Soldado caminha na fronteira entre Coreia do Norte e Coreia do Sul: Pyongyang retirou na terça-feira os 53.000 funcionários norte-coreanos que trabalham no polo industrial de Kaesong, localizado em seu território. (REUTERS/Lim Byong-sik/Yonhap)
Da Redação
Publicado em 10 de abril de 2013 às 19h30.
Seul - A Coreia do Sul e os Estados Unidos elevaram nesta quarta-feira o nível de alerta diante da "ameaça vital" representada pela Coreia do Norte, que estaria a ponto de executar um ou vários lançamentos de mísseis, coincidindo com o aniversário da data de nascimento do fundador do país, 15 de abril.
O comando integrado das forças americanas e sul-coreanas alterou de de 3 para 2 o nível de alerta - o nível 1 é sinônimo de guerra, o 4 equivale a tempos de paz - ao alegar uma "ameaça vital", informou uma fonte militar à agência sul-coreana Yonhap.
Um lançamento de míssil pode acontecer a "qualquer momento a partir de agora", afirmou o ministro sul-coreano das Relações Exteriores, Yun Byung-Se, no Parlamento. Ele advertiu Pyongyang que tal ato provocaria novas sanções da ONU.
O lançamento pode coincidir com a visita a Seul do secretário de Estado americano, John Kerry, e do comandante da Otan, Anders Fogh Rasmussen, que chegarão à capital sul-coreana na sexta-feira.
O regime norte-coreano, ignorando as advertências da China, sua vizinha e aliada, enviou na semana passada para sua costa leste dois mísseis Musudan, com um alcance teórico de 4.000 quilômetros, ou seja, capacidade para atingir a Coreia do Sul, o Japão ou a ilha americana de Guam.
A inteligência militar sul-coreana afirma que o Norte está disposto a efetuar um
disparo que poderia acontecer por volta de 15 de abril, dia do nascimento do fundador da República Democrática Popular da Coreia, Kim Il-Sung, morto em 1994.
O Japão também anunciou nesta quarta-feira que se encontra em "estado de alerta" para interceptar qualquer míssil que ameace o arquipélago. Na terça-feira, baterias antimísseis foram instaladas no centro de Tóquio e ao redor da capital.
O regime de Pyongyang, irritado com as novas sanções aprovadas pelo Conselho
de Segurança da ONU depois do teste nuclear de fevereiro e das atuais manobras militares conjuntas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, multiplicou nas últimas semanas as declarações bélicas e as ameaças.
Também incomodada com a reação de parte da comunidade internacional, que classifica as suas intimidações de pura retórica, a Coreia do Norte subiu o tom com ameaças de guerra termonuclear e aconselhou os estrangeiros a deixarem o país.
"Situação incontrolável"
A Coreia do Sul e seus aliados ocidentais questionam as verdadeiras intenções do jovem dirigente norte-coreano Kim Jong-Un, que ainda não completou 30 anos e sucedeu o pai, Kim Jong-Il, morto em dezembro de 2011.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, assegurou nesta quarta-feira de Roma que o nível de tensão era "muito perigoso". "Um pequeno incidente provocado por um cálculo errado ou um erro de julgamento pode criar uma situação incontrolável", disse Ban.
O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, também advertiu sobre o perigo de manobras militares na península coreana.
"Ninguém deveria assustar os demais com manobras militares e há muitas possibilidades de que a calma voltará", afirmou Lavrov, que participou nesta quarta-feira em Londres de uma reunião de ministros das Relações Exteriores do G8.
A Coreia do Norte já havia advertido aos países que têm missão diplomática em Pyongyang que não podia garantir sua segurança a partir de 10 de abril. Mas a União Europeia informou nesta quarta-feira que não deve evacuar suas legações diplomáticas em Pyongyang e Seul.
"Apesar das tensões atuais, que a Coreia do Norte tenta aumentar deliberadamente através de uma retórica agressiva, consideramos que a situação não justifica a evacuação", disse um porta-voz de Catherine Ashton, chefe da diplomacia da União Europeia.
Nesta quarta-feira, o mais importante posto de fronteira da China com a Coreia do Norte, em Dandong, estava fechado para os turistas, mas permanecia aberto para os negócios, segundo um funcionário da alfândega na cidade.
Pyongyang retirou na terça-feira os 53.000 funcionários norte-coreanos que trabalham no polo industrial de Kaesong, localizado em seu território. O acesso ao local está proibido aos sul-coreanos desde 3 de abril.