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EI cometeu crimes de guerra e contra a humanidade, diz ONU

Os jihadistas do Estado Islâmico cometeram crimes de guerra e contra a humanidade, segundo um relatório das Nações Unidas


	Jihadista do Estado Islâmico agita a faca momentos antes de executar jornalista
 (Ho/AFP)

Jihadista do Estado Islâmico agita a faca momentos antes de executar jornalista (Ho/AFP)

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Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2014 às 10h39.

Genebra - Os jihadistas do grupo Estado Islâmico cometeram crimes de guerra e contra a humanidade, segundo um relatório das Nações Unidas publicado nesta quinta-feira.

O documento também denuncia o comportamento das forças governamentais iraquianas.

Segundo o representante especial do secretário-geral da ONU para o Iraque, Nickolay Mladenov, existe um número surpreendente de violações dos direitos humanos no norte iraquiano.

O texto, de 29 páginas, analisa fatos ocorridos entre 6 de julho e 10 de setembro.

"O alcance das violações dos direitos humanos e dos abusos realizados pelo EI e os grupos armados associados é surpreendente, e muitos desses atos podem podem ser considerados crimes de guerra e crimes contra a Humanidade", afirma também o Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos, o jordaniano Zeid Ra'ad al Hussein.

"Essas violações aos direitos humanos, aparentemente sistemática e estendidas, incluem ataques diretos contra civis e infraestruturas civis, execuções, além de assassinatos de civis, sequestros, estupros e outras formas de agressões sexuais e físicas contra mulheres e crianças, e o recrutamento forçado de crianças", indica o relatório, elaborado com ajuda da Missão da ONU no Iraque (UNAMI) e o Alto Comissariado dos Direitos Humanos.

Segundo o estudo, etnias e grupos religiosos iraquianos são atacados de forma intencional e sistemática para que sejam eliminados das zonas controladas pelo EI.

"O relatório é aterrador", enfatiza Mladenov.

O documento enumera também as violações por parte das forças governamentais iraquianas e grupos armados afins.

São citados os ataques aéreos e bombardeios da artilha, que não levam em conta os princípios de distinção e proporcionalidade estabelecido pelo direito humanitário internacional.

Os autores do estudo pedem a Bagdá que faça sua adesão ao Estatuto de Roma, o que permitirá que o Tibunal Penal Internacional (TPI) possa julgar esses crimes.

Segundo um balanço da UNAMI, ao menos 9.347 civis morreram de forma violena no Iraque durante 2014, e 17.386 ficaram feridos. Mais da metade dessas cifras se deve à ofensiva lançada em junho pelo EI.

Pelo menos 1.119 iraquianos foram mortos em todo o país em setembro, de acordo com o balanço, que não inclui as vítimas da província de Al-Anbar (oeste) nem aqueles que foram mortos nas fileiras dos jihadistas.

A UNAMI apresentou um saldo de pelo menos 854 civis e 265 membros das forças de segurança mortos no mês passado. Também ficaram feridas cerca de 2.000 pessoas.

O saldo é menor do que os registrados em julho e agosto (1.737 e 1.420, respectivamente), que também não incluíam a província de Al-Anbar.

Nesta província ocorreram alguns dos episódios mais violentos em setembro, com ataques jihadistas contra bases militares, onde centenas de pessoas poderiam ter morrido.

Acredita-se ainda que muitos mortos não foram registrados e que há centenas de pessoas desaparecidas em todo o país.

O Iraque enfrenta uma forte ofensiva liderada pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que assumiu o controle de muitos territórios, cometendo várias atrocidades.

A UNAMI indica que não tem sido capaz de contar os mortos por razões ligadas à violência, à falta de água, alimentos e medicamentos, especialmente entre os desabrigados.

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