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EXCLUSIVO: Maioria dos venezuelanos ainda enxerga Maduro como presidente

Pesquisa feita pela Ideia Big Data para EXAME mostrou que oposição na Venezuela tem um grande desafio: consolidar a legitimidade de Juan Guaidó

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela: apesar da queda no apoio ao seu governo, Maduro ainda é percebido pela população como presidente do país (Miraflores Palace/Handout/Reuters)

Gabriela Ruic

Publicado em 28 de fevereiro de 2019 às 12h01.

Última atualização em 28 de fevereiro de 2019 às 13h30.

São Paulo - Embora grande parte da comunidade internacional tenha se posicionado ao lado de Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, na posição de presidente interino do país, a maioria dos venezuelanos ainda considera Nicolás Maduro como presidente.

É o que revelou um levantamento produzido pela Ideia Big Data com exclusividade para EXAME no último dia 26 de fevereiro. No dia anterior, acontecia o mais recente encontro do Grupo de Lima em Bogotá (Colômbia) e no qual os 13 países participantes concordaram em fechar o cerco ao chavista, mas “sem uso da força”.

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De acordo com a pesquisa feita para EXAME, 52% da população enxerga Maduro como mandatário, enquanto 21% disse considerar o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela na posição de presidente. 18% dos entrevistados não respondeu ao questionamento e 9% disse não saber.

“Maduro não tem o apoio da população, mas a maioria ainda tem a percepção de que ele é o presidente”, explicou a EXAME Maurício Moura, CEO da Ideia, “ e isso mostra o desafio que a oposição e que é o de conseguir dar legitimidade a Guaidó”.

Moura, que conduz pesquisas de opinião na Venezuela desde 2011, lembrou, ainda, de outro levantamento feito há cerca de um mês. Nele, o nível de apoio ao político opositor como presidente era de 40%, enquanto a percentagem de pessoas que disse não apoiar Maduro foi de 76%. “Esse ponto chama a atenção, pois, apesar de o apoio ao chavista ter despencado, as pessoas ainda o enxergam como presidente”, analisou o executivo.

Outro ponto trazido à tona pela pesquisa foi o da aceitação dos venezuelanos da ajuda humanitária angariada por Guaidó e que se tornou um ponto de tensão entre a comunidade internacional, especialmente a Colômbia e o Brasil, e Maduro. 44% das pessoas revelou ser a favor da entrada dessa ajuda no país e 34% se manifestou contra.

“Aqui, o que percebemos no contato com as pessoas é que a propaganda chavista, que apresenta a ajuda humanitária como uma ‘invasão norte-americana’ pode estar funcionando e é a primeira vez que temos um dado corroborando essa hipótese”, explicou Moura. 17% dos entrevistados disse não saber se é a favor ou contra e 5% não responderam.

A questão migratória também foi abarcada pela consulta da Ideia Big Data, e uma que mostrou como os venezuelanos estão divididos sobre a possibilidade de sair ou não da Venezuela em razão da escalada na tensão política observada em 2019. Nesse tema, a maioria (32%) disse não saber, 28% preferiu não responder e 21% falou que os episódios recentes não aumentou a sua vontade de deixar o país e 19% contou que sim.

“Já tem uma leva grande de pessoas que deixaram a Venezuela nos últimos meses”, notou Moura, “e quem ficou para trás, percebemos que é por não ter alternativas. Analisando friamente, contudo, vemos que quase 20% da população deseja ir embora do país, uma percentagem bastante alta”.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), há, atualmente, 3,4 milhões de refugiados e migrantes da Venezuela em todo o mundo, mas projeções apontam que esse número irá aumentar ainda mais até o fim de 2019. De acordo com a Organização Internacional para Migração, a expectativa é a de a quantidade de venezuelanos fugindo do país atinja a marca de 5,3 milhões.

A pesquisa realizada pela Ideia Big Data teve mil respostas e a margem de erro é de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.

As entrevistas, nas cidades de Caracas, Maracaibo, Valencia, Barquisimeto e Ciudad Guyana, foram conduzidas em um ambiente de nervosismo, descreveu Moura.

“A situação está mais tensa e percebemos isso pela quantidade de pessoas que se dispuseram a responder, que despencou na comparação com outros levantamentos, e pelo número de pessoas que ouviu as perguntas e não quis responder. Na minha experiência no país, nunca senti um clima de tanta apreensão”, terminou o executivo.

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