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Ex-diretor do FBI diz que Trump o demitiu para minar investigação

Comey também disse aos parlamentares que o governo Trump contou mentiras e difamou o FBI e ele mesmo depois que o presidente o demitiu

Comey: o ex-diretor não quis dizer se acredita que o presidente tentou obstruir a justiça (Kevin Lamarque/Reuters)

Comey: o ex-diretor não quis dizer se acredita que o presidente tentou obstruir a justiça (Kevin Lamarque/Reuters)

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Reuters

Publicado em 8 de junho de 2017 às 17h37.

Washington - O ex-diretor do FBI James Comey acusou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quinta-feira de demití-lo para tentar minar a investigação da agência sobre um possível conluio entre sua equipe de campanha na eleição de 2016 e a Rússia.

Na audiência no Congresso mais aguardada em anos, Comey também disse aos parlamentares que o governo Trump contou mentiras e difamou o FBI e ele mesmo depois que o presidente o demitiu em 9 de maio.

O governo deu motivos diferentes para a demissão, e mais tarde Trump contradisse sua própria equipe reconhecendo no dia 11 de maio que despediu Comey por causa do inquérito sobre a Rússia.

Indagado na audiência de mais de duas horas sobre o motivo de sua demissão, Comey respondeu que não sabe ao certo, mas acrescentou: "Novamente, me volto às palavras do presidente. Sei que fui demitido porque algo na maneira como eu estava conduzindo a investigação sobre a Rússia estava de alguma maneira pressionando-o, de alguma maneira o irritando, e ele decidiu me mandar embora por causa disso".

Mais cedo Comey havia dito ao Comitê de Inteligência do Senado que acredita que Trump o instruiu a abandonar um inquérito do FBI sobre seu ex-conselheiro de Segurança Nacional, Michael Flynn, parte da apuração sobre a Rússia.

Mas o ex-diretor não quis dizer se acredita que o presidente tentou obstruir a justiça.

"Não acho que caiba a mim dizer se a conversa que tive com o presidente foi um esforço para obstruir. Eu a encarei como uma coisa muito perturbadora, muito preocupante", afirmou ao comitê.

Críticos do presidente republicano afirmam que qualquer esforço seu para conter um inquérito do FBI pode equivaler a uma obstrução da justiça.

Tal delito poderia levar a um impeachment de Trump no Congresso, embora os republicanos que controlam o Senado e a Câmara dos Deputados tenham mostrado pouca disposição para usar tal medida contra ele.

Dando respostas curtas, Comey pintou o quadro de um presidente dominador que o pressionou para que o FBI parasse de investigar Flynn.

Comey não fez nenhuma nova revelação de impacto sobre os supostos elos de Trump ou seus associados com Moscou, um tema que vem assombrando os primeiros meses do magnata na Presidência e o distraído de suas metas legislativas, como a reformulação do sistema de saúde e a reforma tributária.

Em um discurso em Washington, Trump disse a apoiadores que seu movimento está "sob cerco" e prometeu continuar lutando.

"Estamos sob cerco, mas vamos sair maiores e melhores e mais fortes do que nunca", afirmou. "Não iremos recuar de fazer o que é certo".

O advogado pessoal de Trump, Marc Kasowitz, disse que o depoimento de Comey provou que o presidente não estava sob nenhuma investigação e não há evidências de que um único voto foi alterado como resultado da interferência russa na eleição do ano passado.

As ações norte-americanas subiam na tarde desta quinta-feira porque os investidores concluíram que o testemunho de Comey por si só não afetará o governo Trump.

Mas as acusações de Comey podem colocar o governo em mais dificuldades, já que o conselheiro especial Robert Mueller e vários comitês no Congresso estão averiguando os supostos esforços russos para influenciar a eleição presidencial e tentando descobrir se a campanha de Trump se mancomunou com Moscou.

Comey disse que Trump não tentou convencê-lo a desistir da investigação a respeito da Rússia como um todo, só a parte relacionada a Flynn.

A Rússia nega qualquer interferência e a Casa Branca tem negado qualquer conluio.

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