Evo Morales terá grandes desafios após vitória na Bolívia
O importante aval conseguido por Morales nas urnas foi, em grande medida, uma reação à bonança econômica vivida pelo país, apontaram analistas
Da Redação
Publicado em 13 de outubro de 2014 às 19h28.
O presidente Evo Morales , que conquistou uma vitória eleitoral esmagadora para governar a Bolívia por um terceiro mandato consecutivo, vai enfrentar grandes desafios no país com a maior taxa de crescimento da região, mas que ainda sofre com a pobreza, o atraso e a impunidade.
O importante aval conseguido por Morales nas urnas, com uma vitória acima de 60% dos votos, segundo os resultados provisórios, foi, em grande medida, uma reação à bonança econômica vivida pelo país, apontaram analistas à AFP.
Enquanto são aguardados os números oficiais, o governo espera alcançar a maioria absoluta no Congresso, o que permitiria avançar em reformas - como a da justiça - sem precisar da oposição.
"Garantir a continuidade do crescimento econômico é agora um dos maiores objetivos do governo, pois assim assegura-se a estabilidade social e política", disse o analista Marcelo Silva, professor de ciência política da Universidad Mayor San Andrés.
A Bolívia, até pouco tempo referência em pobreza na América do Sul, tem um crescimento estimado para este ano que pode chegar a 6,5%, o maior na região, segundo o Ministério da Economia, mas não conta, no curto prazo, com o mesmo contexto internacional favorável, em função da queda de preços das commodities.
"O país precisa mudar sua base econômica para gerar um bem-estar sustentável", considerou Gustavo Pedraza, consultor em política e economia.
"A Bolívia deve deixar de ser completamente dependente da extração de recursos naturais para buscar um sistema de produção com valor agregado que gere empregos de qualidade", afirmou o analista.
Com 62% de sua população indígena e rural, na Bolívia 80% dos trabalhadores bolivianos são informais, comerciantes, agricultores e mineiros que não pagam impostos e que não recebem benefícios sociais.
Há muitas demandas
"Há muitas demandas, e fazemos o possível para atendê-las... Nestes nove anos aprendemos que não pode faltar dinheiro, alimentos, água e energia para o povo", disse Morales nesta segunda-feira em uma coletiva de imprensa.
Morales, de 54 anos, conquistou uma ampla vantagem de quase 40 pontos sobre seu rival, o empresário Samuel Doria Medina, segundo pesquisas dos institutos Equipos Mori e Ipsos divulgadas pela tv local. Estima-se que Doria Medina teve pouco mais de 20% dos votos.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, foi um dos primeiros a felicitar o presidente boliviano, e disse que a reeleição de Morales foi uma "grande vitória para os povos da América do Sul".
Os governos de Cuba, França, Argentina e El Salvador também saudaram o presidente boliviano pela vitória.
"A grave impunidade no país está marcada por um alto grau de corrupção", disse Silva. "Isso permite a continuidade de condutas, como a violência contra as mulheres e crianças. Os crimes não são punidos e caem no esquecimento", ressaltou.
A Bolívia é o país latino-americano com maiores índices de violência física contra as mulheres.
Em relação ao narcotráfico, não podem ser esperadas grandes mudanças após a expulsão da DEA (agência antidrogas dos Estados Unidos) em 2008, segundo os analistas.
"O mesmo governo caiu em sua própria armadilha porque grande parte do narcotráfico está relacionado ao cultivo da coca que o governo deixou passar porque os cocaleiros são de onde nasceu o MAS, o partido de Morales", afirmou à AFP o analista Jorge Lazarte.
"A erradicação forçada da coca não ocorrerá porque os cocaleiros em Yungas e Chapare são sua base eleitoral", concordou Silva. "O governo deve gerar alternativas para essas regiões", opinou.
Vitória dedicada a Fidel e Chávez
O presidente, crítico incansável dos Estados Unidos, dedicou sua vitória "aos que lutam contra o imperialismo". "É dedicada a Fidel Castro e a Hugo Chávez, que descanse em paz", disse o governante.
No poder desde 2006, o primeiro presidente indígena da Bolívia conseguiu ampliar a base de apoio no país com uma vitória que se estendeu a oito dos nove departamentos, só perdendo em Beni.
O governo surpreendeu ao ganhar pela primeira vez em Santa Cruz (leste), motor econômico da Bolívia e onde inicialmente se concentrava a oposição mais dura a sua política indigenista, anti-americana e estatista.
Morales conseguiu um surpreendente apoio empresarial, setor favorecido pelo crescimento econômico e pelo bom desempenho dos negócios.
Com a vitória, Morales pode se transformar no presidente que ficou mais tempo no poder na Bolívia.
O presidente Evo Morales , que conquistou uma vitória eleitoral esmagadora para governar a Bolívia por um terceiro mandato consecutivo, vai enfrentar grandes desafios no país com a maior taxa de crescimento da região, mas que ainda sofre com a pobreza, o atraso e a impunidade.
O importante aval conseguido por Morales nas urnas, com uma vitória acima de 60% dos votos, segundo os resultados provisórios, foi, em grande medida, uma reação à bonança econômica vivida pelo país, apontaram analistas à AFP.
Enquanto são aguardados os números oficiais, o governo espera alcançar a maioria absoluta no Congresso, o que permitiria avançar em reformas - como a da justiça - sem precisar da oposição.
"Garantir a continuidade do crescimento econômico é agora um dos maiores objetivos do governo, pois assim assegura-se a estabilidade social e política", disse o analista Marcelo Silva, professor de ciência política da Universidad Mayor San Andrés.
A Bolívia, até pouco tempo referência em pobreza na América do Sul, tem um crescimento estimado para este ano que pode chegar a 6,5%, o maior na região, segundo o Ministério da Economia, mas não conta, no curto prazo, com o mesmo contexto internacional favorável, em função da queda de preços das commodities.
"O país precisa mudar sua base econômica para gerar um bem-estar sustentável", considerou Gustavo Pedraza, consultor em política e economia.
"A Bolívia deve deixar de ser completamente dependente da extração de recursos naturais para buscar um sistema de produção com valor agregado que gere empregos de qualidade", afirmou o analista.
Com 62% de sua população indígena e rural, na Bolívia 80% dos trabalhadores bolivianos são informais, comerciantes, agricultores e mineiros que não pagam impostos e que não recebem benefícios sociais.
Há muitas demandas
"Há muitas demandas, e fazemos o possível para atendê-las... Nestes nove anos aprendemos que não pode faltar dinheiro, alimentos, água e energia para o povo", disse Morales nesta segunda-feira em uma coletiva de imprensa.
Morales, de 54 anos, conquistou uma ampla vantagem de quase 40 pontos sobre seu rival, o empresário Samuel Doria Medina, segundo pesquisas dos institutos Equipos Mori e Ipsos divulgadas pela tv local. Estima-se que Doria Medina teve pouco mais de 20% dos votos.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, foi um dos primeiros a felicitar o presidente boliviano, e disse que a reeleição de Morales foi uma "grande vitória para os povos da América do Sul".
Os governos de Cuba, França, Argentina e El Salvador também saudaram o presidente boliviano pela vitória.
"A grave impunidade no país está marcada por um alto grau de corrupção", disse Silva. "Isso permite a continuidade de condutas, como a violência contra as mulheres e crianças. Os crimes não são punidos e caem no esquecimento", ressaltou.
A Bolívia é o país latino-americano com maiores índices de violência física contra as mulheres.
Em relação ao narcotráfico, não podem ser esperadas grandes mudanças após a expulsão da DEA (agência antidrogas dos Estados Unidos) em 2008, segundo os analistas.
"O mesmo governo caiu em sua própria armadilha porque grande parte do narcotráfico está relacionado ao cultivo da coca que o governo deixou passar porque os cocaleiros são de onde nasceu o MAS, o partido de Morales", afirmou à AFP o analista Jorge Lazarte.
"A erradicação forçada da coca não ocorrerá porque os cocaleiros em Yungas e Chapare são sua base eleitoral", concordou Silva. "O governo deve gerar alternativas para essas regiões", opinou.
Vitória dedicada a Fidel e Chávez
O presidente, crítico incansável dos Estados Unidos, dedicou sua vitória "aos que lutam contra o imperialismo". "É dedicada a Fidel Castro e a Hugo Chávez, que descanse em paz", disse o governante.
No poder desde 2006, o primeiro presidente indígena da Bolívia conseguiu ampliar a base de apoio no país com uma vitória que se estendeu a oito dos nove departamentos, só perdendo em Beni.
O governo surpreendeu ao ganhar pela primeira vez em Santa Cruz (leste), motor econômico da Bolívia e onde inicialmente se concentrava a oposição mais dura a sua política indigenista, anti-americana e estatista.
Morales conseguiu um surpreendente apoio empresarial, setor favorecido pelo crescimento econômico e pelo bom desempenho dos negócios.
Com a vitória, Morales pode se transformar no presidente que ficou mais tempo no poder na Bolívia.