sua profunda preocupação com a situação.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaExércitoLegislaçãoTailândia

Mais de Mundo

Kamala e Trump dizem que estão prontos para debate e Fox News propõe programa extra

Eleições nos EUA: como interpretar as pesquisas entre Kamala e Trump desta semana?

Eventual governo de Kamala seria de continuidade na política econômica dos EUA, diz Yellen

Maduro pede voto de indecisos enquanto rival promete 'não perseguir ninguém' se for eleito

Mais na Exame