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Etanol precisa recuperar a competitividade, diz Unica

Segundo o diretor-executivo da entidade, Eduardo Leão, aprimorar o planejamento e a previsibilidade do mercado são passos fundamentais para atrair novos investimentos

Colheita mecanizada de cana: segundo setor, custo de produção do etanol aumentou 40% em cinco anos (EXAME)

Vanessa Barbosa

Publicado em 16 de agosto de 2011 às 19h37.

São Paulo – O Brasil possui hoje uma frota com mais de 27 milhões de veículos leves, que consomem anualmente 40 bilhões de litros de combustível, dos quais 45% são de etanol. Em 2020, o número de veículos rodando pelo país deve quase dobrar, chegando a 52,5 milhões. Para manter o atual percentual de participação no mercado de combustíveis, o setor de etanol vai ter que saltar de uma produção anual de 22 bilhões de litros para 47,8 bilhões no prazo de 10 anos.

“Se quisermos aumentar nossa participação para 60%, teremos então que triplicar a produção, o que vai exigir investimentos maciços”, afirma Eduardo Leão de Souza, diretor executivo da União das Indústrias de Cana-de-açúcar” (Unica). Hoje, durante o 12º Encontro Internacional de Energia, realizado pela Fiesp, em São Paulo, o executivo destacou o que considera ser o principal desafio para o setor: recuperar a competitividade.

Leão lembrou que a indústria de cana como um todo, mas principalmente o etanol, já teve seu momento de rei, o primeiro ao longo da década de 70, com o Proálcool, que estimulou a expansão da produção, e o segundo com a explosão das novas tecnologias, os carros flexfuel em 2005, sendo que o setor ostentava um crescimento de 10% ao ano desde 2000. Mas aí veio a crise financeira em 2008, que atingiu duramente pelo menos 1/3 dos produtores.

Com isso, os investimentos se redirecionaram para compra de empresas falidas e fusões. E a indústria, que vinha crescendo 10% ao ano, passou a crescer só 3%. Agora, diante das projeções de duplicação da frota de carros para os próximos dez anos, o setor tem a chance de voltar a crescer de forma sustentável. “Com um potencial tão grande de demanda, por que ainda não conseguimos atrais investimentos para novos empreendimentos?”, questiona o executivo.

O primeiro entrave apontado pelo diretor da Unica está relacionado à competitividade do etanol hidratado, em relação à gasolina. “Observamos que desde 2006, apesar de todas as oscilações no mercado externo, o preço da gasolina não sofreu alteração na bomba, se mantendo praticamente estável”, disse. “Mas no mesmo período de cinco anos, o custo de produção do etanol aumentou de 40%, reduzindo a taxa de retorno”.


Segundo Leão, para tentar solucionar essa “equação econômica que tem dificultado a atração de novos investimentos”, a Unica vem propondo ao governo algumas ações de curto e médio prazo. Na visão do executivo, de imediato é preciso aprimorar o planejamento e a previsibilidade do mercado de combustíveis por meio da adoção de mecanismos que reduzam a volatilidade de preços do etanol durante a safra e a entressafra.

“Sugerimos que as distribuidoras também participem do processo de planejamento da oferta de etanol, fazendo contratos antecipados para toda a safra, o que vai permitir maior previsibilidade da oferta”, afirma. A entidade também trabalha na criação de uma câmara tripartite que envolva o setor privado (produtores e distribuidores) e o governo em reuniões quinzenais para acompanhar a produção e oferta do biocombustível no mercado.

Entre as propostas de longa prazo, destacam-se a criação de incentivos e linhas de créditos para novos canaviais e projetos de inovação tecnológica para o setor, além de uma revisão da política tributária, que reconheça as externalidades sociais, ambientais e de saúde publica do setor de etanol. “Estamos falando na criação de uma Cide ambiental que beneficie principalmente os biocombustíveis renováveis e também da uniformização de ICMS, já que hoje existe uma disparidade muito grande de valor entre os estados produtores”, defendeu o executivo da Unica.

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“Se quisermos aumentar nossa participação para 60%, teremos então que triplicar a produção, o que vai exigir investimentos maciços”, afirma Eduardo Leão de Souza, diretor executivo da União das Indústrias de Cana-de-açúcar” (Unica). Hoje, durante o 12º Encontro Internacional de Energia, realizado pela Fiesp, em São Paulo, o executivo destacou o que considera ser o principal desafio para o setor: recuperar a competitividade.

Leão lembrou que a indústria de cana como um todo, mas principalmente o etanol, já teve seu momento de rei, o primeiro ao longo da década de 70, com o Proálcool, que estimulou a expansão da produção, e o segundo com a explosão das novas tecnologias, os carros flexfuel em 2005, sendo que o setor ostentava um crescimento de 10% ao ano desde 2000. Mas aí veio a crise financeira em 2008, que atingiu duramente pelo menos 1/3 dos produtores.

Com isso, os investimentos se redirecionaram para compra de empresas falidas e fusões. E a indústria, que vinha crescendo 10% ao ano, passou a crescer só 3%. Agora, diante das projeções de duplicação da frota de carros para os próximos dez anos, o setor tem a chance de voltar a crescer de forma sustentável. “Com um potencial tão grande de demanda, por que ainda não conseguimos atrais investimentos para novos empreendimentos?”, questiona o executivo.

O primeiro entrave apontado pelo diretor da Unica está relacionado à competitividade do etanol hidratado, em relação à gasolina. “Observamos que desde 2006, apesar de todas as oscilações no mercado externo, o preço da gasolina não sofreu alteração na bomba, se mantendo praticamente estável”, disse. “Mas no mesmo período de cinco anos, o custo de produção do etanol aumentou de 40%, reduzindo a taxa de retorno”.


Segundo Leão, para tentar solucionar essa “equação econômica que tem dificultado a atração de novos investimentos”, a Unica vem propondo ao governo algumas ações de curto e médio prazo. Na visão do executivo, de imediato é preciso aprimorar o planejamento e a previsibilidade do mercado de combustíveis por meio da adoção de mecanismos que reduzam a volatilidade de preços do etanol durante a safra e a entressafra.

“Sugerimos que as distribuidoras também participem do processo de planejamento da oferta de etanol, fazendo contratos antecipados para toda a safra, o que vai permitir maior previsibilidade da oferta”, afirma. A entidade também trabalha na criação de uma câmara tripartite que envolva o setor privado (produtores e distribuidores) e o governo em reuniões quinzenais para acompanhar a produção e oferta do biocombustível no mercado.

Entre as propostas de longa prazo, destacam-se a criação de incentivos e linhas de créditos para novos canaviais e projetos de inovação tecnológica para o setor, além de uma revisão da política tributária, que reconheça as externalidades sociais, ambientais e de saúde publica do setor de etanol. “Estamos falando na criação de uma Cide ambiental que beneficie principalmente os biocombustíveis renováveis e também da uniformização de ICMS, já que hoje existe uma disparidade muito grande de valor entre os estados produtores”, defendeu o executivo da Unica.

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