Em meio às tensões envolvendo Ortega, Nicarágua marca Revolução Sandinista
Condenação internacional contra Ortega cresceu por conta de seu envio de polícia e forças paramilitares para dissipar agitações, que resultou em 300 mortos
Reuters
Publicado em 19 de julho de 2018 às 20h30.
Managua - Nicaraguenses marcaram o aniversário da Revolução Sandinista nesta quinta-feira, apesar de meses de repressão sangrenta a manifestantes opostos ao presidente Daniel Ortega, com críticos comparando cada vez mais o ex-rebelde com o ditador deposto em 1979.
Condenação internacional contra Ortega cresceu acentuadamente na última semana por conta de seu envio de polícia e forças paramilitares aliadas para dissipar as agitações, resultando em quase 300 mortos e muitos feridos desde que protestos começaram, há três meses.
A violência marca a crise mais severa enfrentada pelo socialista de 72 anos desde a guerra civil na década de 1980, quando ele combateu os rebeldes "Contra", apoiados pelos Estados Unidos. Atualmente cumprindo seu terceiro mandato após vencer a eleição de 2016, Ortega resiste a pedidos de renúncia e de eleições antecipadas.
"O povo já não está mais com Ortega", disse Arlene Correa, perto da entrada da notória prisão El Chipote, localizada na capital do país e um dos principais locais usados para tortura de dissidentes durante a ditadura de direita de Anastasio Somoza, que foi derrotado por rebeldes sandinistas há quase quatro décadas.
"Ele parece mais e mais com Somoza com as violações de direitos humanos e assassinatos", disse Correa, cujo pai foi acusado de apoiar as manifestações e foi detido nesta semana em Chipote, que durante os protestos recentes se tornou novamente um local de detenção de ativistas rebeldes.
Ortega venceu reeleição no final de 2016 com 72 por cento dos votos, mas uma pesquisa de opinião feita em maio pela CID Gallup mostrava que seus índices de aprovação haviam caído para 29 por cento.