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EUA prometem defender Japão de ameaça nuclear norte-coreana

Kerry chegou neste domingo ao Japão para conversar sobre as tensões nucleares na Península Coreana depois de conseguir um apoio crucial da China


	Coreia do Norte: regime norte-coreano ameaçou na sexta-feira o Japão com "fogo nuclear"
 (REUTERS/Jacky Chen)

Coreia do Norte: regime norte-coreano ameaçou na sexta-feira o Japão com "fogo nuclear" (REUTERS/Jacky Chen)

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Da Redação

Publicado em 14 de abril de 2013 às 11h28.

São Paulo - O secretário de Estado americano John Kerry prometeu neste domingo que os Estados Unidos vão defender o Japão das ameaças nucleares por parte da Coreia do Norte.

"Os Estados Unidos estão totalmente determinados a defender o Japão", enfatizou Kerry, em coletiva de imprensa conjunta com seu colega japonês, Fumio Kishida, com quem manteve uma reunião.

Kerry chegou neste domingo ao Japão para conversar sobre as tensões nucleares na Península Coreana depois de conseguir um apoio crucial da China para buscar uma distensão na crise.

O regime norte-coreano ameaçou na sexta-feira o Japão com "fogo nuclear" depois que Tóquio posicionou mísseis Patriot em torno da capital para fazer frente a um eventual lançamento de mísseis por parte de Pyongyang.

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, pediu à comunidade internacional "unidade para que a Coreia do Norte se dê conta de que suas provocações não ajudam em nada e só agravam a situação".

"O Japão quer trabalhar junto com os Estados Unidos, Coreia do Sul, China e Rússia para dezir à Coreia do Norte que deve lançar os mísseis", afirmou Abe à imprensa local, durante uma visita a Iwo To, mais conhecida como Iwo Jima, onde assistiu a uma cerimônia em memória da guerra.

O único ataque nuclear da história foi realizado contra o Japão pelos Estados Unidos, que jogou duas bombas atômicas contra cidades japonesas em 6 e 9 de agosto de 1945, ao fina da Segunda Guerra Mundial.

Teme-se que Pyongyang proceda ao disparo de um míssil nesta segunda-feira, dia em que se celebra o aniversário do nascimento do fundador da dinastia comunista, Kim Il-Sung, segundo os especialistas.

Neste domingo, Kerry visitou Zojoji, um santuário sintoísta do século XIV em Tóquio, antes de participar em um encontro com estudantes americanos e japoneses.

--- EUA e China defendem desnuclearização ---

Na véspera, em visita à China, Kerry e o chefe da diplomacia chinesa se comprometeram a trabalhar conjuntamente pela desnuclearização da península coreana.


"Tratar adequadamente o problema nuclear coreano serve ao interesse comum de todas as partes", afirmou o conselheiro de Estado da China, Yang Jiechi, prometendo que Pequim trabalhará com todas as partes, incluindo os Estados Unidos.

"China e Estados Unidos devem tomar medidas para alcançar o objetivos de desnuclearização na península coreana", afirmou, por sua parte, John Kerry.

Nem Yang nem Kerry deram detalhes sobre medidas concretas, mas o chanceler americano disse que outras discussões serão mantidas para saber como cumprir com este objetivo.

O objetivo de Kerry em Pequim era tentar convencer as autoridades chinesas a erguer o tom contra a Coreia do Norte e defender uma aproximação entre Seul e Pyongyang.

Depois de uma escala em Seul, onde reafirmou o apoio de Washington à Coreia do Seul, Kerry viajou para a capital chinesa, onde também se reuniu com o chefe da diplomacia Wang Yi e com o presidente Xi Jinping.

"Obviamente. devemos fazer frente a enormes desafios, e estou desejoso de ter esta conversa", afirmou Kerry seu colega chinês.

Ao ser recebido pelo presidente Xi no Grande Salão do Povo de Pequim, o secretário de Estado americano afirmou que a situação na Península Coreana atravessa atualmente "um momento crítico".

A China é o único aliado importante da Coreia do Norte e seu fornecedor-chave de ajuda e comércio. As autoridades chinesas são as únicas que têm influência sobre o governo de Kim Jong-Un, que ameaçou em várias oportunidades com uma guerra nuclear.

No entanto, Xi não se referiu à Península Coreana em suas primeiras declarações durante a reunião, limitando-se a dizer que a relação entre os Estados Unidos e a China "se encontram numa nova etapa histórica e teve um bom começo".

Na sexta-feira, Kerry expressou o pleno apoio dos Estados Unidos ao seu aliado sul-coreano e classificou de inaceitável a retórica belicista da Coreia do Norte.


"Se Kim Jong-Un decidir lançar um míssil, seja sobre o mar do Japão ou em qualquer outra direção, estará escolhendo obstinadamente ignorar toda a comunidade internacional", disse Kerry aos jornalistas em Seul.

"Seria um grande erro de sua parte, já que isolaria ainda mais o país", disse Kerry.

Estados Unidos e Coreia do Sul, assim como o Japão, foram diretamente ameaçados por Pyongyang com um ataque nuclear, e tentam dissuadir o Norte a realizar um teste com um ou vários mísseis de curto e médio alcance, que atiçariam ainda mais a tensão na península coreana.

Em um ano, Pyongyang disparou dois mísseis (um deles, em dezembro, foi bem sucedido), considerados pelas potências ocidentais como testes de mísseis balísticos encobertos, e procedeu a um teste nuclear (em 12 de fevereiro), o que lhe valeu novas sanções da ONU, motivo das novas ameaças norte-coreanas.

Ignorando as advertência de seu vizinho e aliado chinês, o Norte posicionou em seu litoral oriental dois mísseis Musudan, com um alcance teórico de 4.000 km, o que supõe um ataque a objetivos em território japonês, sul-coreano e inclusive na ilha de Guam, no Pacífico, onde os Estados Unidos têm bases navais e aéreas.

Para apaziguar a situação, os Estados Unidos cancelaram na semana passada o disparo teste de um míssil balístico intercontinental da Califórnia (oeste), o Minuteman 3. Com o mesmo espírito, Kerry desistiu de visitar na Coreia do Sul a localidade fronteiriça de Panmunjom, onde foi assinado o armistício que pôs fim à Guerra da Coreia (1950-1953).

A Coreia do Norte, por sua vez, rejeitou neste domingo a oferta de diálogo do Sul sobre o futuro do complexo industrial intercoreano Kaesong, que poderá fechar por falta de mão de obra e abastecimento.

O Norte proíbe desde 3 de abril aos sul-coreanos o acesso ao complexo, situado em seu território a 10 km da fronteira. Pyongyang retirou 53.000 funcionários na terça-feira passada, em um contexto de grande tensão na península.


Um encarregado das relações intercoreanas pediu na quinta-feira à Coreia do Norte que se sentasse à mesa de negociações para reabrir o complexo industrial, inaugurado em 2004 com a intenção de estabelecer uma cooperação simbólica entre as duas Coreias.

Mas a Coreia do Norte rejeitou a oferta do ministro sul-coreano de Unificação, Ryoo Kihl-Jae, classificando seu pedido de "gesto carente de significado" e "hipócrita", cujo verdadeiro objetivo é dissimular um projeto de invasão do Norte.

"Esta oferta é um gesto carente de significado e vazio", declarou um alto dirigente do Comitê do Norte, em uma entrevista à agência norte-coreana KCNA.

"Se o Sul quiser realmente iniciar negociações (...) deveria abandonar sua postura de confrontação", acrescentou, aludindo às manobras anuais conjuntas realizadas por militares dos Estados Unidos e Coreia do Sul no sul da península.

O complexo industrial de Kaesong permanece como o único resultado real das difíceis tentativas de aproximação intercoreana, depois do congelamento das relações bilaterais em 2010.

Kaesong gerou em 2012 um volume de negócios de 469,5 milhões de dólares, e supõe uma fonte de empregos, impostos e divisas estrangeiras.

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