Estudo aponta que excisões e mutilações sexuais estão em queda na África
Segundo estimativas da Unicef, 200 milhões de mulheres e crianças em todo mundo foram sexualmente mutiladas
AFP
Publicado em 7 de novembro de 2018 às 11h52.
Última atualização em 7 de novembro de 2018 às 12h53.
Ainda generalizadas na África , as excisões e mutilações sexuais estão significativamente em queda entre crianças de 0 a 14 anos, graças às campanhas de conscientização e apesar das disparidades entre os países - aponta um estudo publicado na revista BMJ Global Health.
O estudo baseado em dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostra, por um lado, um declínio encorajador nessas práticas mutilantes na África Oriental (-7,3% por ano entre 1995 e 2014).
Por outro, a taxa de declínio dessas práticas é mais lenta no Norte da África (-4,4% ao ano entre 1990 e 2015) e na África Ocidental (-3% ao ano entre 1996 e 2017).
E, no Oriente Médio, houve um aumento (+13,7% entre 1997 e 2013). Neste caso, os estudos foram realizados em apenas dois países: Iraque e Iêmen.
Segundo estimativas da Unicef, 200 milhões de mulheres e crianças em todo mundo foram sexualmente mutiladas.
Os números disponíveis mostram que essas práticas são particularmente preocupantes na África e nos países do Oriente Médio, principalmente no Iraque e no Iêmen.
Os estudos também apontam para a existência dessas práticas na Índia, Indonésia, Israel, Malásia, Tailândia e Emirados Árabes Unidos. Devido à migração, regiões como a Europa e as Américas do Norte e do Sul não estão imunes.
Mais de 3 milhões de meninas na África correm risco de mutilação a cada ano.
Em alguns países - Mali, Mauritânia, Gâmbia, Guiné-Bissau, Djibuti e Sudão -, mais de 40% das crianças de 0 a 14 anos são submetidas à mutilação genital a cada ano.
O estudo apela para a manutenção de campanhas, com o objetivo de convencer as populações a abandonarem as práticas com consequências "devastadoras" em termos de saúde sexual e psicológica, assim como de torná-la um importante problema de saúde pública.
O declínio observado é uma boa notícia, mas é preciso cautela: pode haver uma subnotificação por parte de populações em países onde as mutilações são proibidas por medo de punição.
"É crucial que a abordagem puramente estatística seja acompanhada por uma análise precisa das mudanças de atitudes em relação à mutilação genital nesses países", argumenta Naana Otoo-Oyortey, chefe da associação Forward.
Além disso, a faixa etária considerada não inclui o intervalo de 15 a 19 anos, diz a Forward.