Prisão: ex-ditador é acusado de matar e torturar dezenas de milhares de pessoas durante os nove anos em que ficou no poder no Chade (Andrew Bardwell/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 12 de junho de 2015 às 21h56.
Dacar - O ex-presidente do Chade Hissène Habré sofreu um ataque cardíaco na prisão onde espera ser julgado por tortura, crimes de guerra e contra humanidade, audiência marcada para o próximo dia 20 de julho, informaram nesta sexta-feira advogados do político.
"O presidente Hissène Habré teve um ataque cardíaco na quinta-feira, por volta das 2h da madrugada. Foram observados erros muito graves por parte da administração penitenciária", explicou em entrevista coletiva realizada hoje o advogado Ibrahima Diawara.
Segundo a versão contada por Diawara, a esposa de Habré alertou o diretor do centro de dentenção na última terça-feira sobre o estado de saúde de seu marido, solicitando uma consulta com um cardiologista.
"Habré passou 48 horas sem cuidados até que na quinta-feira seu caso piorou seriamente", afirmou o advogado, acusando de negligência o diretor da prisão onde o ex-presidente está sendo mantido.
A equipe de advogados do ex-ditador anunciou que entrará com um processo na próxima semana contra o diretor por "não prestar assistência a uma pessoa em perigo".
Além disso, Diawara afirmou que Habré não comparecerá ao tribunal por considerar que o julgamento realizado pela Câmara Extraordinária Africana, órgão criado pela União Africana e pelo Senegal para analisar os crimes cometidos no Chade, não apresenta as mínimas garantias de isenção.
Na semana passada, Habré se negou a dar declarações perante ao juiz da Câmara Extraordinária Africana em um primeiro interrogatório, etapa prévia ao julgamento.
O ex-ditador é acusado de matar e torturar dezenas de milhares de pessoas durante os nove anos em que ficou no poder no Chade.
Apelidado de "Pinochet africano", Habré foi deposto em 1990 pelo atual presidente, Idriss Déby, e fugiu para o Senegal, onde viveu por quase 25 anos. Em julho de 2013, no entanto, a Câmara Extraordinária Africana ordenou sua prisão preventiva para julgá-lo no país.