Ex-chefe de campanha de Trump irá esclarecer laços com a Rússia
Manafort é o último dos elos mais polêmicos que saíram à luz sobre os possíveis contatos do governo russo com a campanha de Trump durante as eleições
EFE
Publicado em 24 de março de 2017 às 13h24.
Washington - O presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Devin Nunes, anunciou nesta sexta-feira que Paul Manafort, ex-chefe de campanha do presidente Donald Trump , se ofereceu para ser interrogado dentro das investigações sobre a ingerência russa nas eleições de 2016.
"Agradecemos ao senhor Manafort por se oferecer de forma voluntária", afirmou Nunes aos jornalistas nos corredores do Congresso.
Manafort é o último dos elos mais polêmicos que saíram à luz sobre os possíveis contatos do governo russo com a campanha de Trump durante as eleições americanas de novembro do ano passado.
Nesta quinta-feira, em uma declaração enviada à emissora "Fox", Manafort disse que trabalhou "há quase uma década" para o oligarca russo Oleg Deripaska, "representando-o em assuntos comerciais e pessoais em países onde tinha investimentos", mas não para os interesses do presidente, Vladimir Putin.
"Meu trabalho para os senhor Deripaska não implicou na representação de interesses políticos russos", especificou Manafort, que foi chefe de campanha de Trump entre junho e agosto do ano passado, quando renunciou após a divulgação da notícia que estava sendo investigado na Ucrânia por receber pagamentos de um partido pró-Rússia.
Manafort respondeu assim a uma investigação da agência "Associated Press" que afirmou hoje que seu trabalho para Deripaska incluiu "promover os interesses" de Putin e propor uma ambiciosa estratégia para minar a oposição anti-Rússia nas antigas repúblicas soviéticas.
Estas revelações sobre Manafort são divulgadas após a confirmação de que o FBI está investigando se houve "alguma coordenação" entre a Rússia e a campanha de Trump para influenciar nas eleições realizadas em novembro do ano passado nos Estados Unidos.
Essa investigação inclui "a natureza de qualquer vínculo entre indivíduos associados com a campanha de Trump e o governo russo, e se houve alguma coordenação entre a campanha e os esforços da Rússia", detalhou o diretor do FBI, James Comey, na segunda-feira passada em uma audiência no Congresso.
Devin Nunes falou hoje com os veículos de comunicação após ser criticado por sua imparcialidade nestas investigações, depois de informar nesta quarta-feira à Casa Branca de novos dados que tinham sido vazados a seus companheiros de comitê.
Nunes garantiu ter recebido informação da qual se desprende que houve "vigilância circunstancial" sobre o atual presidente americano durante a campanha eleitoral, mas negou que a Trump Tower tivesse sido grampeada ou que Trump tenha sido alvo direto de escutas.
No entanto, se negou a revelar suas fontes, coisa que voltou a fazer hoje, e não consultou o resto do comitê para tornar a informação pública, nem discuti-la, o que elevou a pressão para que se constitua um comitê especial e independente que tramite este caso no Congresso.