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EUA ou Rússia? O dilema dos países do Golfo após invasão da Ucrânia

No passado, escolher um lado na crise russo-ucraniana não teria dado lugar a dúvidas para as ricas monarquias do Golfo, durante muito tempo protegidas pelos Estados Unidos. Hoje em dia, porém, o reforço dos vínculos com a Rússia obriga-as a encontrar um equilíbrio

(Foto/Getty Images)
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André Lopes

Publicado em 26 de fevereiro de 2022 às 15h13.

Última atualização em 26 de fevereiro de 2022 às 15h13.

Se o Ocidente é unânime em sua condenação à invasão russa da Ucrânia , as monarquias árabes do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) permaneceram em sua maioria silenciosas.

A relutância é explicada pela importância de questões como energia, finanças e segurança, segundo especialistas.

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“Não apenas os laços econômicos se fortaleceram, mas também os laços em matéria de segurança entre esses países e Moscou”, disse à AFP Anne Gadel, especialista em questões de política externa do Institut Montaigne da França.

Na sexta-feira, os Emirados Árabes Unidos se abstiveram junto com a China e a Índia na votação do Conselho de Segurança da ONU sobre uma resolução apresentada pelos Estados Unidos e a Albânia exigindo que a Rússia retire suas tropas da Ucrânia.

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Após a votação, que foi alvo de veto russo, a agência emiradense WAM informou um telefonema entre os chefes da diplomacia dos Emirados e dos Estados Unidos.

Do seu lado, a Rússia anunciou uma reunião na segunda-feira em Moscou entre os ministros das Relações Exteriores da Rússia e dos Emirados.

Dentro do GCC, Kuwait e Catar se abstiveram de criticar a Rússia desde a invasão, que começou na quinta-feira, apenas denunciando a violência.

A Arábia Saudita, o principal país do GCC, Omã e Bahrein permaneceram em silêncio até agora.

"Encontrar um equilíbrio será especialmente difícil para os Emirados (...), pois atualmente eles têm assento no Conselho de Segurança da ONU", destaca Gadel.

Aliado ideológico

Os Estados Unidos, que têm bases militares na Arábia Saudita, Emirados, Catar e Bahrein, se apresentam há décadas como defensores dos países do GCC diante de possíveis ameaças. Ambos as partes têm um inimigo comum: o Irã.

Mas Riad e Abu Dhabi tiveram relações mais conturbadas com Washington nos últimos anos, com relação a direitos humanos, acordos de armamento e o conflito no Iêmen.

Os países do Golfo "entendem que precisam diversificar suas alianças para compensar a perceptível retirada dos Estados Unidos da região", segundo Gadel.

"A Rússia é vista como uma aliada ideológica, enquanto as demandas americanas de direitos humanos se mostram problemáticas", diz Andreas Krieg, pesquisador especialista em Oriente Médio do King's College de Londres.

Apesar da crescente cooperação com a Rússia em segurança, a maioria dos países do GCC "colocaria seus ovos (sobre esse tema) na cesta dos EUA", estima Krieg. Mas "começaram a diversificar os vínculos em outras áreas com os concorrentes e adversários dos americanos", acrescenta.

O comércio entre a Rússia e os países do GCC, especialmente Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita, alcançou 5 bilhões de dólares em 2021, segundo dados oficiais.

Em seu papel como grandes atores dos mercados energéticos, a maioria dos países do GCC mantém relações de produtores parceiros com a Rússia. Riad e Moscou lideram a aliança Opep+, que controla rigorosamente a produção para conter os preços.

"Os países membros da Opep estão em uma situação diplomática difícil", porque a manutenção do acordo Opep+ "está claramente em primeiro plano em suas considerações", diz à AFP Ellen Wald, pesquisadora do grupo de reflexão Atlantic Council.

"Os países do Golfo têm medo de afetar essa relação e buscam manter a participação russa na Opep+ (...). Se a Rússia sair da aliança, o acordo provavelmente será derrubado", avalia.

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