Nicolás Maduro: o presidente venezuelano e o parlamento pediram investigações sobre o pagamento de propinas realizado pela construtora no país (Marco Bello/Reuters)
EFE
Publicado em 14 de fevereiro de 2017 às 20h50.
Caracas - A Direção-Geral de Contrainteligência Militar da Venezuela realizou uma operação de busca e apreensão nos escritórios da Odebrecht em Caracas, depois de o presidente Nicolás Maduro e o parlamento terem pedido investigações sobre o pagamento de propinas realizado pela construtora no país.
O Ministério Público da Venezuela informou em comunicado que coordenou a ação com os agentes da contrainteligência. O objetivo da operação era "buscar obter elementos de interesse criminalístico", de acordo com a nota divulgada pelo órgão.
"A investigação visa determinar se as obras para as quais a companhia foi contrata estão afetadas ou não, além de determinar qual seria o destino do dinheiro cancelado pelas mesmas, e para corroborar se alguns funcionários públicos de beneficiaram dessas negociações", indicou o comunicado.
Ontem, a Assembleia Nacional, controlada pela oposição, debateu o pagamento de propina a funcionários do governo venezuelano pela Odebrecht. Após a Justiça ter sido convocada a atuar, os parlamentares convocaram Maryorie Garboza Ceballos, representante legal da construtora no país, a ser ouvida no Congresso.
O deputado de oposição Juan Guaidó afirmou que o envolvimento de funcionários do governo no escândalo é "óbvia" e garantiu que a Assembleia Nacional vai revelar o maior caso de corrupção da história da Venezuela.
"Se a intenção dessa operação (de busca e apreensão) é deter responsáveis deste grave caso, eles contarão com a determinação da Assembleia Nacional", completou o deputado.
No domingo, Maduro expressou apoio ao Ministério Público, que tinha anunciado uma investigação sobre o caso em janeiro, e exigiu "mão firme" contra os eventuais responsáveis pela corrupção.
Em dezembro do ano passado, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos revelou documentos nos quais a Odebrecht admitia ter pagado US$ 788 milhões em propinas em 12 países da América Latina e na África. Na Venezuela, o montante gira em torno de US$ 98 milhões para que a construtora ficasse com contratos de obras públicas.
Alguns dos projetos não foram concluídos, e o governo do país anunciou uma nova injeção de recursos e um plano para terminar os trabalhos com mão de obra local. EFE