Ex-chefe de campanha de Trump será julgado hoje em inquérito sobre Rússia
Manafort enfrenta 18 acusações de fraude bancária e fiscal por não ter declarado os US$ 75 milhões que obteve por assessorar governos estrangeiros
EFE
Publicado em 31 de julho de 2018 às 10h57.
Alexandria - Paul Manafort, ex-chefe de campanha de Donald Trump , protagoniza nesta terça-feira o primeiro julgamento da investigação do procurador especial Robert Mueller sobre os supostos laços entre a Rússia e a equipe eleitoral do atual presidente dos Estados Unidos.
Manafort, de 69 anos, comparecerá hoje diante do magistrado Thomas Selby Ellis III da corte do distrito leste de Virgínia, em Alexandria, nos arredores de Washington.
Está previsto que a seleção dos membros do júri comece às 10h (horário local, 11h em Brasília), embora o magistrado tenha citado as partes uma hora antes para estudar uma solicitação da defesa de Manafort, que pede que 50 provas sobre suas atividades na Ucrânia não sejam admitidas.
Manafort enfrenta 18 acusações de fraude bancária e fiscal por não ter declarado os US$ 75 milhões que obteve por assessorar governos estrangeiros, entre eles o do ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovich (2010-2014), a quem ajudou a melhorar sua imagem.
Entre 2006 e 2017, segundo a acusação, Manafort trabalhou para Yanukovich e outros governos sem comunicar às autoridades americanas, o que constitui um crime.
A defesa argumenta que as provas relativas à Ucrânia são "irrelevantes, prejudiciais e representarão uma perda de tempo", já que o objetivo do julgamento na Virgínia é determinar se Manafort cometeu crimes financeiros, e não políticos, um assunto que será tratado em outro julgamento, que será realizada em Washington, em setembro.
A equipe de Mueller, no entanto, considera que as provas sobre a Ucrânia devem ser admitidas porque Manafort obteve boa parte da sua renda (US$ 60 milhões) com seu trabalho para Yanukovich e outros oligarcas russos.
Segundo a acusação, Manafort ocultou até US$ 30 milhões em empresas fantasmas e contas bancárias em diferentes países. Por estes fatos, o assessor pode ser condenado na Virgínia a até 270 anos de prisão.
O processo contra Manafort é fruto da investigação de Mueller sobre os supostos laços entre o Kremlin e membros da campanha de Trump para interferir nas eleições de 2016.
As acusações contra Manafort não estão diretamente relacionadas com suas atividades como chefe de campanha de Trump entre junho e agosto de 2016, embora nesse período tenha mantido contato com vários oligarcas próximos ao Kremlin, como o milionário Oleg Deripaska, segundo a acusação.
O juiz considerou em várias ocasiões que Manafort é uma figura de interesse para Mueller porque poderia incriminar Trump.
Por enquanto, o assessor se declarou inocente e se negou a colaborar com a acusação.