Em pleno caos econômico, Argentina é paralisada por greve geral
Greve deve durar 24 horas e coincide com o dia do discurso de Macri na Assembleia Geral da ONU, em Nova York
AFP
Publicado em 25 de setembro de 2018 às 10h22.
Última atualização em 25 de setembro de 2018 às 11h11.
As grandes centrais sindicais paralisam a Argentina , nesta terça-feira (25), com uma greve geral de 24 horas, convocada no momento em que o presidente do país, Mauricio Macri, está em Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU e se reunir com investidores para tentar transmitir confiança.
Com os dados macroeconômicos em situação preocupante, especialmente a inflação, que deve superar 40% em 2018, e o Produto Interno Bruto (PIB), calculado em -2,4% para o fim do ano, os sindicatos paralisam nesta terça-feira os transportes públicos, o tráfego aéreo, o transporte de carga terrestre, os bancos e a administração pública, incluindo escolas e hospitais.
Esta é a segunda paralisação geral desde que o governo Macri assinou em junho um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) por 50 bilhões de dólares, dos quais o país já recebeu 15 bilhões, mas que espera poder ampliar para um valor superior.
O movimento foi convocado como uma greve sem manifestações, mas, na segunda-feira, dezenas de milhares de pessoas saíram em passeata em Buenos Aires até a Praça de Maio para repudiar as medidas de austeridade e o acordo com o FMI.
"Mauricio Macri deixou de governar a Argentina, cada medida que toma precisa consultar com o FMI", afirmou Joaquín Noya, um dos manifestantes que seguiram até a Casa Rosada, sede da presidência.
A taxa de desemprego segue em alta, com 9,6% no segundo semestre, e o índice de pobreza que será anunciado esta semana deve interromper a tendência de queda: ao final de 2017 era de 25%.
A greve de 25 de junho provocou perdas de 29 bilhões de pesos, na época o equivalente a um bilhão de dólares.
Macri, um liberal de centro-direita, insiste em que a Argentina não pode gastar mais do que produz e tem o objetivo de alcançar um déficit primário zero em 2019. Para concretizar a meta, ele precisa que o Congresso, onde não tem maioria, aprove o projeto de orçamento apresentado na semana passada.
A pressão dos sindicatos, que exigem ajustes salariais de acordo com a inflação, é um dos principais obstáculos.
A greve coincide com o dia do discurso de Macri na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
O presidente argentino aproveita a viagem, na qual está acompanhado do chanceler Jorge Faurie e do ministro da Economia, Nicolás Dujovne, para se reunir com investidores e transmitir uma mensagem de confiança.
Em uma entrevista ao canal Bloomberg, Macri afirmou na segunda-feira que o novo acordo com o FMI está próximo e "oferecerá mais confiança ao mercado".
"Vamos ter mais apoio do FMI. Não posso dizer quanto, porque estamos negociando", disse o presidente.
Economia emergente que mais sofreu este ano, com uma desvalorização de 50% de sua moeda desde janeiro, a Argentina precisa conter a fuga de capitais em um contexto internacional volátil.