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Ex-chanceler Paolo Gentiloni é nomeado premiê da Itália

Ex-ministro substituirá Matteo Renzi, que renunciou ao cargo após sofrer uma severa derrota no referendo constitucional na semana passada

Paolo Gentiloni terá que submeter sua equipe de governo ao voto de confiança, o que poderá ocorrer na quarta-feira (Chatham House/Wikimedia Commons)
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AFP

Publicado em 11 de dezembro de 2016 às 13h06.

Última atualização em 12 de dezembro de 2016 às 16h35.

O ex-ministro italiano das Relações Exteriores, Paolo Gentiloni, foi nomeado neste domingo para substituir o premiê Matteo Renzi, que renunciou ao cargo após sofrer uma severa derrota no referendo constitucional na semana passada.

A decisão foi anunciada pelo presidente da República, Sergio Mattarella, único com o poder de nomear o premiê na Itália, segundo prevê a Constituição.

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Gentiloni, de 62 anos, ex-jornalista formado em ciências políticas, homem moderado e leal a Renzi, terá que submeter sua equipe de governo ao voto de confiança, o que poderá ocorrer na quarta-feira, segundo fontes políticas.

"Trabalharei com dignidade e responsabilidade", anunciou Gentiloni, após receber oficialmente o encargo.

"Não por minha vontade, mas por senso de responsabilidade, trabalharei com as forças políticas da maioria em fim de mandato", uma coalizão de centro-esquerda liderada pelo Partido Democrático, declarou.

O presidente Mattarella, árbitro da situação, tinha antecipado que queria resolver rapidamente a crise que teve início após a rejeição em massa da reforma da Constituição, promovida por Renzi.

Neste domingo, o primeiro-ministro demissionário Matteo Renzi, cuja forte personalidade e estilo de governar dividiu o país, dirigiu-se aos italianos em sua página no Facebook para dizer que sua demissão era "verdadeira", mas que estava disposto a voltar.

"Volto a ser um cidadão comum. Não tenho paraquedas. Não tenho um assento no Parlamento, não tenho um salário, não tenho uma pensão, não tenho imunidade, Começo de novo, como deve ser. A política para mim é servir ao país, não usá-lo", escreveu Renzi.

Um mediador para lidar com as divisões

O novo chefe de governo, que em 2014 substituiu a então chanceler Federica Mogherini, atual chefe da diplomacia europeia, conta com a experiência política para lidar com as profundas divisões no PD, que detém a maioria no Parlamento, com correntes contrapostas que disputam entre si.

Gentiloni também gerencia importantes temas internacionais, um elemento também a seu favor, já que ano que vem a Itália assume a Presidência do G7, grupo dos sete países mais ricos do mundo, e organiza uma cúpula de seus líderes em maio na Sicília.

A Itália também entra no ano que vem no Conselho de Segurança das Nações Unidas e celebrará em março, em Roma, os 60 anos do Tratado de Roma, data de nascimento da União Europeia, uma oportunidade para relançar o projeto após o Brexit, a saída do Reino Unido do bloco.

O presidente Mattarella concluiu na noite de sábado três dias de consultas políticas e espera evitar também que se desate uma crise bancária caso se atrase a recapitalização urgente do terceiro banco do país, o Banco Monte dei Paschi di Siena, uma decisão que depende do Parlamento.

Gentiloni comprometeu-se a promover um acordo no Parlamento para "harmonizar" as leis eleitorais, caso contrário a Itália correria o risco de uma paralisia em caso de eleições antecipadas.

Uma lei aprovada em maio de 2015, chamada Italicum, concede um prêmio notável à maioria vencedora na Câmara dos Deputados, enquanto no Senado o sistema se baseia na proporção, razão pela qual se complica em com uma coalizão estável e o risco é que o país fique ingovernável.

Assim que a lei eleitoral for harmonizada, poderiam ser realizadas eleições, uma das solicitações do Partido Democrata e do próprio Matteo Renzi.

"O objetivo é ir às eleições em pouco tempo possível", assegurou no sábado o porta-voz do PD no Senado.

O novo governo não contará com o apoio da segunda força política do país, o Movimento Cinco Estrelas (M5S), formação antissistema, que pede eleições sem esperar uma nova lei eleitoral e anunciou que não participará do voto de confiança ao novo governo, ao qual considera "ilegítimo".

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