Washington - O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) quer contratar engenheiros, gerentes, juízes, médicos e tradutores para compor as bases de seu califado governado mediante o terror, mas também através de uma relativamente sofisticada estrutura burocrática.
Os jihadistas do EI ampliaram seu domínio territorial ao aproveitar o caos da guerra civil síria e brigas regionais dentro do Iraque até abranger uma área onde vivem cerca de oito milhões de pessoas, agora súditos de um grupo bem organizado e com uma ideia em mente: consolidar seu "dawla" (estado) islamita.
Sob o punho autoritário do autoproclamado califa Abu Bakr al Baghdadi, criou uma complexa estrutura administrativa com nove conselhos que redigem leis, organizam disputas, administram o orçamento de atividades de contrabando, recolhem impostos e operam o aparelho de propaganda da organização.
Após proclamar seu califado no final de junho, Baghdadi fez um apelo a muçulmanos de todo o mundo para que migrem para este território fora do controle dos governos de Síria e Iraque.
Em uma gravação, o "califa" dava as boas-vindas a especialistas em jurisprudência islâmica e a "todos aqueles com habilidades militares, de gestão, médicos e engenheiros de todo tipo".
A CIA calcula que o EI pode contar com até 31,5 mil combatentes, número que cresceu rapidamente em dois anos e ao qual os jihadistas tentam somar pessoal qualificado, às vezes atraindo simpatizantes estrangeiros, mas sobretudo mediante a coação ou o pagamento de salários a pessoas locais.
"O Estado Islâmico está começando a fornecer serviços públicos a modo de propaganda, como no caso da reparação de linhas elétricas", explica à Efe Aymenn Jawad al Tamimi, especialista em grupos extremistas sírios da Universidade de Oxford.
No Iraque, o EI fundou novas províncias, levantou sinais para marcar as fronteiras desses novos distritos administrativos, colocou controles de polícia e publica circulares para instaurar a ordem.
Há duas semanas, membros do EI começaram com sua cruzada pela ordem pública em uma "nova" província do Eufrates abordando problemas cotidianos: "Estão proibidas as frenagens bruscas", "motos não podem superar os 60 km/h e devem circular pela faixa da direita"; os que descumprirem essa diretriz terão suas motocicletas confiscadas.
Além de crucificar, degolar e realizar execuções maciças de soldados inimigos e civis, os jihadistas tentam ganhar o apoio dos habitantes dos territórios que governam impondo a ordem e melhorando alguns serviços, ao mesmo tempo que exigem o cumprimento estrito de preceitos islâmicos, sob pena de drásticos castigos.
"Operam de algum modo como um governo, têm uma estrutura complexa e funcionários, querem colocar raízes no território que ocupam, mas se financiam basicamente de atividades criminosas e ilegais", afirma à Efe Lori Plotkin, ex-analista da CIA e especialista do Washington Institute.
Com a intenção de manter vivo este experimento embrionário de um "estado" que se estende de Aleppo, na Síria, até os férteis vales do Tigre e do Eufrates no Iraque, o EI pôs a seu serviço engenheiros de usinas hidrelétricas e começou a operar no mercado negro do petróleo.
Esta semana, o subdiretor do Centro Nacional de Contraterrorismo dos Estados Unidos, Nick Rasmussen, reconheceu que o EI pode estar lucrando mais de um milhão de dólares por dia com a venda de petróleo, embora para alguns analistas o número possa ser até três vezes maior.
Especialista do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), o espanhol Juan Zárate explica à Efe que "esses números são conservadores, está claro que provavelmente há mais dinheiro que não foi detectado com a venda de petróleo".
Segundo Luay al Khatteeb, pesquisador da Brookings Institution, os islamitas estão vendendo entre US$ 25 e US$ 60 o barril, muito abaixo dos mais de US$ 100 do preço de mercado e criaram uma infraestrutura para transportar o líquido em caminhões-pipa e para conseguir colocá-lo no mercado internacional.
Plotkin lembra que o EI se transformou na "organização terrorista mais rica da história" com centenas de milhões de dólares em seu poder e que também estão lucrando dezenas de milhões de dólares com venda de tesouros arqueológicos, sequestro e extorsão.
Os Estados Unidos, juntos com seus aliados, enfrentam possivelmente a mais organizada e financiada organização jihadista da história, e seguramente também a melhor armada.
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1. O poder dos radicais
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1/22 (Reuters)
São Paulo -- Os jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (
EIIL) vêm exibindo uma variedade impressionante de armas. Muitas foram capturadas do próprio exército iraquiano, que os extremistas derrotaram em diversas batalhas no norte do país. Veja alguns equipamentos bélicos que já foram vistos em poder do EIIL.
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2. Tanques T-55
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2/22 (John Harwood / Wikimedia Commons)
Os T-55 são tanques russos que os extremistas teriam capturado das forças iraquianas. Seguem o desenho básico do T-54, tanque soviético desenvolvido logo após a Segunda Guerra Mundial. Há variantes do T-55 com mira a laser, controle de tiro computadorizado, sistemas avançados de radiocomunicação e armadura explosiva, que repele projéteis antitanques.
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3. Tanque M-1 Abrams
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3/22 (D. W. Holmes II / US Navy / Wikimedia Commons)
Os americanos já enviaram centenas de tanques M1 Abrams ao Iraque. Segundo
relatos, o EIIL teria capturado alguns deles. O Abrams pesa quase 70 toneladas e é movido por uma potente turbina a gás. É um tanque avançado, com uma rede de sensores que alimentam um computador de bordo capaz de calibrar os disparos com precisão.
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4. Canhão 59-1
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4/22 (Lance Lanham / US Army / Wikimedia Commons)
Há relatos de EIIL teria canhões do tipo 59-1, capturados do exército iraquiano. Trata-se da cópia chinesa de um canhão russo desenvolvido logo após a Segunda Guerra Mundial. O original tinha alcance superior a 27 quilômetros. Durante muitos anos, foi o canhão rebocável com maior alcance no mundo.
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5. Canhão antiaéreo ZU-23-2
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5/22 (Serge Serebro / Vitebsk Popular News / Wikimedia Commons)
O ZU-23-2 é um canhão antiaéreo duplo projetado no final da década de 1950 na União Soviética. Dispara balas de 23 milímetros de diâmetro a até 2,5 km de distância. Pode derrubar aviões e helicópteros ou atingir alvos terrestres. O exército iraquiano tem unidades fabricadas na Bulgária e na Polônia. Segundo relatos, algumas delas foram parar nas mãos do EIIL.
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6. Canhão antiaéreo tipo 65/74
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6/22 (Joe Mabel / Wikimedia Commons)
Um vídeo de propaganda do EIIL mostra um canhão antiaéreo que especialistas dizem ser uma arma chinesa tipo 65 ou 74 (o 74 é uma versão aperfeiçoada do 65). É um canhão de 37 milímetros com dois canos, derivado de um antigo projeto soviético. A versão original disparava 60 balas por minuto a até 8,5 km de distância.
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7. Mísseis terra-ar
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7/22 (US Army / Wikimedia Commons)
Combatentes do EIIL foram vistos com pequenos mísseis terra-ar conhecidos como MANPADS. Eles são disparados de um lançador tubular portátil, que é apoiado no ombro do soldado, e podem derrubar helicópteros voando baixo. Há inúmeras variantes dessas armas. Muitas não são guiadas, mas as mais avançadas são orientadas por raios infravermelhos ou por laser.
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8. Míssil antitanque Hongjian-8
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8/22 (Kizilsungur / Wikimedia Commons)
O míssil Hongjian-8 (ou HJ-8) é um projeto chinês dos anos 80. É fabricado na China e no Paquistão. O míssil é disparado de um lançador tubular e guiado por um fio até o alvo. É capaz de destruir as blindagens ativas de tanques, que usam explosivos para defletir projéteis. Tem sido usado ocasionalmente na guerra civil Síria.
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9. Lança-foguetes RPG-7
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9/22 (Kenneth Lane / US Marine Corps / Wikimedia Commons)
O lança-foguetes russo RPG-7 é uma das armas antitanque mais usadas no mundo. É apreciado no campo de batalha por ser confiável e relativamente fácil de usar. É disparado apoiado sobre o ombro do soldado. A munição é uma granada-foguete não guiada, capaz de atingir alvos a até 200 metros de distância.
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10. Metralhadora DShK
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10/22 (Erwin Franzen / Wikimedia Commons)
A DShK é uma peça de museu, mas é mortal. Foi desenvolvida pela União Soviética no final da década de 1930 e chegou a ser usada na Segunda Guerra Mundial. Essa metralhadora pesada dispara 600 balas de 12,7 mm de diâmetro por minuto. Segundo relatos, o EIIL teria algumas delas montadas em caminhões.
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11. Metralhadora M240
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11/22 (Eric Powell / US Navy / Wikimedia Commons)
A M240 é uma metralhadora de médio porte projetada na Bélgica e usada pelas forças armadas americanas desde o final dos anos 70. Dispara entre 750 e 950 balas por minuto e tem alcance de até 1,8 km. É comum vê-la montada em tanques e outros veículos de combate.
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12. Metralhadora M60
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12/22 (US Department of Defense / Wikimedia Commons)
A M60 é usada desde 1957 pelas forças armadas americanas. Mas é capaz de fazer estragos. Ela dispara mais de 500 balas (de 7,62 mm de diâmetro) por minuto e atinge alvos a mais de 1 quilômetro de distância. Em geral, é operada por dois ou três soldados. Enquanto um puxa o gatilho, os outros vigiam os alvos e municiam a arma.
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13. Fuzil M16
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13/22 (Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)
O M16, fuzil automático leve do exército americano, é uma das armas vistas nas mãos dos combatentes do EIIL. É derivado do AR-15, projetado em 1956. Estima-se que 8 milhões de unidades do M16 já tenham sido fabricadas. Dessas, 90% seguem em uso em mais de 80 países. Com 1 metro de comprimento, o fuzil pesa 4 kg e é capaz de matar alguém a mais de 500 metros de distância.
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14. Carabina M4
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14/22 (James Harper Jr. / US Army / Wikimedia Commons)
A carabina M4 é a versão mais curta (84 cm) e mais leve (3,4 kg quando carregada com 30 balas) do fuzil M16. Foi adotada pelo exército americano em 1994 e é muito usada para combate em áreas urbanas. Tem coronha telescópica, o que permite encolhê-la para 76 cm.
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15. Lança-granadas M203
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15/22 (Exército da Austrália / Wikimedia Commons)
O M203 é um lança-granadas que funciona acoplado sob o cano de um fuzil ou carabina. Ao invadir uma casa, por exemplo, o soldado pode disparar a granada para explodir a porta ou a parede e, depois, matar as pessoas com o fuzil. O acessório pesa1,36 kg.
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16. Caminhões MRAP
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16/22 (US Marine Corps / Wikimedia Commons)
Os chamados MRAPs (sigla de “mine-resistant ambush protected”, resistente a minas e emboscadas) são caminhões capazes de suportar explosões de minas e artefatos improvisados. Também resistem a tiros de armas leves. Foram extensamente usados para transporte de tropas durante a Guerra do Iraque. E parece que o EIIL conseguiu obter alguns.
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17. Carro blindado M113
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17/22 (Jason McCree / USAF / Wikimedia Commons)
O carro blindado M113 é outro projeto antigo. Foi muito usado em combates no Vietnã. Em conflitos mais recentes, como a Guerra do Iraque, foi empregado para transporte de soldados e feridos. É um veículo anfíbio com blindagem leve, capaz de resistir a tiros de armas de mão. Alguns são equipados com uma ou mais metralhadoras na parte superior.
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18. Humvees
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18/22 (Eric Harris / US Air Force / Wikimedia Commons)
O Humvee é a versão moderna do jipão militar. Pode carregar uma variedade de armas, como metralhadoras e lança-granadas. O exército iraquiano possui muitos desses veículos que também foram usados pelos americanos na região. O EIIL divulgou fotos de Humvees que o grupo teria apreendido e enviado à Síria.
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19. Uniformes high tech
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19/22 (Brandon Aird / U.S. Army / Wikimedia Commons)
O EIIL divulgou vídeos de soldados usando uniformes e coletes à prova de balas americanos. São roupas com proteções feitas de Kevlar KM2, um compósito extremamente resistente. Não se sabe quantas unidades os jihadistas possuem.
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20. Visão noturna
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20/22 (US Department of Defense / Wikimedia Commons)
Vídeos do EIIL também mostram soldados com dispositivos de visão noturna AN/PVS-7. Esses equipamentos, desenvolvidos nos Estados Unidos nos anos 80, amplificam a luz entre 30 mil e 50 mil vezes, permitindo que o soldado enxergue no escuro. Não se sabe quantas unidades estão nas mãos dos extremistas e nem se elas estão em condições de uso.
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21. UH-60 Black Hawk
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21/22 (Suzanne Jenkins / USAF / Wikimedia Commons)
Segundo alguns relatos, quando os extremistas tomaram o aeroporto de Mossul, no Iraque, havia helicópteros americanos Black Hawk lá. Nenhum foi visto voando depois da captura. É possível que tenham sido danificados. Mas alguns especialistas afirmam que eles não voam porque o EIIL não tem pessoas treinadas para pilotá-los.
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22. Agora veja uma amostra do poderio bélico americano:
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22/22 (US Air Force)